A inclusão de crianças de 5 a 11 anos na bula da vacina da Pfizer contra a covid-19 foi publicada na tarde desta quinta-feira, 16, no Diário Oficial da União. Com esse registro, o Ministério da Saúde está liberado para iniciar a aplicação. A pasta, no entanto, ainda não deu prazo para começar a imunização desta faixa etária.
O tema enfrenta a resistência do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de apoiadores da ala ideológica do governo. A imunização das crianças, no entanto, tem apoio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e de outros especialistas.
O Brasil ainda não tem em solo nacional as chamadas doses pediátricas da vacina da Pfizer. O uso do imunizante na faixa etária de 5 a 11 anos foi liberado nesta manhã, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o início da aplicação está condicionado à chegada das doses adaptadas, o que pode fazer com que o público comece a ser imunizado só em 2022.
Isso porque, segundo a Pfizer, o acordo assinado com o Ministério da Saúde em novembro “inclui a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes (como a Ômicron), que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias”. O fornecimento depende do que for solicitado pelo Ministério da Saúde.
O Estadão apurou que o Ministério da Saúde deve discutir a vacinação das crianças em reunião semanal da Secretaria de Enfrentamento à Covid (Secovid) com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) contra a doença na tarde desta sexta-feira, 17. Representantes da pasta, da CTAI e de sociedades médicas deverão bater o martelo sobre o tema, após receberem informações do relatório da área técnica da Anvisa sobre segurança e eficácia do imunizante.
A vacinação das crianças já vinha sendo discutida em outros encontros, ocorridos nas últimas semanas, quando os representantes falaram sobre a estratégia de vacinação contra a covid do País para 2022. Os especialistas debateram, por exemplo, os riscos e benefícios dos imunizantes para as crianças e quais vacinas estariam disponíveis no País. Não houve, naquele momento, discussão sobre o início da campanha, pois não havia vacina aprovada pela Anvisa.
Apesar de ter o mesmo princípio ativo da vacina aplicada em adultos, a formulação pediátrica para crianças entre 5 a 11 anos possui uma concentração diferente, um maior número de doses por frasco e um prazo de armazenamento maior na temperatura de geladeira entre 2-8°C. “O frasco também virá com uma coloração diferenciada, com tampa e rótulos cor laranja, para que possa ser distinguido da formulação utilizada hoje em indivíduos com 12 anos ou mais”, informou a Pfizer.
Segundo a farmacêutica, quando administrado em duas doses, o imunizante demonstrou eficácia de 90,7% em estudo clínico desenvolvido especificamente para a faixa etária pediátrica. Os ensaios de fase 2/3 foram realizados em 2.268 crianças em Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha.
Procurado, o Ministério da Saúde não informou se o contrato firmado com a Pfizer no fim de novembro já condicionava a liberação de determinada quantidade de doses pediátricas assim que a Anvisa aprovasse a vacina para crianças ou se terá que fazer uma solicitação para pedir as doses específicas.