Adesão é nula no programa Cadastro Positivo

Com dois meses de implantação em União da Vitória, incentivo federal ainda não atrai consumidores

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Atualizado há 11 anos

Por Mariana Honesko

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Adesão é nula no programa Cadastro Positivo

Para quem paga as contas em dia, o benefício Federal aparece como alternativa aos novos negócios. Prestações, financiamentos e até compras à vista podem ficar mais acessíveis quando o Cadastro Positivo entra em ação. O programa é recente, desconhecido para muitos consumidores, mas já está disponível na cidade.

Em União da Vitória e Porto União, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e as associações comerciais estão aptas, há dois meses, a fornecer o cadastro para consumidores que defendem seu bom histórico de compras. Por enquanto, contudo, nenhum pedido oficial foi feito: o cadastro segue nulo, na espera de consumidores com transações comerciais confiáveis. “O cadastro vai classificar o consumidor baseado no histórico de compras e pagamentos dele. Para isso, ele terá que abrir mão de sua privacidade comercial”, explica o presidente da CDL, Luciano Edinei Karpovisch.

O cadastro é simples, gratuito e exige, além da apresentação dos documentos pessoais, cinco referências comerciais locais. “A pessoa não recebe o documento. Ele fica disponível no programa, na página da CDL”, lembra o presidente. A exclusão do registro pode ser solicitada pelo consumidor em qualquer momento. O cadastro é amplo e absorve desde registros simples – como faturas de água – até os financiamentos. Atrasos e pagamentos em dia ficam registrados no sistema.

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Luciano Edinei Karpovisch

Para o diretor do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da CDL local, a medida beneficia quem pagava o preço da inadimplência. “Porque na verdade, quem paga as contas são as pessoas que pagam certinho. Hoje, 95% das pessoas são boas pagadoras, mas o problema é que os 5% restantes fazem um rombo tão grande que é muito prejudicial”, avalia, Silvio Iwanko. Como defesa do risco de danos nas compras, os lojistas aumentam o valor da taxa de juros. Quem tiver seu nome inscrito no Cadastro Positivo, tem a chance de pagar menos e negociar o produto por um valor bem inferior. A inscrição favorece também as compras em qualquer cidade brasileira. “Isso facilita a compra e como é algo unificado, você compra até em Manaus”, ressalta Iwanko.

Vantagem para grandes negociações

Compras de produtos de valores não tão expressivos já soam com vantagens a partir da checagem do cadastro. Mas, é nos grandes trâmites que o efeito do cadastro tem ainda mais força. Empréstimos bancários, financiamentos e compras de imóveis, por exemplo, podem ser negociadas com facilidade. O bom histórico favorece a liberação mais rápida do crédito e garante o desconto no valor das taxas de juros. Os registros também ajudam no entendimento de como o consumidor dribla as dificuldades que eventualmente surgem. “É importante também que isso apareça. O empresário, o lojista consegue ver como a pessoa conseguiu resolver isso”, observa Iwanko.

O programa vai ainda na contramão da legislação que devolve o “nome limpo” para os devedores. “Essa ausência de registro em cinco anos também indica que houve algo de errado”, ressalta o diretor do SPC. Hoje, o “nome sujo” não pode durar mais que cinco anos. A dívida segue valendo, mas não há impedimentos para a abertura de novos cadastros em diferentes empreendimentos comerciais. “Com essa medida, as boas pagadoras foram prejudicadas porque sempre pagam certinho. E quem não paga, tinha o nome recuperado neste período”, lembra o presidente da CDL.

Inscrição no programa

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Cadastro liberado permite análise das transações comerciais

O cadastro precisa ser feito na CDL ou na Associação Comercial. Ele é de graça e exige apenas a apresentação do registro de identidade, CPF, endereço, telefone e das referências comerciais. A autorização permite a inclusão dos dados do consumidor no banco de dados. Não há restrição de participação: todos os consumidores podem participar do programa.