PAIXÃO PELO FUTEBOL: A.A. Iguaçu completa 49 anos

Nesta reportagem, relembramos aqui um pouco da história da Pantera do Vale. Ao atravessar a linha do tempo, o time passou por altos e baixos. Mas nunca saiu do coração do torcedor

·
Atualizado há 4 anos

(Foto: A.A.Iguaçu).
(Foto: A.A.Iguaçu).

O Brasil festejava na década de 70 as belas jogadas de Pelé, Gerson, Tostão, Jairzinho e Carlos Alberto Torres no tricampeonato mundial da Seleção Brasileira de Futebol, realizado no México. Em União da Vitória, a atração era os jogos da Liga Esportiva Regional Iguaçu (LERI). Grandes craques do futebol local integraram equipes como o São Bernardo FC, Avahi FC, Ferroviário entre outras.

Mas para alguns fanáticos do esporte faltava algo: um time de futebol profissional em União da Vitória. E um desses fanáticos era o cronista esportivo José Leocádio Vieira (Cadinho), falecido recentemente que na época fazia parte do jornal O Comércio.

Coronel Ricardo Gianordolli, comandante da época do 5º BEC
Coronel Ricardo Gianordolli, comandante da época do 5º BEC

Em um de seus relatos, Cadinho levantou o questionamento do porque não havia uma equipe de futebol profissional. O comandante da época do 5º Batalhão de Engenharia (5º BE), Coronel Ricardo Gianordolli, que gostava, e muito, de futebol, leu a publicação e convocou o cronista para uma reunião.

Cadinho contou em uma entrevista que chegou bastante apreensivo ao encontro, mas para sua surpresa, era uma manifestação de apoio do Comandante “Entrei em sua sala e ele perguntou se teria escrito tal comentário. Apreensivo, falei que sim, e ele (Gianordolli), me estendeu a mão e disse: Pode contar comigo! ”.

O nascimento

No dia 15 de agosto de 1971 nascia uma das maiores paixões dos apaixonados por futebol em União da Vitória: a Associação Atlética Iguaçu. Com isso, começaram as movimentações para a formação da equipe.

A estrutura  utilizada para hospedagem e treinamentos era a do quartel. Os jogos eram realizados no estádio Enéas Muniz de Queiróz (Estádio do Ferroviário).

A base da equipe era formada por atletas vindos do O Caramuru de Castro (PR). Além disso, foram contratos jogadores de outros Estados, como o meio campista Cláudio Ferreira, o Índio, que chegou da cidade de Santos (SP).

Além dele, o primeiro time do Iguaçu contava com Dito Cola, Santos, Roque, Celso Lazzarini, Nire, Bugrão, Kid, Rotta, Chila, Duda, Chavalla, entre outros. Todos sob o comando do técnico Paulo Alves, já falecido.

Segundo Alves em entrevista para a extinta rádio União, o convite para comandar a A.A. Iguaçu aconteceu em razão de ser conhecido no município. O fato de a diretoria ter contratado jogadores das cidades de Castro e Ponta Grossa, segundo ele, facilitou a montagem da equipe.

A estreia

O dia 14 de novembro de 1971, marcou a estreia do Iguaçu no Campeonato Paranaense da Primeira Divisão. O jogo aconteceu no Ferroviário, contra o Pinheiros EC, de Curitiba (atualmente Paraná Clube, resultado da fusão com o Colorado).

Relatos da época, apontam que o público presente foi de cinco mil pessoas, superando a capacidade do estádio, que era de três mil. O resultado da partida foi 2 a 2.

Primeiro time do Iguaçu
Primeiro time do Iguaçu

A Pantera do Vale, como ficou conhecida no passar dos anos, permaneceu na elite do futebol paranaense de 1971 até 1980. Ainda nesse período, o Iguaçu contou com outros grandes jogadores que se transformaram em ídolos como Belga e Gelson Schott.

Além do Estadual, o Iguaçu participou na década de 70 de outras competições, com destaque para o título do Torneio da Integração do Paraná, em 1979.

Em 1980, a equipe Iguaçuana foi rebaixada pela primeira vez a segunda divisão do Campeonato Paranaense, permanecendo nessa condição até 1986.

No ano seguinte, o Iguaçu conquistou o título da segundona em 13 de setembro vencendo o tradicional Operário de Ponta Grossa pelo placar de 3 a 1. Os gols foram marcados por Mica, Josemar e Biro Biro.

