Sem treinos presenciais, categorias abaixo do sub-17 usam gincanas e palestras

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Atualizado há 4 anos

A pandemia do coronavírus tem levado futuros jogadores de futebol a passar meses seguidos distante dos gramados e ligados em telas ou monitores. Sem poder frequentar os centros de treinamento dos clubes por questões de segurança, jogadores das categorias de base com idades até 15 anos têm mantido a rotina de trabalhos online. E os times capricham para, ao mesmo tempo, fornecer conteúdos relevantes e atrativos, inclusive com gincanas gastronômicas.

Depois de a covid-19 paralisar todas as atividades do futebol em março, em setembro o calendário de competições sub-17 e sub-20 foi restabelecido. No entanto, garotos com idades inferiores continuam sem a agenda de torneios e só fazem atividades em casa em plataformas online. O conteúdo tradicional envolve a realização de exercícios físicos e a exibição de vídeos para a orientação de conceitos táticos.

Para não deixar os trabalhos caírem na mesmice, as equipes têm buscado incrementar os treinos online. Palestras de jogadores profissionais, debates com psicólogos e até concursos ganharam espaço.

O Atlético-MG identificou que os 200 garotos que estão afastados dos treinos precisavam se sentir mais próximos uns dos outros. A falta da convivência diária levou o clube a incrementar os vídeos com outras atividades. Além da tradicional lista de exercícios e trabalhos com bola para serem feitos no quintal de casa, há outras atrações.

“Criamos um exercício de interação em que os jogadores mostram o preparo dos pratos de que mais gostam. Fizemos até um livro de receitas com comidas regionais de várias partes do Brasil”, disse ao Estadão o coordenador das categorias de base, Júnior Chávare. “Tudo isso é importante até para a parte emocional dos garotos e para nós, do clube, nos aproximarmos da família. A gente não se preocupou só com o futebol.”

Os garotos do Atlético-MG têm recebido atenção especial da equipe de psicólogos e assistentes sociais do clube. Além disso, outra iniciativa foi organizar palestras com jogadores do time profissional. O intuito é reforçar a ligação dos meninos com os atletas e até mesmo a necessidade da dedicação contínua nesta etapa para não prejudicar o futuro profissional.

“O treinamento que eu mais venho fazendo é o físico, mas os trabalhos com bola e as atividades táticas também estou fazendo bastante. Acho que não há muita diferença na dose entre os trabalhos”, explicou o goleiro Flávio Daniel, de 14 anos. Em vez de treinar no CT do clube em Vespasiano (MG), ele está com a família em Americana (SP).

No Palmeiras, o esforço tem sido parecido. O clube reforçou os trabalhos online com palestras de outras áreas. Em vez de somente profissionais do futebol, até pedagogos foram chamados para variar o conteúdo.

A equipe também autorizou que alguns jogadores contratassem por conta própria preparadores físicos. “Para tentar compensar essa perda (com a falta de atividade), continuamos realizando treinos online, palestras com psicólogos, pedagogos e assistentes sociais”, explicou o coordenador da base, João Paulo Sampaio.

O Corinthians explicou que, além de passar vídeos de jogos anteriores, marcou uma série de encontros educacionais para abordar outros assuntos. Redes sociais, cuidado com as finanças pessoais e bate-papo com ex-jogadores ganharam espaço. O São Paulo procura fazer o mesmo. “Temos acompanhado o dia a dia por meio de treinos e reuniões online”, contou o coordenador da base do clube do Morumbi, Pedro Smania.

As atividades dessas categorias inferiores só foram interrompidas nos últimos dias para os garotos tirarem férias. Ainda não há previsão de quando as competições e os treinos presenciais serão retomados.