Neste artigo estaremos apresentando a CONIFA 2019 Copa Europeia de Futebol, uma competição futebolística não oficial que está ganhando cada vez mais destaque e curiosidade. Ainda que dificilmente venha a concorrer com as competições oficiais, a CONIFA mistura política com esporte para criar um evento diferente e descontraído, que permite olhar o futebol como uma ferramenta para criar pontes entre os povos e não para separá-los.
A CONIFA é a Confederação de Associações de Futebol Independentes, isto é, as associações de futebol que não são reconhecidas pela FIFA. A razão é simples: estas associações de futebol representam países, território e povos que não são reconhecidos como estados, de acordo com o Direito Internacional.
Naturalmente, o nível futebolístico desses jogos é quase amador, mas alguns dos jogadores são ou já foram profissionais em algum campeonato.
Os participantes da CONIFA
Fundada em 2013, a CONIFA vem organizando anualmente um de seus grandes campeonatos, intercalando a Copa do Mundo em anos pares com a Copa da Europa em anos ímpares. Em 2018, a Carpatália (representando a minoria húngara na Rutênia ucraniana) venceu a copa mundial, mas não irá participar nesta copa europeia.
Existem dez critérios possíveis para que uma associação de futebol possa virar membro da CONIFA. À nível mundial, seus participantes incluem territórios classificados como não autônomos pelas Nações Unidas, como o Saara Ocidental; províncias integrando outros países e com características culturais próprias, como o Quebec; minorias sem um território definido, como Cascadia (uma comunidade francôfona na costa ocidental dos Estados Unidos e Canadá) ou os Coreanos Unidos do Japão; minorias étnicas e religiosas, como os Rohingya ou os Matabeles do Zimbabué; antigos países que perderam sua independência, como o Tibete; e até países independentes cujo futebol é demasiado pequeno e amador para competir na FIFA, como as seleções de Kiribati e Tuvalu, no Oceano Pacífico.
Riscos
A iniciativa da CONIFA tem, claramente, um caráter provocatório tanto para as associações de futebol oficiais como para os respetivos estados. Simbolicamente, trata-se de uma procura de reconhecimento e visibilidade para situações que os estados não podem aceitar.
A participação na Copa do Mundo trouxe consequências aos seus vencedores “carpatalianos”. Os jogadores de nacionalidade ucraniana foram proibidos pela Federação Ucraniana de Futebol de jogar futebol profissionalmente e trabalhar na área para o resto de suas vias, no país. Já os jogadores húngaros foram avisados que sua entrada na Ucrânia não será permitida.
Quem irá participar na CONIFA Copa Europeia de 2019?
Os doze participantes estão divididos em quatro grupos de três times. Confira:
Grupo A
Aqui irão se defrontar a República de Artsakh (um território independente mas reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão), Sápmi (a Lapônia do norte da Escandinávia, onde vive o Pai Natal) e Luhansk (uma das “repúblicas russas” do leste da Ucrânia).
Grupo B
Abecásia (uma “república russa” reconhecida internacionalmente como parte da Geórgia), Chameria (uma comunidade albanesa expulsa da Grécia após a Segunda Guerra Mundial) e o Condado de Nice (lembrando o antigo reino da Sabóia) fazem parte do grupo B.
Grupo C
Aqui jogarão a Padânia (uma região da Itália do Norte), a Sardenha (a ilha mediterrânica italiana que foi por séculos um reino independente) e Donetsk (outra “república russa” na Ucrânia).
Grupo D
Székely representa a minoria húngara do oeste da Romênia, e vai jogar contra a “república russa” da Ossétia do Sul (reconhecida como parte da Geórgia) e a Arménia Ocidental (pertencente à Turquia).
A competição irá apurar os dois primeiros de cada grupo para as quartas final, e daí sucessivamente para as meias e a final. Os jogos irão acontecer em Artsakh, entre 1 e 9 de junho de 2019. As duas primeiras copas, de 2015 e 2017, foram vencidas pela Padânia.