Uma nova era

Em 1988, a equipe de União da Vitória chegou a participar da terceira Divisão do Campeonato Brasileiro, equivalente ao módulo azul da época. Porém, a campanha não foi boa. Mas, em razão dessa participação, o time foi destaque em matéria da tradicional revista especializada em futebol, a Placar.

Iguaçu na revista Placar
Iguaçu na revista Placar

Ainda na década de 80, assumiu a presidência da equipe um dos nomes mais emblemáticos da história: Odenir Borges. Por vários anos esteve à frente da equipe, acumulando bons e maus momentos, mas sem deixar de ser um apaixonado pelo time.

Em 1989, o Iguaçu realizou sua melhor campanha na primeira divisão do Campeonato Paranaense, terminando na quinta colocação. Na equipe jogadores como João Marcos, Edinho Guerreiro e Luisinho Cruz. O Grupo só não ficou entre as quatro melhores, pois foi derrotado pelo União Bandeirante, fora de casa.

Em 1992 novamente o Iguaçu foi notícia nacional. O meio campista Mica fez um golaço no Campo do Ferroviário pelo Campeonato Paranaense. O feito foi parar no quadro “Gol da rodada” do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão.

Pantera perde força

Em 1993 veio mais um rebaixamento para a equipe de União da Vitória e o indício de que o futebol profissional começava a perder força.

Poucos anos depois, as dificuldades financeiras fizeram com que o Iguaçu interrompesse suas atividades, retornando somente em 2006, para disputar a Divisão de Acesso do Paranaense.

Time campeão da Divisão de acesso em 2006
Time campeão da Divisão de acesso em 2006

Nessa equipe, se destacaram jogadores como o  goleiro Leandro e o atacante Jacozinho. Além deles, o comando do treinador Orlando Bianchini foi determinante para o acesso à primeira divisão no ano seguinte.

De 2007 a 2009 o Iguaçu se manteve na elite do Futebol paranaense, sem conseguir realizar grandes campanhas.

No último ano de primeira divisão, veio uma parceria com o Paraná Clube, com uma grande estrutura e a expectativa de participação de destaque na competição. Mas ficou apenas na expectativa, o Iguaçu era rebaixado para a segunda divisão novamente.

Após isso, a equipe tentou driblar as dificuldades e continuar suas atividades. Como não conseguiu, mais uma vez deixou o cenário paranaense.

Iguaçu desfiliado

Em 2014 veio a página mais triste da história do Iguaçu: a desfiliação junto a Federação Paranaense de Futebol. A FPF alega dívidas do clube e, como motivo mais importante, o não comunicado à entidade sobre a razão que fez com que o time não participasse das competições realizadas por ela.

Anos depois, uma nova diretoria foi formada e, em 2018 o projeto de retorno da equipe foi ganhando forma,  e o sonho do torcedor fanático em rever a Pantera em campo começava a se transformar em realidade.

A busca por confiança de empresários e torcedores foi um dos principais desafios da diretoria nesse resgate da equipe. Pendências com a Federação Paranaense foram sanadas e o Iguaçu foi filiado novamente a entidade máxima do futebol do Estado.

O reencontro

Dez anos depois, o retorno. O dia 18 de agosto de 2019 ficou marcado na memória do torcedor. A equipe voltou as competições oficiais e com vitória. Atuando no estádio Abraham Najib Nejm em Irati, o Iguaçu venceu a Portuguesa Londrinense pelo placar de 1 a 0.

Iguaçu em 2019
Iguaçu em 2019

O atacante Sabiá em cobrança de pênalti marcou o gol histórico da Pantera Iguaçuana.

Na competição o Iguaçu brigou até a ultima rodada por uma vaga à próxima fase, mas a equipe ficou no quase.

2020 começou com a possibilidade de participar da segunda divisão do Estadual, com a desistência de outras equipes, mas batalhas nos tribunais conduziram novamente o Batel de Guarapuava para a Série B e para o Iguaçu restou a disputa da terceira divisão.

A pandemia do coronavírus (Covid-19) como em todos os aspectos adiou o início da terceira divisão do Paranaense. A competição segue sem uma data definida pela Federação.

Enquanto isso, torcedores aguardam ansiosos o inicio das competições e celebram os 49 anos da equipe de União da Vitória relembrando grandes histórias!