Vai ser preciso substituir os alimentos

Com grande apetite, setor de alimentos devora cifras e aumento é considerado o maior em 11 anos. Especialistas recomendam mudanças no consumo

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Atualizado há 11 anos

Por Mariana Honesko

Inflação - 01
Tomate teve alta de 33% e em lugares do país, quilo chegou aos R$ 11

Os preços dos alimentos estão em disparada no Brasil. O aumento é grande, considerado o maior em 11 anos e o setor aparece como principal responsável pela alta de quase 1% da inflação em março. O setor é o que mais afeta a população e segundo as previsões dos especialistas, os preços ainda vão subir mais neste mês. O anúncio nas prateleiras pegou de surpresa a dona de casa, Odete de Fátima, moradora do bairro Vice King, em Porto União. “O salário está tão pouco e as coisas caras demais”, diz. “O tomate, que eu gosto, estou pegando só um pouco e a batatinha, nem pego”, conta.

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Dona Odete se assustou com os preços altos e deixou de comprar: tomate é só para “matar” a vontade

Odete e outros tantos consumidores vão precisar de criatividade para mudar o que se põe a mesa. Para os especialistas, a mudança nos hábitos e até de paladar é a única medida capaz de não alimentar a inflação, bem como de poupar a economia mensal. “O comprar caro também alimenta a inflação”, enfatiza a economista, Sueli Martini.

A alta nos preços é resultado de uma combinação de vários fatores. Conforme Martini, uma pequena elevação é normal neste período do ano. Além disso, as cifras oscilam conforme o período de estiagem ou de muita chuva. Seja qual for a estação, haverá interferência nos preços. “A seca de São Paulo, por exemplo, de onde vem a maioria de nossos produtos, e o período de entressafra, interferem nos valores”, ressalta a comerciante, Soeli Bach, dona de uma casa de comércio de frutas e verduras em Porto União.

A variação de preços, que é diferente em cada região do país mas exclusiva no Brasil, só deve ser estabilizada em agosto ou setembro. “Só a partir disso vamos encontrar os alimentos com preços menores”, lembra a economista.

Gráfico EconomiaO tomate subiu quase 33% em um mês só. Porto Alegre teve a maior alta e registrou alta de 71%. Nas Cidades Irmãs, o quilo é comercializado por pouco mais de R$ 4. “Em alguns lugares chegou à R$ 11”, lembra a comerciante da casa de frutas. Em situações normais, contudo, o valor gira entre os R$ 2. Houve alta também nos ovos, no feijão e na batata, 35% mais cara e vendida por pouco menos que R$ 4 o quilo.

Mas, alguns alimentos até registraram queda de preço em março. É o caso de algumas frutas, como a pêra, melancia e a goiaba. Conforme a Central de Abastecimento (Ceagesp), a abobrinha, berinjela, pepino, beterraba, milho verdade e repolho seguem bem em conta.