Pelo Estado entrevista Marilisa Boehm, Vice-governadora de Santa Catarina

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Atualizado há 9 meses

No Dia Internacional da Mulher, o Governo do Estado lançou editais para apoiar empreendedoras e pesquisadoras. As mulheres catarinenses poderão acessar até R$ 5 milhões para fomentar projetos nas áreas de empreendedorismo, ciência, tecnologia e inovação. E este é só um dos projetos que o governo de Santa Catarina está desenvolvendo em prol das mulheres.

A Coluna conversou com a vice-governadora, Marilise Boehm, sobre as ações desenvolvidas pelo Estado em defesa da mulher.

Marilisa Boehm Vice-governadora de Santa Catarina
Foto: Richard Casas/GVG

 Pelo Estado – A senhora está bem posicionada em relação às pautas femininas e em defesa dos direitos da mulher catarinense. Durante o período em que esteve como governadora, participou de uma série de eventos e realizou diversas ações neste sentido. Pode nos falar um pouco sobre como é ser uma mulher no “comando” e ter a chance de lutar tão efetivamente por esta causa?

Marilisa Boehm – Ter mulheres em cargos de liderança, em qualquer área, é algo muito importante. Assim, comprovamos na prática que não somos melhores nem piores do que os homens, pois todo ser humano é capaz de exercer qualquer função, desde que tenha se preparado. Fui delegada de Polícia em uma época em que a profissão era massivamente ocupada por homens. Foi necessário enfrentar preconceitos e, junto com a equipe que estava ao meu lado, incluindo mulheres e homens, mostrar competência e que o mundo precisava mudar. No meu trabalho como vice-governadora, trago a experiência daquela fase. É algo que facilita para mostrar às mulheres que podemos, sim, estar nestes cargos. Todos os dias tenho mais certeza de que poder lutar pela defesa das mulheres e incentivar o empreendedorismo feminino é algo necessário e que precisa ser feito cotidianamente.

 PE – Neste mês de março, as Polícias Militar, Civil e Científica de Santa Catarina estão realizando a Operação Átria, que tem o objetivo de desenvolver ações de polícia ostensiva com foco na proteção da mulher. E este é um exemplo somente. Mas como o Estado vem trabalhando na defesa e proteção da mulher?

Marilisa Boehm – A segurança das mulheres, mas também de toda a população, é uma prioridade para o governador Jorginho Mello e minha. Além da Operação Átria, o Estado permanece vigilante e atuante com investimentos na infraestrutura, equipamentos e viaturas das polícias Militar, Civil e Científica, além do Corpo de Bombeiros, e no treinamento das mulheres e homens que integram as forças de Segurança em Santa Catarina. Isso já permitiu, conforme dados da Secretaria de Estado da Segurança, a diminuição em nove dos 11 índices de violência em território catarinense. A questão da violência doméstica caiu 7,1% no último mês de janeiro em relação ao mesmo período no ano anterior. Obviamente, isso é um começo. A prevenção e o combate à violência contra a mulher e aos feminicídios não pode parar e vamos dar continuidade ao trabalho, como estamos fazendo, por exemplo, com as Salas Lilás, que são espaços reservados nas delegacias exclusivamente para receber as mulheres, com atendimento humanizado. O estado contava com apenas quatro em 2022, mas aumentamos para 20 no ano passado e pretendemos fechar 2024 com 65.

PE – Recentemente, durante sua participação no Comac SC, a senhora falou sobre o papel da mulher na política e revelou que entrar neste meio foi a forma que encontrou para ser ouvida. Na sua opinião, o cenário hoje mudou e a mulher tem mais voz dentro da sociedade?

Marilisa Boehm – Sem dúvida. É algo consolidado tanto pela própria participação de mais mulheres na política, que aumenta a cada eleição, quanto pela imprensa, outro setor que antes sempre foi muito masculina mas que, todo ano, tem mais mulheres. E o trabalho de vocês é fundamental para levar nossa mensagem e abrir os olhos de todas as mulheres, para que elas tenham a certeza de que têm voz e vez.

PE – E qual seria o papel da mulher na política?

Marilisa Boehm – Tanto no Legislativo quanto no Executivo, com o apoio do Judiciário, temos a responsabilidade de ampliar e manter o debate sobre o assunto. É nossa responsabilidade criar políticas públicas para dar voz, espaço, saúde e futuro para todas as mulheres.

PE – O Governo do Estado anunciou que irá investir em projetos catarinenses de pesquisa, tecnologia e inovação liderados por mulheres. Qual a importância deste incentivo e qual a necessidade de desenvolvimento do empreendedorismo feminino?

Marilisa Boehm – Essa é uma política de Estado de fundamental importância não só para as mulheres, mas para toda a sociedade. Incentivando pesquisadoras e empreendedoras nós garantimos que Santa Catarina terá um número ainda maior de empresas e indústrias. E desenvolver o empreendedorismo feminino significa ter, além disso, mais mulheres independentes, com capacidade para criar o sustento próprio e de suas famílias, gerando empregos e renda.

PE – A senhora está coordenando um grupo formado por secretárias de Estado, adjuntas e outras mulheres líderes de 16 setores do governo para criar ações permanentes voltadas às mulheres de Santa Catarina. Como está este projeto?

Marilisa Boehm – Quando reuni as gestoras de secretarias e outros setores do Governo do Estado ficou claro para nós que várias áreas já tinham iniciativas voltadas às mulheres. Mas era necessário unificar tudo, até para evitar repetição e dar maior amplitude a estas políticas. Assim, decidimos fazer isso e já prevendo a inclusão de futuras ações que vierem a ser criadas. Tudo será coordenado, para que cada área conheça os exemplos existentes e, se possível, adaptar procedimentos vitoriosos de outros setores. Nossa intenção é ir além do chamado “Mês da Mulher”, pois esta é uma ação que precisa ser colocada em prática durante todo o ano.

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