20 anos de uma moeda estável

Plano Real completa duas décadas e garante o domínio da inflação

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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Sandra Jung é secretária executiva e gestora pública. É pós-graduada em gestão empresarial

O monstro da inflação está controlado. São as rédeas do Plano Real, implantado em 1994 pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no governo do presidente Itamar Franco, o que mantém o monstro da oscilação controlado. O efeito sobre os preços, até então alterados quase que diariamente, é, de longe, o principal adjetivo dado à estratégia. “A partir do Plano Real teve uma contenção mais rápida da inflação, uma globalização mais expansiva em relação aos produtos do mercado externo. Houve uma estabilização da economia a partir do modelo”, avalia a secretária de Finanças da prefeitura de União da Vitória, Sandra Jung.

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Roberto Farias é economista, consultor empresarial e professor, especialista em administração e desenvolvimento de pessoas

No dia 1º, o plano completou duas décadas e de novo voltou a ser aclamada como a maior alternativa à contenção da inflação. A economia brasileira, tida como uma das dez maiores do planeta, segue estável. O Real ainda é pressionado mas, agora, por “forças” externas, nascidas das crises internacionais dos países vizinhos e, mais recentemente, dos Estados Unidos e China, por exemplo. Para o economista Roberto Farias o modelo é eleito como a “melhor coisa” que já aconteceu para o país. Mas, no mar da estabilidade, é preciso ter cautela. “Hoje o brasileiro está tendo acesso aos bens de consumo que antes não tinha. Com a moeda estável ele adquire bens que não era possível. O problema disso tudo é o endividamento. Quem não sabe trabalhar com a moeda, acaba tendo prejuízo”, alerta.

Ate o nascimento do Real, os pacotes econômicos eram marcados especialmente pelo congelamento de preços. O Plano passou por três fases: o Programa de Ação Imediata, a criação da Unidade Real de Valor (URV) e a implementação da nova moeda, o Real. O Plano garantiu a eleição de Fernando Henrique em 1994, na época, candidato natural à sucessão de Franco.

Compra à prazo ainda é preferência

planoreal-reproducao2A estabilidade da moeda permitiu aos brasileiros diversificar o pagamento de suas compras. Além de levar para casa o que até 20 anos era inviável, a negociação para quitação ficou mais fácil. Recente pesquisa feita em grandes centros do país levantou a preferência: o brasileiro compra e paga com cartão. O popular “dinheiro de plástico” lidera o ranking e parece não fazer distinção de camadas sociais.

Nas Cidades Irmãs, o comportamento é um pouco diferente mas, assim como no restante do país, as compras excluem o uso do cheque. Conforme o diretor do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de União da Vitória, a maior parte das compras são pagas a partir do crediário, ou seja, financiadas pela empresa. “Pela nossa experiência aqui, vemos que 60% é pelo crediário, 20% pelo cartão ou financeira e outros 20% é à vista, com dinheiro”, afirma Silvio Iwanko, mencionando o perfil dos clientes das suas lojas. Conforme ele, o uso do crediário da empresa ou o pagamento à vista soam como vantagem. “O custo do cartão é mais elevado, especialmente quando há inadimplência”, comenta.

Na rede supermercadista, as compras destoam. Por lá, a preferência é pelo pagamento com dinheiro e nas opções de débito e crédito, do cartão.

Consultas em queda

De acordo com o SPC de União da Vitória, a consulta ao serviço caiu 13% em relação ao mesmo período do ano passado. A enchente e o déficit econômico que a acompanha é apontado como pivô para a queda das vendas à prazo.