O movimento Sul é o Meu País voltou a ser notícia. Ele vem na onda da repercussão do plebiscito catalão – pela independência da Catalunha em relação à Espanha – e amanhã, vai promover uma nova consulta sobre o tema. Quem participa, terá que responder à pergunta, ‘Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?’. Com mais de 30 mil voluntários e 3.043 urnas disponíveis, os organizadores sonham com a participação de mais de 1 milhão de votantes assinalando a opção “sim”.
A votação é simbólica, mas que pode servir como coleta de assinaturas para pressionar o Congresso, para que, em 2018, um plebiscito oficial seja construído. O grupo separatista quer que o resultado do plebiscito crie uma pressão popular, mas não deseja conflito.
Como a sondagem é exatamente isso, uma sondagem, ainda não existe, por exemplo, uma definição de como seria a República Sul Brasileira – esse é um nome fantasia usado por alguns membros do Sul é o Meu País. Existe ainda uma ideia rudimentar de batizar a própria moeda de “pila”, como comumente os moradores da região contestada chamam o dinheiro.
O assunto, no JOC
Há um ano, reportagem especial no jornal O Comércio mostrou com profundidade os efeitos do tema. A bandeira que quer transformar a região Sul em um País, separado das demais regiões do Brasil, é bastante polêmica. Nem os sulistas concordam quando pesquisas e plebiscitos informais sondam a opinião. Há quem aprove a possibilidade. Há quem é radicalmente contra. Para ambos, sobram argumentos para justificar a posição.
Um dos principais motivos para a proposta de separação do Sul envolve o pacto federativo. O movimento – e todos os simpatizantes da causa – não concordam com a proporção de impostos arrecadada pela União nem com o retorno recebido pelos Estados e municípios na forma de investimento direto. Uma sondagem feita pela reportagem de O Comércio mostra que a maioria dos favoráveis à separação reclama justamente dessa falta de compensação. Dizem que o Sul sustenta outras regiões, especialmente o Nordeste.
O projeto de separar Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná não é permitido pela Constituição Federal. O primeiro artigo do documento mostra que a República Federativa do Brasil é formada pela “união indissolúvel” dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. E isso é histórico. No descobrimento do Brasil, a integridade das regiões conhecidas por Cabral e companhia, era uma das metas. “Se olharmos o Tratado de Tordesilhas, o Rio Grande do Sul pertencia à Espanha entre 1580 e 1640. O Brasil estava submisso ao rei da Espanha, que era rei de Portugal também”, contou para a matéria, na época, o historiador, Aluísio Witiuk. Ou seja, o Rio Grande, como Estado, nem existia neste período. “Quando Portugal retoma o trono em 1640, retoma o que é o território que a gente conhece hoje”, completou.
O Brasil foi sendo descoberto aos poucos, a partir de expedições feitas pelo litoral. O Sul, por estar mais na parte inferior do mapa, é um pouco mais jovem que o Nordeste, por exemplo. Mas não muito. Estima-se que a maior parte do território do País já era conhecido apenas após 30 anos desde 1500.