A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira, 15, a operação Colosseum para apurar supostas fraudes e pagamento de propinas a políticos e servidores públicos ligadas às obras no Estádio Castelão, em Fortaleza, capital cearense, entre 2010 e 2013. Entre os alvos das buscas estão endereços ligados ao pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, e seu irmão, o ex-governador e hoje senador Cid Gomes (PDT).
No Twitter, Ciro reagiu à operação, negando ligação com os fatos sob investigação e qualificando a ordem de busca e apreensão como “abusiva”. “Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionado com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores”, afirmou.
Ao todo foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em endereços de Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, no Ceará, além de São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). Lúcio Ferreira Gomes, irmão de Ciro e Cid, também foi alvo das diligências.
As ordens foram expedidas pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal Criminal no Ceará. O magistrado ainda determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Ciro, Cid e Lúcio Gomes, além de outros investigados.
A operação apura supostos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva. De acordo com a PF, as investigações tiveram início em 2017 e miram “possível pagamento de vantagem indevida para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio”.
A representação indica que o valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, oriundo em parte de financiamento do BNDES. “Apurou-se indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas”, registrou a PF em nota.
‘Suspeita razoável’
Ao analisar os dados da PF, o juiz entendeu que há “suspeita razoável” sobre a “cobrança de vantagens indevidas por parte de Cid, Ciro e Lúcio Gomes para viabilização de pagamentos de obras e serviços de engenharia, bem como para garantir a vitória da construtora no procedimento licitatório” ligado ao Castelão, e sobre “a cobrança de vantagens indevidas por Fernando Antônio Oliveira e José Leite Jucá Filho, que ocuparam o cargo de Procurador-Geral do Estado, com participação ainda do advogado Hélio Parente de Vasconcelos Filho, para favorecimento da empresa vencedora no processo licitatório”.
Além de negar participação nos fatos apurados Ciro Gomes acusou o presidente Jair Bolsonaro de transformar o Brasil “num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade”. “Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da Republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.”
Procurados, os demais citados não se manifestaram até a conclusão desta edição.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) após a operação da Polícia Federal. O petista classificou a ação como “sem necessidade” e disse que o presidenciável e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), outro alvo da operação, têm “trajetória de vida idônea”.
“Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados”, escreveu Lula. Ciro agradeceu.