Iguaçu comemora 43 anos de história querendo voltar aos gramados

Time está inativo, mas continua vivo na memória da torcida

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Atualizado há 10 anos

Iguaçu década de 70
Iguaçu década de 70. (Foto: Acervo O Comércio).

Década de 70. O Brasil ainda festejava as belas jogadas de Pelé, Gerson, Tostão, Jairzinho e Carlos Alberto Torres que resultaram no tricampeonato mundial da Seleção Brasileira de Futebol, realizado no México. Em União da Vitória, o atrativo dos finais de semana eram os jogos da Liga Esportiva Regional Iguaçu (LERI). Nela grandes craques do futebol local integraram equipes como o São Bernardo FC, Avahi FC, Ferroviário entre outras.

Mas, para alguns fanáticos pelo esporte ainda faltava algo: uma equipe de futebol profissional em União da Vitória. E um desses fanáticos era o cronista esportivo José Leocádio Vieira (Cadinho), que na época tinha uma coluna no jornal O Comércio.

Cadinho
José Leocádio Vieira (Cadinho)

Em um de seus relatos do esporte local, Cadinho questiou o porquê União da Vitória não tinha uma equipe de futebol profissional. O comandante da época do 5º Batalhão de Engenharia (5º BE), Coronel Ricardo Gianordolli, que gostava, e muito, de futebol, leu a matéria e convocou o cronista para uma reunião.

Cadinho conta que chegou muito apreensivo ao encontro, pois não sabia o teor da conversa. Mas para sua surpresa, era uma manifestação de apoio do Comandante, a sua ideia de profissionalizar o futebol no município. “Entrei em sua sala e ele perguntou se teria escrito tal comentário. Apreensivo, falei que sim, e ele (Gianordolli), me estendeu a mão e disse: Pode contar comigo!”, contou Cadinho.

Coronel Ricardo Gianordolli
Coronel Ricardo Gianordolli

E no dia 15 de agosto de 1971 nascia uma das maiores paixões dos aficionados por futebol em União da Vitória: a Associação Atlética Iguaçu. A partir daí começaram as movimentações para a formação da equipe.

A estrutura era a do quartel, no qual os atletas e comissão técnica ficaram hospedados, treinavam e partiam para os jogos no estádio Enéas Muniz de Queiróz (Estádio do Ferroviário).

A base da equipe era formada por atletas vindos do Caramuru de Castro, além de outras equipes interioranas. Além disso, o time contou com jogadores de outros Estados, como o meio campista Cláudio Ferreira, o Índio, vindo da cidade de Santos (SP).

Primeiro time do Iguaçu em 1971
Primeiro time do Iguaçu em 1971. (Foto: Blog Marcelo Dieguez).

Além dele, o primeiro time do Iguaçu contava com Dito Cola, Santos, Roque, Celso Lazzarini, Nire, Bugrão, Kid, Rotta, Chila, Duda, Chavalla, entre outros. Todos sob o comando do técnico Paulo Alves.

Segundo Alves, o convite para comandar a A.A. Iguaçu veio em razão de já ser conhecido no município. E o fato da então diretoria da equipe de União da Vitória ter contratado jogadores das cidades de Castro e Ponta Grossa, locais onde o treinador trabalhou, facilitaria muito na montagem do time.

A estreia no Campeonato Paranaense da Primeira Divisão ocorreu no dia 14 de novembro de 1971, no Ferroviário, contra o Pinheiros EC, de Curitiba (atualmente Paraná Clube, resultado da fusão com o Colorado). O público presente foi de cinco mil pessoas, superando a capacidade do estádio, que era de três mil. O resultado da partida foi 2 a 2.

A Pantera do Vale, como ficou conhecida ao passar dos anos, permaneceu na elite do futebol paranaense de 1971 até 1980. Ainda nesse período, o Iguaçu contou com outros grandes jogadores como Belga e Gelson Schott.

Na década de 70 a equipe participou também de outras competições, com destaque para o título do Torneio da Integração do Paraná, em 1979.

Em 1980, a equipe Iguaçuana foi pela primeira vez rebaixada a segunda divisão do Campeonato Paranaense, permanecendo nessa condição até 1986.

No ano seguinte, o Iguaçu conquistou o título da segundona no dia 13 de setembro vencendo o tradicional Operário de Ponta Grossa pelo placar de 3 a 1, com gols de Mica, Josemar e Biro Biro.

A.A Iguaçu na Revista Placar
Iguaçu na Revista Placar. (Foto: Reprodução).

Em 1988, a equipe de União da Vitória chegou a participar da terceira Divisão do Campeonato Brasileiro, equivalente ao módulo azul da época. Porém, a campanha não foi boa. Mas, em razão dessa participação, o time foi destaque em matéria da tradicional revista especializada em futebol, a Placar.

Ainda na década de 80, assumiu a presidência da equipe um dos nomes mais emblemáticos da história: Odenir Borges. Por vários anos esteve à frente da equipe, acumulando bons e maus momentos, mas sem deixar de ser um apaixonado pela equipe.

Já em 1989, o Iguaçu realizou sua melhor campanha na primeira divisão do Campeonato Paranaense, terminando na quinta colocação. Na equipe grandes jogadores como João Marcos, Edinho Guerreiro e Luisinho Cruz. A equipe só não ficou entre as quatro melhores, pois foi derrotada pelo União Bandeirante, fora de casa.

Em 1992 novamente o Iguaçu virou notícia nacional. O meio campo Mica marcou um golaço no Campo do Ferroviário pelo Campeonato Paranaense, e o feito foi parar no quadro “Gol da rodada” do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão.

Já em 1993 veio mais um rebaixamento para a equipe de União da Vitória e o indício de que o futebol profissional, infelizmente, começava a perder força.

Iguaçu de 2006
Iguaçu de 2006. (Foto: Acervo Rodrigo Seccon).

Poucos anos depois, as dificuldades financeiras fizeram com que o Iguaçu interrompesse suas atividades, retornando somente em 2006, para disputar a Divisão de Acesso do Paranaense. Nessa equipe, jogadores que se destacaram foram o goleiro Leandro e o atacante Jacozinho. Além deles, o comando do treinador Orlando Bianchini foi fundamental para o acesso à primeira divisão no ano seguinte.

De 2007 a 2009 o Iguaçu se manteve na elite do Futebol paranaense, sem conseguir realizar grandes campanhas.

Iguaçu de 2009
Iguaçu de 2009. (Foto: Ricardo Silveira).

No último ano de primeira divisão, uma parceria com o Paraná Clube, e uma grande estrutura, criou a expectativa de uma participação de destaque na competição. Mas ficou apenas na esperança, pois o Iguaçu foi rebaixado para a segunda divisão novamente.

Após isso, a equipe tentou driblar as dificuldades e continuar suas atividades. Como não conseguiu, mais uma vez deixou o cenário paranaense.

Em 2014 veio a página mais triste da história do Iguaçu: a desfiliação junto a Federação Paranaense de Futebol. A FPF alega dívidas do clube e, como motivo mais importante, o não comunicado à entidade sobre o razão que fez com que o time não participasse das competições realizadas por ela.

Uma nova diretoria está buscando reativar o Iguaçu e reviver grandes momentos. Nesses 43 anos, por várias oportunidades a trajetória da equipe foi interrompida, mas não o suficiente para comprometer a paixão do torcedor que, nessa história toda, é a maior riqueza da Associação Atlética Iguaçu!!!