Na última semana, o governador Jorginho Mello (PL) enfrentou uma verdadeira maratona para divulgar o balanço dos seus primeiros seis meses de gestão. Confiante nos resultados alcançados, Jorginho concedeu entrevista à Pelo Estado falando sobre suas principais ações.
Pelo Estado – Foi apresentado um balanço destes primeiros seis meses de gestão. Como o senhor avalia este período? Correspondeu às suas expectativas?
Jorginho Mello – Fizemos em 6 meses coisas que ninguém conseguiu fazer tão rápido. O programa Universidade Gratuita é o melhor exemplo. Pra você ter uma ideia, a USP tem 59 mil alunos na graduação. É hoje a maior universidade pública do país. Quando chegarmos em 2026, o Universidade Gratuita terá 89 mil estudantes se especializando para entrar no mercado de trabalho como profissionais de referência em todas as regiões catarinenses. Todas as inovações de suas áreas que eles aprenderem, serão obrigados a devolver no serviço público como contrapartida pelo curso custeado pelo governo. Não dá nem pra dimensionar ainda todos os benefícios que Santa Catarina vai ganhar com tantos jovens talentosos ingressando no mercado e ajudando o serviço público a ser mais eficiente e a atender melhor o povo.
PE – Quais foram os principais desafios encontrados neste período?
JM – O fato de termos encontrado todo o sistema de Saúde do governo na UTI. Os hospitais que deveriam estar sendo administrados pelo Estado foram deixados completamente abandonados. Foi vendida uma ilusão de um elefante branco que seria o hospital dos sonhos e ficaria pronto em 2030 ou 2040. Enquanto isso, nossos hospitais que existem de verdade, que atendem os catarinenses todos os dias, foram deixados mofando e apodrecendo, cada dia um equipamento novo quebrado, a cada chuva uma cachoeira nova no telhado. Tivemos que fazer um decreto de situação emergencial para consertar tantos estragos. Aos pouquinhos nossos hospitais vão saindo dos aparelhos e voltando a atender a população com a qualidade que Santa Catarina merece. Faltava gestão, e isso que estamos entregando agora. Vou dar o exemplo do Hospital Infantil. Eu fui lá de surpresa no Corpus Christi. Todas as emergências eram atendidas exemplarmente, mesmo com as dificuldades estruturais que eles classificam como pacientes vermelhos e amarelos. O verde ficava formando a fila por não ser urgente. Arrumamos as salas e colocamos os médicos residentes para atender também. Está resolvendo. Basta olhar os problemas de verdade.
PE – Quais serão as prioridades do Governo de Santa Catarina para os próximos anos?
JM – O mais importante é que estamos levando os problemas reais de Santa Catarina a sério. A eleição mostrou que os catarinenses estavam cansados de promessas vazias, de obras que surgiam e ficavam só na manchete do jornal. O governo não tem como inventar dinheiro, ele tem um orçamento e precisa aplicar nas obras que cada cidade sinaliza como prioridade. Nas secretarias, montamos um time que só tem Pelés. E essa equipe está entregando os projetos que nós projetamos no nosso plano de governo. No ensino superior já conseguimos dar uma resposta efetiva, agora vamos focar nas melhorias para a educação básica e o ensino médio, em especial com a ampliação de vagas para o ensino profissionalizante. Na Saúde, o mutirão está avançando e a Carmen nunca trabalhou tanto, e olha que ela sempre foi trabalhadeira. Está colocando a casa em ordem. Nossa meta é que ninguém espere mais do que três meses por uma cirurgia eletiva. Temos também quase todos os indicadores de criminalidade em queda, com um foco especial de trabalho agora para controlar o número de homicídios, em especial na região Norte. A prioridade é arrumar a casa. O passo seguinte é mostrar pro Brasil e pro mundo como Santa Catarina é diferenciada e única, que atinge níveis de excelência como os países europeus. Nesses últimos anos o catarinense tava amuadinho, sem ter essa confiança. Agora temos uma gestão com o compromisso de valorizar Santa Catarina, de destacar os nossos pontos fortes, de ajudar o nosso empreendedor a investir ao invés de complicar.
PE – Quais pontos o senhor considera que são mais críticos em sua gestão?
JM – Não gosto de ficar olhando pro retrovisor, mas nesse caso é complicado não fazer. Pedi ao secretário da Fazenda, o Cleverson, para ele fazer uma análise histórica das contas do governo de Santa Catarina e ele fez muito mais que isso, ele fez uma tomografia dos últimos dez anos, analisando todos os aspectos da economia. Qual o problema em 2023? A fonte 100, principal conta que paga quase tudo do governo, estava no cheque especial devendo mais de 100 milhões, somando tudo que estava prometido e comparando com o previsto na arrecadação, só faltava R$ 2,8 bilhões para fechar as contas. E isso sem gastar 1 real a mais em qualquer outra área. Por isso tivemos que agir rápido e lançamos o Plano de Ajuste Fiscal de Santa Catarina (Pafisc), segurando os gastos em quase todas as pontas para fazer esse ajuste. Só as secretarias da Saúde e Educação que mantiveram 100% do orçamento disponível nesse primeiro momento. Estamos monitorando o cenário da economia, e os bloqueios nos valores vão sendo liberados com a melhoria da arrecadação, o que vem acontecendo com esses nossos esforços.
PE – Sobre o programa de zerar as filas de cirurgias eletivas em seis meses, infelizmente, vimos que não foi possível concluí-lo neste tempo. A que o senhor atribui este atraso e como o senhor vê hoje a saúde do Estado?
