INCÊNDIO NA 38: Irmãs narram drama familiar

Marina e Júlia, contam com exclusividade ao Portal Vvale, como era a convivência com o pai, principal suspeito por colocar fogo na casa onde moravam

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Atualizado há 6 anos

(Foto: Jair Nunes).
(Foto: Jair Nunes).

Depois do incêndio que consumiu a casa da família Spak, no sábado, 22, o sentimento das filhas é de desolação. Na casa moravam a costureira Simone Leandro e sua filha Júlia Gabriele. A segunda filha, Marina, reside em São Paulo.

A casa fica na Rua Ernestina de Oliveira, 38, próxima da empresa Pormade. Marina e Júlia contaram com exclusividade ao Portal Vvale que a motivação do incêndio, teria sido passional.

As irmãs lamentaram a perda de todas as suas lembranças e bens materiais. Ninguém ficou ferido e o ato está sendo investigado pela polícia.

O que dizem as filhas

Julia tem 19 anos, é estudante de Publicidade e Propaganda e trabalha em uma empresa na área de comunicação. Marina mora atualmente em São Paulo, é esteticista e tem 25 anos. Supostamente, o culpado de atear fogo na residência, segundo elas, é o próprio pai. Elas relatam que o motivo para o gesto teria sido a não aceitação da separação, após 25 anos de casamento.

A estudante contou à reportagem que ouviu dos vizinhos de sua casa que o pai esteve no local do incêndio no dia seguinte, no domingo, 23, para conferir os ‘estragos’. Com medo, tanto mãe como a filha Julia foram até a Delegacia da Mulher em União da Vitória para receber atendimento, na segunda feira, 24.

Segundo as irmãs Júlia e Marina, o relacionamento entre os pais sempre foi conturbado. Júlia relata que a mãe já tinha dado queixa na polícia e, na Delegacia da Mulher, registrado vários Boletins de Ocorrência (BO). “Ele bebia e ficava transtornado”, afirma a filha.

Júlia diz que algumas pessoas testemunharam o início do fogo e contaram para ela que o suspeito teria entrado com o carro arrebentando o portão da frente e o portão do meio, parando dentro do quarto que ficava na parte da frente da casa. Marina, por mensagem de áudio em um aplicativo, relata que, antes do fogo, o pai teria tirado os cachorros para fora do portão e separado alguns itens de família.

Sobre a separação

Em 28 de maio desse ano, conforme as filhas, aconteceu o processo oficial de separação e, segundo relataram, uma proposta foi feita em relação ao imóvel que o casal tinha: ou a mãe ficava com a casa e pagava metade de um aluguel para o pai, ou a mãe e filha saiam e ele pagaria metade do aluguel para elas. “A nossa casa era na parte de trás e, na frente, ele estava construindo para minha irmã. Porém, como minha irmã foi morar em São Paulo, na separação eles acordaram que ela [a mãe] ficaria com a parte de trás e ele [o pai] na parte da frente, mas ele precisava terminar de construir”, explica Julia.

A delegada titular da Delegacia da Mulher, Criança, Adolescente e do Idoso, Sandra Vasconcelos, confirmou que tanto mãe quanto filha estiveram na delegacia, ainda em março deste ano, e solicitaram medidas protetivas. “Porém, pelo que a gente pode apurar, do mês de março até agora, ele continuou morando com ela, porque eles fizeram um acordo, na Vara da Família, que ele ficaria morando no mesmo pátio que ela, só que na casa da frente. Hoje, trabalhamos como ele sendo o principal suspeito, mas a gente precisa esperar o laudo da criminalística”, explica a delegada. “Quando concluírem o laudo e entregarem para a gente é que teremos um posicionamento melhor sobre a situação”, completa.

E a partir de agora?

Mãe e filhas ainda estão muito abaladas com tudo o que aconteceu. Segundo Júlia, elas já alugaram um lugar para ficar, mas terão que começar do zero e montar tudo dentro de casa. Ela conta que estão recebendo apoio de muita gente, não só da cidade, dos amigos e de conhecidos, mas de outros municípios, e até outros estados e países, como Portugal. Mesmo ao viver essa tragédia, ela garante: “Estou impressionada com a quantidade de gente boa no mundo. Eu sou muito grata e não sei como vou retribuir para tantas pessoas”, diz, emocionada.

Alguns amigos de Júlia fizeram uma “vaquinha online” que, até hoje (terça-feira, 15 horas) já tinha arrecadado quase R$ 10 mil (até o final da tarde desta terça-feira, 25). (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/vamos-reconstruir-juntos-com-a-julia-spak)

Relembre o caso

Na noite de sábado, 22, o incêndio de grandes proporções atingiu uma residência na rua Ernestina de Oliveira, no bairro São Basílio Magno, em União da Vitória. A casa de número 38 foi totalmente queimada pelo fogo que tomou conta do imóvel em poucos minutos. Na ocasião, para o controle das chamas, os Bombeiros de União da Vitória receberam reforços do Corpo de Bombeiros de Porto União. Ninguém ficou ferido.

Nota da Redação

A reportagem tentou contatar o pai, porém, sem sucesso até o fechamento desta reportagem. Segundo informações, neste momento, ele se encontra abalado e medicado sem condições de conceder entrevistas.