‘CASARÃO DA GISA’: Imóvel histórico é derrubado

Transação imobiliária termina com o fim da casa que abrigou, por décadas, a Papelaria e a Noiva Modas Gisa, no centro de União da Vitória

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Atualizado há 5 anos

Casarão Gisa em três momentos: passado, presente e futuro. (Foto: Mariana Honesko).
Casarão Gisa em três momentos: passado, presente e futuro. (Foto: Mariana Honesko).

Há alguns dias, o visual não é mais o mesmo. Um “vazio” que deixa a arquitetura próxima mais aparente, também está no coração dos apaixonados pela história e pela valorização cultural dos imóveis antigos. O sentimento é esse, desde a venda do ‘Casarão da Gisa’, e agora, ainda mais forte, por conta do “martelo batido” e, finalmente, pela derrubada do imóvel, no centro de União da Vitória.

Incrustada praticamente no limite das Cidades Irmãs, o casarão foi vendido e, agora, derrubado, para dar espaço à um novo empreendimento comercial, como já apurou o jornal O Comércio. As informações concretas, contudo, sobre o que será feito no terreno que abrigava a construção, ainda não estão confirmadas.

O casarão

Conforme os antigos proprietários, a venda do imóvel aconteceu após três anos, desde a colocação da placa de ‘vende-se’ na fachada. A família Berejuk administrou dois negócios no local: a Papelaria e a Noiva Modas Gisa, por mais de 50 anos. Antes, funcionava ali a Tipografia Cleto.

O imóvel tinha cerca de cem anos e guardava em sua arquitetura o estilo art déco – inicialmente usado na Estação União, no centro, e depois adotada por muitas construções no Vale do Iguaçu – um aspecto visual digno de um cartão-postal. “Ela (a casa) foi construída na década de 50, provavelmente, com estilo remanescente da época. Ela faz uso de elementos estruturais e decorativos, como o arco na parte interior, os detalhes com forma geométrica. Ela é um compilado de detalhes do art déco, com um certo excesso de informações”, avaliou para outra reportagem sobre o assunto, a professora e pesquisadora da área de Patrimônio Cultural, Ana Inêz Schreiner.

Polêmica

casarao-gisa-valedoiguacu (1)A discussão sobre o destino do casarão durou bastante tempo. Até por conta de sua localização. O imóvel ficava no coração de União da Vitória. Ficava bem próximo dos trilhos, vizinho do Cine Teatro Luz, imóvel tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná.

Mas, diferente das especulações, mudar o entorno de um patrimônio tombado, como é o caso do antigo cinema, é permitido. “Desde que uma nova construção não impeça ou reduza a visibilidade do bem tombado ou que tenha uma importância de conjunto maior de um bem tombado”, alertou a equipe da Secretaria de Estado da Cultura.

Este alerta está mais claro na Lei 1.211 de 1953. Não há no documento, por exemplo, o tamanho deste controle. “Temos desde um livro até a Serra do Mar como bens tombados. Não há como mensurar essas dimensões”, esclarecem os profissionais. Na prática, tratou-se de um conceito que dependia, essencialmente, do bom censo dos envolvidos na transição imobiliária.