JM – Avançamos sim, mas precisamos avançar mais. A gente queria já ter conseguido zerar essa fila de espera, mas nos deparamos com os hospitais estaduais caindo aos pedaços. Estamos fazendo parcerias com os hospitais filantrópicos enquanto consertamos os nossos para avançarmos ainda mais rápido com o mutirão neste segundo semestre do ano. Mas vai perguntar pra um paciente que saiu da fila de oncologia se o mutirão está atrasado. Zeramos os exames e cirurgias para pacientes com câncer, que são os que precisam ser atendidos o mais rápido possível pela Saúde, zeramos a fila de cateterismo infantil, que também é emergencial, e zeramos as cirurgias oftalmológicas. Temos em paralelo um mutirão de exames. E milhares de outras pessoas vão entrar na fila. Isso é normal. Nossa obrigação é atender elas dentro de um prazo razoável. O absurdo era o que vinha acontecendo, deixá-las anos esperando sem uma resposta do governo.
PE – Como o senhor avalia as mudanças no projeto original do programa Universidade Gratuita? Qual a previsão para início da concessão das bolsas para os estudantes?
JM – Primeiro, quero dizer uma outra coisa sobre o Universidade Gratuita. Poder ajudar as famílias a terem seu filho na universidade é um sonho que realizo dentro de outro sonho, o de ser governador do Estado. Agora sobre a pergunta, o papel da Assembleia Legislativa é exatamente esse. Os deputados foram eleitos para avaliar os projetos de lei e encaminhar o que consideram ser as melhorias. Tivemos muito diálogo com o Legislativo desde o início, eu conheço todos os líderes da Casa, até porque já fui presidente da Alesc. Esse trabalho conjunto do governo com a Assembleia permitirá aos catarinenses já terem acesso ao programa Universidade Gratuita, na rede da Acafe, e ao Fumdes, com mais bolsas de estudo nas faculdades privadas, a partir desse segundo semestre de 2023, provavelmente, setembro. Eu vou fazer a sanção da lei no dia 1° de agosto, com a presença dos deputados estaduais em um grande evento para comemorarmos esse avanço para Santa Catarina.
“O mais importante é que estamos levando os problemas reais de Santa Catarina a sério”
PE – Quais as expectativas do Governo de Santa Catarina sobre a Reforma Tributária que vem sendo desenhada pelo Governo Federal e como está sendo estruturada a “reforma tributária catarinense”, que o senhor já chegou a citar outras vezes? Já houve alguma mudança?
JM – Não houve um único dia de minha trajetória como congressista em que não tenha saído em defesa de uma Reforma Tributária. Mas não a que vimos sendo votada na Câmara. A luta continua. A matéria vai para o Senado e continuaremos tentando frear pontos absurdos que prejudicarão nosso Estado. O potencial impacto negativo para os catarinenses foi reconhecido por 11 dos 16 deputados federais catarinenses que votaram contra a proposta. A mudança do sistema tributário brasileiro é necessária, mas a reforma aprovada pela Câmara dos Deputados está longe do ideal. Não tivemos o encaminhamento que queríamos. Na verdade, houve retrocesso em relação aos pleitos de Santa Catarina e de outros Estados.
PE – Como vem caminhando o programa Santa Catarina Levada a Sério e quais os progressos feitos até agora?
JM – A gente tá na reta final do Programa Santa Catarina Levada a Sério + Perto de Você. Já visitamos 17 associações e falei com 243 prefeitos numa conversa olho no olho com cada um. Vão ser 18 a partir dessa semana porque vamos fazer a da GRANFPOLIS. Eu e minha equipe já fizemos um mapeamento das obras já licitadas e as obras em andamento. Na reunião com o prefeito, eu digo o que vamos ter de investimentos do estado, os projetos que precisam de revisão de valor ou até mesmo o aporte financeiro para novos projetos apresentados pelo município. É no município onde os problemas acontecem, por isso decidi percorrer todas as regiões para estar mais perto do catarinense. Agora no começo de agosto a gente finaliza essas visitas às 21 associações dos municípios e eu vou ter sentado para conversar pessoalmente com todos os 295 prefeitos de Santa Catarina.
PE – Porque o Governo do Estado optou por manter o funcionamento das escolas cívico militares?
JM – Liderar pelo exemplo é a melhor forma de inspirar melhorias no conjunto como um todo. E eu acredito muito no exemplo que a nossa polícia passa para as futuras gerações: de honra, de retidão, de reconhecimento pelo mérito e pelas boas ações. Não é à toa que a Polícia Militar de Santa Catarina é a mais admirada do Brasil. Seria uma perda muito grande para o Estado esse modelo que entrega ótimos resultados educacionais por causa de uma briga política. Se é bom para Santa Catarina, independente do que pensa ou faz o governo federal, nós vamos manter aqui para beneficiar os catarinenses.
PE – Santa Catarina é um dos estados com maior número de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e o senhor, inclusive, foi apoiado por ele em sua campanha ao governo. Como o senhor vê a decisão que o tornou inelegível pelos próximos oito anos?
JM – O que a Justiça decide a gente respeita,mas eu acredito que isso só vai deixar o homem ainda mais forte. Hoje o Bolsonaro tem o potencial de ser o maior cabo eleitoral nas duas próximas eleições e eu sei que ele vai percorrer o país todo mostrando essa força, liderando a direita brasileira.
Produção e edição: ADI/SC – Jornalista Celina Sales com colaboração de Cláudia Carpes.