O alerta é o seguinte: cuidado com as fotografias que você tira na privacidade. Saiba que elas podem aparecer na Internet em um piscar de olhos. Seu constrangimento pode ter danos irreparáveis. Pena que este alerta veio tarde demais para uma jovem de Porto União.
O nome dela será aqui preservado, por se tratar de uma menor e também para não gerar ainda mais constrangimentos à sua índole e também à sua família. A menina tem rosto meigo. Cabelos castanhos e lisos. A jovem de 15 anos nesta quinta-feira, 29, ficou conhecida nos Trending Topics do Twitter Brasil. O assunto se espalhou pelas redes sociais e rodas de conversas. O que se sabe até o momento – com base nos comentários de redes sociais, foi a de que a jovem teria traído o namorado. A vingança se resumiu na exposição da menor.
O tal namorado divulgou fotos e vídeos da moça com conteúdos pornográficos. Inclusive em algumas fotos a menina aparece nua. Informações extra-oficiais dão conta de que a menor estaria morando com o rapaz vingativo em Campina Grande do Sul, interior do Paraná, a 260 quilômetros de Porto União. Ainda, nossa reportagem apurou que a jovem não se encontra em Porto União em virtude de tamanha exposição. Também afirmam ter visto a avó da menina em busca de uma solução do Ministério Público para o caso. No fórum nenhuma informação pôde ser confirmada, em virtude de o caso tramitar agora em sigilo.
Reportagem
O objetivo da nossa reportagem é chamar a atenção, em especial das jovens, para que evitem se expor desta maneira. É sabido que o conteúdo na Internet geralmente não tem dono. É muito fácil criar perfis e contas em nome de outra pessoa. Então redobre a sua atenção.
O que a Polícia pode fazer?
A divulgação de conteúdo pornográfico e ou sexo explícito envolvendo menor de idade é crime. A informação é do Delegado Operacional da 4ª Subdivisão Policial de União da Vitória (4ª SDP), Andre Villela. Um caso envolvendo divulgação de imagens constrangedoras, de uma adolescente nua e vídeos de sexo explícito, registrado na região, chamou a atenção para a ação policial.
De acordo com Vilela, crimes que envolvem menor estão previstos no Estatuto do Menor e do Adolescente (ECA). O estatuto foi reformado no ano passado e prevê que quando se trata de produzir, fotografar, filmar, registrar por qualquer meio, cenas de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente, a pena de prisão é de quatro a oito anos, podendo ocorrer majoração em caso de parentesco e outras questões. “Fora o processo criminal, ainda o autor pode ser processado na área cível por danos morais e difamação”, concluiu o delegado.
Ainda segundo o delegado, a 4ª SDP já trabalhou em casos semelhantes e uma ação ainda está sendo investigada sob sigilo. Outro crime é o de armazenar, trocar e difundir fotos de crianças e adolescentes em atos constrangedores, como sexo forçado, nudez ou exploração de sensualidade.
Para a psicologia
Para a Psicóloga Elenita Luiza Lodi, a Internet é um importante recurso da atualidade, que auxilia no processo de aprendizagem e propicia momentos de lazer e diversão. Mas, apesar dos benefícios, é imprescindível tomar alguns cuidados quando se acessa a rede, principalmente quando o assunto são crianças e adolescentes. Para ela, as redes sociais facilitam a comunicação, mas por ser um meio acessível a todos, por muitas vezes, o conteúdo postado não pode ser removido com facilidade. “É preciso orientar as crianças a terem cuidados com o que publicam na rede. Principalmente com dados pessoais, endereços e fotos íntimas”, comenta Elenita.
Pela velocidade, tudo o que se posta na Internet se propaga de maneira rápida, ou seja, uma conversa, foto ou vídeo, rapidamente é compartilhada e em poucos minutos atinge o mundo.
Para a também psicóloga Tábata Bolsoni, o limite do uso dessa importante ferramenta cabe aos pais. “Deve-se limitar o tempo que se utiliza o computador. Negociar com a criança e o adolescente o tempo de uso da internet é fundamental”.
