Reurbanização da BR-153 ainda não saiu do papel

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Atualizado há 12 anos

Reurbanização da BR-153 ainda não saiu do papel
As obras estão paradas. (Foto: Bruna Kobus).

As obras de asfaltamento e readequação da BR-153, trecho União da Vitória até a divisa com Santa Catarina, seguem em ritmo lento. Vários trechos do entroncamento com a BR-476 até o Trevo de Palmas (Horizonte) estão em atividade, ainda que não no ritmo que se esperava.

Mas a tão divulgada revitalização do trecho não saiu do papel. Os viadutos projetados ainda fazem parte do projeto, mas podem nunca sair do papel, porque a verba de restauração da BR-153 foi encolhida dentro do plano de ajustes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No ritmo do Paraná, a fronteira com o estado de Santa Catarina segue com investimentos acanhados.

Obras federais estão empacadas no Paraná

Reurbanização da BR-153 ainda não saiu do papelNos últimos meses o Paraná abriu uma nova frente de batalha com o governo federal para conseguir investimentos na melhoria do sistema ferroviário estadual. A querela começou depois que a presidente Dilma Rousseff anunciou um plano de concessões da malha ferroviária que simplesmente ignorou as necessidades do Estado e, pior, transforma o porto de Paranaguá num simples entreposto do porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

Em razão da falta de atenção com o Estado, uma das primeiras reações dos políticos e de entidades que representam o setor produtivo foi questionar qual o papel dos paranaenses que estão no primeiro escalão da presidente: Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Gilberto Carvalho (chefe de gabinete) e Paulo Bernardo (Ministro das Comunicações). O Paraná quer menos ministros e mais recursos foi a frase que ecoou em Brasília.

Pelo plano federal, duas ferrovias cortariam o Paraná. Uma delas sairia de Maracaju (MS) e iria para Cascavel. Dali o trecho segue para Mafra (SC) e depois para o litoral catarinense. A outra é ferrovia Norte-Sul, que cruza todo o País. O traçado divulgado pelo Ministério dos Transportes coloca a linha na parte leste do Paraná, cortando o Estado na região de Ponta Grossa e seguindo, de novo, para Mafra.

A primeira reação do governador Beto Richa ao conhecer os traçados foi a seguinte: “Tiraram o Paraná do mapa brasileiro”. A avaliação do governo estadual é de que os trechos citados só passam pelo solo paranaense porque não é possível fazer um ramal pelo mar ou pelo ar.

Reurbanização da BR-153 ainda não saiu do papelA briga agora é para que a União esqueça as ideias urdidas em Brasília com a anuência dos ministros paranaenses – que não atendem aos anseios do povo do Paraná – e considere as propostas apresentadas pelo Estado e conhecidas por diversos ministérios há pelo menos uma década, entre eles a Casa Civil, o Planejamento e o de Transportes. Sobre o que o governo Dilma apresentou, o vice-governador Flávio Arns foi claro. “Não fomos ouvidos, não fomos consultados e não fomos contemplados”, disse.

O Paraná pede que duas linhas que cortem o Estado, de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Em relação à ferrovia federal Norte-Sul, que a linha entre no Estado pela região Noroeste (Cianorte), passe por Maringá e chega a Cascavel. Dali, que siga para o Sudoeste, entre Pato Branco e Francisco Beltrão, indo para Chapecó (SC).

O outro traçado que atenderia às demandas da produção do Paraná é o que vem de Maracaju (MS), passa por Guaíra e Cascavel, e segue em direção ao Porto de Paranaguá, atravessando Guarapuava, Ponta Grossa e Curitiba.

Estes traçados atenderiam as principais regiões produtoras do agronegócio paranaense.  Prova disso é que constam do relatório do Fórum Permanente Futuro 10 Paraná, que reúne as principais organizações do setor produtivo estadual. O documento foi entregue em março passado ao ministro dos Transportes, Paulo Passos, com a anuência do governo do Estado.

