Abel Ferreira promete que Palmeiras manterá identidade na decisão

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Atualizado há 4 anos

Na véspera da grande final da Copa Libertadores contra o Santos, no Maracanã, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, admitiu estar ansioso. Ao seu estilo, o treinador foi direto nas respostas e disse que não planeja armar sua equipe de forma diferente do que vem mostrando, mesmo que se trate de uma final em jogo único e numa tarde que promete beirar os 40ºC.

“Mas isso é normal, acontece comigo, com o Tite, com o (Jürgen) Klopp e com todos”, afirmou, em entrevista coletiva concedida no palco do jogo. “Temos que ser fiéis a nossa identidade, temos que ser fiéis a nossa forma de atacar, temos que ser fiéis a nossa forma de defender. Porque, em último caso, o que vai ficar vai ser a nossa identidade, a nossa forma”, sustentou o técnico.

“Cada jogo tem uma história, mas vou fazer o que sempre fiz em todos os jogos. Vou me preparar bem e preparar bem os meus jogadores, estar atento a todos os detalhes que forem precisos. Não vou fazer aquilo que não sei fazer, não vou preparar de forma diferente do que tenho preparado”, reiterou Abel. “Vou seguir os mesmos rituais e acreditar naqueles que tenho que acreditar, que são os jogadores.”

O treinador elogiou os adversários santistas: o técnico Cuca – “o percurso dele no Brasil fala por si, treinou grandes clubes, inclusive o Palmeiras” – e o atacante Marinho, que está em grande fase. Fez isso, porém, de forma bem superficial, lembrando que “o futebol é um jogo coletivo” e que tem de se preocupar com o Palmeiras.

Ao seu lado, o zagueiro Gustavo Gomez pareceu bem entrosado com o comandante da equipe. “O Marinho está passando por uma boa fase. Está mantendo um alto nível, mas também temos jogadores de seleção”, pontuou. “Nosso time está preparado. Estamos há alguns dias preparando o jogo, temos muitos jogadores experientes, como Felipe (Melo), Marcos Rocha e Weverton.”

MARACANÃ – A seriedade exigida para um jogo tão importante quanto a decisão do torneio mais importante das Américas também cedeu um pouco de espaço para que Abel Ferreira e Gustavo Gomez fizessem uma ode ao estádio e lembrassem suas origens. “Eu sempre ouvi falar do Maracanã como templo do futebol. É uma oportunidade única, é um desafio, um prazer. É uma enorme satisfação estar aqui hoje e amanhã para disputar um título”, disse Abel.

“Para mim é um orgulho jogar, estar numa final de Libertadores. É o sonho de todo jogador, mas poucos chegam a uma final de Libertadores. Me orgulho muito”, destacou Gomez. “Quando cheguei no Palmeiras, meu sonho era esse. E vou fazer o melhor para deixar em evidência também o meu país. Tenho muito orgulho de ser paraguaio e estar numa final.”

VERDADEIROS HERÓIS – Entre perguntas envolvendo a pressão por uma vitória e sobre a possibilidade de o elenco atual entrar na galeria de heróis, na entrevista desta sexta-feira, o treinador dedicou sua resposta mais longa para falar sobre a pandemia. E exaltou médicos, enfermeiros e todos os profissionais de saúde que atuam na linha de frente.

“Eu gostaria de ver este estádio cheio, como já vi pela televisão. Olhar para o templo do futebol cheio. Mas temos que ter cuidado, porque essa batalha (contra a pandemia) não está ganha. Este jogo não está ganho. É com isso que temos que nos preocupar. Isso sim é questão de vida ou morte”, afirmou o treinador.

“Quando falamos em pressão… Pressão é o enfermeiro que está lá, é o médico que está lá, que pode acontecer algo e tirar uma vida. Isso é que a pressão. O que sentimos aqui é uma pressão diferente”, comparou Abel.

“É um jogo que nós queremos ganhar, que nós queremos competir, mas, aconteça o que acontecer, nós vamos seguir em frente. Agora, essas pessoas que estão botando a cara, que estão na luta, na linha de frente, enfermeiros, médicos que tentam tratar essa maldita pandemia, esses que são os verdadeiros heróis.”

Antes, o treinador falou sobre os ensinamentos trazidos pela pandemia. “Eu adoro futebol, é minha paixão. Mas adoro viver, adoro contato, adoro abraçar, adoro pessoas, adoro sentir. Isso é algo que custa, e eu como treinador, vocês como jornalistas, nós enquanto cidadãos, temos que ter cuidado. Não só por nós, mas também pelo próximo. Acho que essa pandemia mais do que nunca veio nos trazer valores que nós tínhamos esquecido; um simples abraço, um simples beijo, um simples toque e o significado dele.”