Já nos casos em que as fotos, vídeos, textos ou mensagens constrangedoras são divulgados na internet, as vítimas devem denunciar às autoridades competentes para que sejam tomadas as devidas providências de remoção do conteúdo e punição da pessoa que divulgou as imagens. Já existe um projeto de lei no Senado que prevê punição para quem divulga esse tipo de conteúdo.
Para elas, o fundamental ainda é a relação de confiança entre pais e filhos. Essa relação vai além do monitoramento dos sites. Afinal, quando a confiança é estabelecida, o filho vai sempre procurar o auxílio dos pais quando surgirem dúvidas ou problemas referentes ao uso da internet.
Conselho Tutelar
Quando o Conselho Tutelar toma conhecimento de um caso como esse, é realizado um acompanhamento do fato. Aliado a isso, é realizado um trabalho psicológico a vítima e familiares.
Segundo o Conselheiro Tutelar Walmir Silva o papel do conselho é somente encaminhar o caso, julgar fica somente a cargo da justiça. “Buscamos todas as informações sobre o caso, em seguida é encaminhado um ofício ao fórum, que posteriormente estará agindo na situação”, disse Silva.
Outro papel do Conselho Tutelar é proporcionar atendimento psicológico a vítima e familiares, desde que os mesmos estejam de acordo com o processo. “O Conselho encaminha a vítima e os pais a passarem por um tratamento psicológico, pois uma situação como essa afeta muito o emocional das pessoas, porém esse trabalho somente é realizado com o consentimento dos envolvidos”, ressaltou Silva.
Em União da Vitória e região é pouco comum situações como essa, por isso o assunto tomou grande proporção. “São raras as situações como essas na região, porém fica o alerta aos pais, a certificarem com que seus filhos se relacionam”, concluiu Silva.
Redes sociais
De acordo com o Diretor de Web da Girafa Comunicação Interativa, Andrews Roberson Batista, quando um assunto cai na internet um dos agravantes para que o fato seja comentado por muitas pessoas em um período de tempo curto são as redes sociais. “Imagens distorcidas que escapam da realidade rotineira das pessoas são assuntos que viram fenômeno, e sua fama decorre das redes sociais.”
Andrews ainda ressalta que mesmo com a retirada do material da jovem da rede mundial de computadores em algum momento o assunto pode virar ‘case’ de debates e retornar à boca do povo. “Como o material foi disponibilizado para download, mesmo com a retirada das imagens e vídeos da internet alguém em algum momento pode divulgar esse assunto novamente e tudo retornar ao que esta acontecendo.”
O assunto replicado pela internet por ser de cunho pornográfico teve seu início em blogs que compactuam com o assunto e logo foi parar nas redes sociais, inclusive na conta pessoal da jovem, que por sua vez excluiu seu endereço eletrônico para não gerar mais problemas.
A dica limita-se em não expor sua imagem na internet. As finalidades desse meio de comunicação ainda não estão definidas e uma vez dentro no mundo cibernético não há mais chances de sair. O assunto pode ser ‘esquecido’ por algumas pessoas, mas o vestígio sempre estará exposto na internet.
Reveladora de fotografia
Todo o estabelecimento de reveladora de fotografia tem a obrigação de proteger a imagem do cliente ali depositada e não o expor a constrangimento algum. De acordo com Adriana, gerente de uma reveladora em União da Vitória, o estabelecimento trabalha com um programa que descarta automaticamente as fotos já reveladas em até três dias. É uma maneira encontrada para livrar espaço no computador e assegurar segurança aos clientes.
Lei Carolina Dieckmann
É claro que os famosos também padecem deste mal da Internet. Sendo que o Senado Federal aprovou na semana passada projeto de lei que criminaliza certas condutas ocorridas na internet, como invadir computadores, “roubar” senhas e arquivos, como fotos, conteúdos de emails, agora poderá dar prisão. A lei ficou popularmente conhecida como Lei Carolina Dieckmann, haja vista o ocorrido com a atriz que teve fotos íntimas retiradas de seu computador pessoal e vazadas na internet. Apesar de estar em trâmite no Congresso Nacional uma ampla reforma do Código Penal, os Senadores alegam urgência para o caso e aprovaram a mencionada lei.