Policiais femininas emprestam seu charme ao trabalho militar

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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Em União da Vitória, mulheres policiais sorriem para igualdade: trabalho é idêntico, para elas e para eles. (Foto: Mariana Honesko).

Elas acordam cedo, mantém o corte e as cores dos cabelos em dia. Nas unhas e nos lábios, carregam os tons da moda. Basta colocar a farda e pronto: o dia começa com tranquilidade e pode terminar assim também.

Há pouco tempo nos quartéis das policias militares (PM) de União da Vitória e Porto União, as 17 mulheres tem chamado a atenção da comunidade. Elas são das turmas dos novos soldados que, no lado paranaense, formam-se no dia 19 e em Porto União, onde já são profissionais, atuam desde o mês de agosto. Todas têm sua terra natal nos estados onde trabalham mas, conforme a classificação, puderam escolher o endereço para exercer a função.

Atuação em Porto União

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Grupo aumenta efetivo e sensação de segurança em Porto União

No município, a nova turma trouxe homens – ainda maioria – e oito mulheres para o Quartel. Na cidade, a presença do contingente tem apenas um mês mas já esboça resultados. O efetivo total da companhia é de agora 65 militares e nas ruas, a sensação de segurança é muito maior.

Antes do grupo das oito mulheres, o Quartel de Porto União mantinha apenas outras duas soldados. Portanto, a presença feminina não é novidade. “Mas elas deram uma sensibilidade a mais. Melhoraram até o nosso ambiente de trabalho”, elogia o subcomandante, Tenente Rafael Clóvis Bensi.

A rotina das policiais é das 13 às 19 horas, todos os dias. Não há distinção de trabalho: homens e mulheres abordam, revistam, ordenam. Contudo, a presença das mulheres reforça a cobertura em locais até então pouco explorados. “Elas estão no policiamento ostensivo, a pé e nas regiões mais pontuais, de acordo com o gráfico de ocorrências. Elas ficam também perto das escolas, das saídas e entradas de colégios”, lembra o Tenente Bensi. “Aqui, elas são nossas irmãzinhas”, completa.

Desempenho em União da Vitória

Vinte e nove novos soldados ingressaram na Companhia Heróis do Contestado em novembro do ano passado. Deste grupo, nove usam batom. Como em Porto União, antes delas, outras seis militares – cinco soldados e uma oficial – já atuavam na corporação. “É igualdade. O trabalho dela é igual ao do homem. A mulher policial não tem distinção”, explica o oficial da comunicação social da PM de União da Vitória, capitão Irineu.

Na companhia, a turma está encerrando seu período de estágio. A formatura ocorre no dia 19 e, até lá, todo o desempenho passa por avaliação. “Os alunos se mostram envolvidos, motivados com o trabalho”, sinaliza o capitão.

A presença feminina, conforme a comunicação social, tem dado leveza ao trabalho. Naturalmente mais comunicativas, as mulheres militares tem no diálogo sua melhor arma. “Acredito que a gente soma muito neste contexto. A mulher tem muitas qualidades, mas é na conversa que conseguimos nos sair melhor em cada ocorrência”, sorri a soldado Mayer, há oito anos na carreira e dona de uma invejável – aos homens – Carteira de Habilitação AD.

Elas chamam a atenção

Se a farda chama a atenção, dá para imaginar o que ela significa quando é usada por uma mulher. Conforme as militares, o sentimento é misto e passeia pela curiosidade e admiração. Muito mais que os “fiu-fiu” dos homens, as policiais estão colecionando elogios das próprias mulheres. “Elas estão gostando muito da nossa presença. Tem algumas senhoras mais velhas que dizem que, se pudessem, também teriam sido policiais”, conta a aspirante Karyne, há pouco mais de quatro anos na profissão.

Fora da farda, Karyne é “da Conceição”, paulista, filha de pai militar. “Nasci no hospital da Polícia, fui para a creche da Polícia, sou filha de policial. Não tinha como eu não ser também. É de berço”, sorri.

Entre elas, as histórias se replicam e fica fácil entender os motivos que levaram à escolha da profissão. De modo geral, é a admiração à carreira o que ocupa o ranking mais alto. “Eu ia para a Oktoberfest (festa alemã de Blumenau (SC)) com o meu pai e via as mulheres policiais trabalhando. Fui conhecendo o trabalho e gostando cada vez mais”, conta a soldado Mayer.