Gerson Hilário Andrucho dividiu boa parte do seu tempo entre a sala de aula e o empreendedorismo. Conseguiu dar voz e vez para ambos, e agregar experiência profissional para um futuro em que pudesse somar as duas áreas.
Natural de Porto União, o filho caçula do seu Hilário, que era marceneiro e da comerciante Catarina, Gerson afirma que cresceu sob influências positivas entre honestidade e trabalho. Quando menino, ele dividiu a atenção dos pais com as irmãs Marli e Marlene. Hoje, todo o aprendizado da infância é compartilhado com os filhos Guilherme e Fernanda.
Ao lado da esposa Leslie, conquistou um espaço no ramo comercial o no Vale do Iguaçu. Desde 1997, é conhecido também na região por conta dos Sorvetes Bomliê, situado em Porto União. Das várias situações por ele vivenciadas profissionalmente, foi no ramo do sorvete que o seu coração falou mais alto.
Uma pesquisa realizada pela Mintel, uma empresa de inteligência de mercado, o ramo de sorvetes deve apresentar expansão de até 81%. Isso significa que o faturamento do mercado de sorvetes no Brasil deve atingir R$ 13,9 bilhões, com volume médio de 799 milhões de litros. A estimativa havia sido apresentada no ano passado. Dados de 2017 revelam que no Brasil devam existir aproximadamente oito mil empresas atuando no setor de sorvetes.
Confira a entrevista na integra:
Jornal O Comércio (JOC): Sorvetes Bomliê, como tudo começou?
Gerson Hilário Andrucho (GHA): A Leslie, minha querida esposa, também atuava no comércio quando nos conhecemos. Hoje ela também é formada em psicologia. Minha família sempre me apoiou, desde menino, como por exemplo, uma de minhas irmãs na área do magistério, meus pais no ramo do comércio. Fui influenciado positivamente por eles, tanto no ramo empresarial quanto no magistério. Atualmente a minha esposa e filhos também exercem forte influência na minha vida. Tenho dito que a principal iniciativa empreendedora veio de minha mãe. Foi no bairro São Pedro, em Porto União, que ela constituiu a sua sorveteria e que recebeu o nome de uma das minhas irmãs, a Marlene. Tempos depois, a Bomliê começou lá, no mesmo bairro. Por conta do espaço ter ficado pequeno, em 2008 almejamos novas instalações para melhor abrigar o público. Eu iniciei os meus estudos na Escola de Educação Básica Germano Wagenfuhr e depois no Colégio São José. A graduação em Administração aconteceu na Uniuv, a antiga Face, e depois a pós-graduação na Unicentro. Eu posso dizer que eu tive sorte ao ter uma mãe que tinha uma atividade comercial em que eu poderia ajudar. O meu pai da mesma forma. Ele trabalhava em uma marcenaria na rua Sete de Setembro, e eu ia com ele. Eu não lembro da minha idade, mas eu era pequeno. O meu pai me colocava dentro de uma caixa bagageira na bicicleta e eu ia dentro dela, deitado ali. Tive experiências incríveis. Comecei a trabalhar cedo e aprendi muito com isso. Não deixei de brincar, de estudar, porém tive a sorte de estar com uma família maravilhosa.
JOC: É arriscado o mercado de sorvete, como por exemplo durante o inverno?
GHA: Atendemos também outras sorveterias na região e nenhuma delas fecha no inverno; elas se mantém. É claro que acontece a queda nas vendas, mas se mantém e explodem em vendas no verão. A minha família sempre acreditou no potencial econômico do Vale do Iguaçu.
JOC: A sorveteria era um sonho da sua mãe?
GHA: Sim, foi ideia dela, porém o meu pai sempre esteve junto. Eu vou resumir. O meu pai com o irmão dele abriram um armazém chamado Santa Catarina. Eu era criança. No entanto, eles não lograram êxito no empreendimento vindo a fechar as portas. Na ocasião, a minha mãe chegou para o meu pai e disse para não se preocupar. Ela agiu de maneira silenciosa para ajudá-lo. A minha mãe fez um empréstimo com uma amiga e reabriu o armazém. Ela sempre foi empreendedora. Foi então que o sorvete artesanal nasceu ali. Era uma receita totalmente diferente. Então, eu sempre tive o sonho de montar um empreendimento. Após deixar um emprego em uma agência bancária da cidade, em 1995 decidi montar algo para mim e para a minha família. Eu fazia sorvete com a minha mãe e falava que um dia eu teria uma fábrica de sorvete. Percebi então que todo o sonho é possível de se tornar realidade.
JOC: O que significa Bomliê?
GHA: É uma homenagem à minha querida esposa, a Leslie. Estava tentando compor um nome e escolhi ‘bom’ e um trecho do nome dela. Muitos questionam sobre o nome da empresa (risos). Uma vez, há uns dez anos, um turista apareceu na sorveteria e questionou se o nome era francês. Eu disse que era uma homenagem. Então ele falou que se tratava de uma palavra francesa e que significava ‘um bom lugar’.
JOC: Quais os planos?
GHA: Estou aposentado no magistério, após 38 anos de atuação. Pretendemos ampliar o empreendimento (Bomliê) e apresentar um Food Park, que é um formato de negócio gastronômico que vem ganhando espaço no Brasil.