Antes disso, o relatório dos gargalos logísticos do Paraná foi amplamente discutido com a ministra Gleisi Hoffmann e o ministro Paulo Bernardo. Por isso, a alegação de que no governo federal as prioridades do Paraná eram desconhecidas não se sustenta. “Temos que lutar por estradas que facilitam o tráfego da nossa produção e são geradoras de desenvolvimento para o Paraná e sua gente”, afirma o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.

Segundo ele, os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul concordam com a sugestão do Paraná e se uniram na luta por uma estrada que atenda os interesses de todo o Estado. “Só os ministros paranaenses em Brasília não compreenderam o que o Estado precisa. Ou, na pior das hipóteses, estão trabalhando com aquela ideia de quanto pior, melhor, de olho tão somente no projeto de poder que têm”, avalia o deputado estadual Ademar Traiano.

O deputado federal gaúcho Beto Albuquerque (PT), que responde pela secretaria de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul, afirma que o melhor traçado da Norte-Sul deveria ser discutido com os Estados do Codesul. “É fundamental retomarmos o traçado anterior, na qual priorizamos a interiorização da ferrovia”, defendeu o parlamentar petista.

Empacado

A questão ferroviária, no entanto, é apenas um pedaço do imbróglio que envolve o Paraná e o governo federal. De modo geral, o Estado está tendo grandes dificuldades para ver acontecer diversas obras de infraestrutura importantes para o seu desenvolvimento, notadamente aquelas que foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A definição de prioridades de investimentos no Paraná sob o prisma federal encontra alguns questionamentos. Uma das obras incluídas no PAC é a segunda ponte entre Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu. Trata-se de um projeto que consta do orçamento federal desde 2005 e que até agora não saiu do papel.

Obviamente não se discute a necessidade da nova ponte. O que os paranaenses discutem é se este é um projeto que deveria ser colocado na conta do Estado, visto que é de interesse do País, e o próprio valor da obra previsto nos relatórios do Ministério dos Transportes: R$ 401,5 milhões.

Enquanto isso, os recursos que seriam destinados para manutenção e operação rodoviária chegam a R$ 278 milhões. O dinheiro deveria começar a ser investido no ano passado, mas segundo revela o relatório de acompanhamento dos projetos do PAC até agora está no estágio de “ação preparatória”.

(Bruna Kobus/Jornal O Comércio)

Outro projeto que há mais de uma década frequenta os primeiros lugares da lista de prioridades do Paraná é a conclusão da Estrada Boiadeira (BR-487), entre Porto Camargo (divisa com o Mato Grosso do Sul) e Campo Mourão.

Na região o governo estadual construiu um complexo de pontes sobre o rio Paraná para facilitar a ligação do Sul com o Centro-Oeste. Isso tem mais de 10 anos. Desde então a construção do trecho rodoviário entra e sai do plano federal e nada acontece.

A BR-153, entre Guaíra e Barracão, é outro gargalo que não se resolve. Apesar da operação tapa-buraco, o que a via precisa é uma ampla obra de readequação. A estrada tem um tráfego médio de 8.000 mil veículos por dia.

Outra estrada que tem seu projeto de melhoria empacado no Paraná é a BR-153. Conhecida como Rodovia Transbrasiliana, ela tem um plano de construção de trecho de cerca de 60 quilômetros entre Alto do Amparo e Imbituva.

No final do ano passado o ministro Paulo Bernardo afirmou que o governo Dilma vai investir R$ 90 milhões na obra. No PAC, o traçado consta como em “ação preparatória” e estão previstos R$ 61 milhões para serem aplicados depois de 2014. A BR-158, entre Campo Mourão e Palmital, no Centro do Estado, se mantém no estágio de “em licitação”.

Em agosto, o governo federal prometeu aplicar R$ 2 bilhões em estradas no Paraná, com a contratação das obras pelo até o final de 2012 pelo Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que permite agilizar o cronograma. “O importante é que as obras aconteçam o mais breve possível porque vão contribuir para o desenvolvimento do nosso Estado”, afirmou o secretário da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.