Por Mariana Honesko
O aposentado Davi Graefling é contrário ao recente anúncio feito pela empresa que administra o sistema rotativo em União da Vitória. “Como é que vai ser agora se a gente quer ficar apenas cinco minutos na vaga?”, questiona. O protesto é contra o fim da cortesia de dez minutos concedida para quem faz uso de uma das vagas monitoradas pela Rodec Estacionamentos. O vendedor, Antônio Juvenal da Silva, é mais enfático e considera errada, também, a cobrança pelo uso temporário. “Isso não deveria existir. O estacionamento não deveria ser cobrado”, diz.
A Rodec sabe que nos próximos dias as reclamações devem ser replicadas mas garante estar preparada para driblar as dúvidas e questionamentos. Segundo a empresa, a ação estimula o bom relacionamento entre as monitoras – hoje são 30 funcionárias – e motoristas. Dar impulso ao ritmo do trabalho das profissionais endossa os motivos que levaram a decisão.
A cortesia de dez minutos para quem faz uso das vagas do rotativo não está prevista nem no contrato nem na legislação. Contudo, a concessão deste curto período garantiu a adaptação da comunidade ao novo modelo na época em que foi implantado, em 2006. “Também servia para que os motoristas encontrassem as monitoras para colocar o cartão atualizado mesmo”, lembra a representante da Rodec, Keila Pacheco Magnani.
Com o tempo, contudo, a cortesia se transformou em álibi. “Muitos adotaram os dez minutos como regra”, explica. O efeito garantiu reclamações de quem voltava ao carro com 12 ou 15 minutos de atraso, por exemplo. Na tentativa de arquitetar melhor o sistema do rotativo, a Rodec adotou o corte como saída. A nova regra entra em vigor a partir do dia 2 de setembro. “Nesta semana as monitoras já estão orientando os motoristas sobre a mudança”, afirma Keila.
A Rodec também ampliou os pontos de venda de blocos e trabalha na identificação dos novos endereços. As placas que sinalizam o estacionamento rotativo vão receber informativos com os locais mais próximos de cada setor.
Em União da Vitória, a Rodec responde pelo sistema rotativo desde julho do ano passado. O sistema, porém, foi criado no município em 2006.
Menos notificações, mais agilidade
O fim da cortesia também deve dar mais autonomia ao trabalho das monitoras. Conceder e preencher o cartão do benefício nos 22 setores mapeados consome tempo e compromete o ritmo do trabalho. Mesmo com um número extra de funcionárias – a legislação estipula que cada setor tenha apenas uma monitora – atrasos não são raros. “As meninas perdem até uns dois minutos para dar a cortesia e isso atrasa os outros atendimentos”, explica Keila.
O reflexo do engessamento afeta quem espera para atualizar seu cartão. Ao longo do dia, os atrasos transformam-se em cifras. A irregularidade no estacionamento é transformada em uma notificação. “A pessoa tem até 72 horas para regularizar. Somente depois disso é que este aviso se transforma em multa”, explica a gerente da Rodec, Vanilda Lima. O trâmite é gerenciado pela Uvtran, órgão municipal que lança as penalidades no sistema do Departamento de Trânsito (Detran).
Sistema muda apenas em União da Vitória
A partir de segunda-feira os motoristas precisam ser mais ágeis e atentos. Todos os minutos serão contados como tempo de permanência na vaga do rotativo. A orientação da Rodec é para que caneta e bloco estejam sempre em fácil acesso. Não haverá mais tolerância e a ausência do cartão implica em penalidade, passível de conversão em créditos, de maneira automática.
A regra que vai valer em União da Vitória, porém, não será aplicada em Porto União. Segundo a empresa, o relacionamento mais estreito bem como o tamanho da cidade, contribui para a manutenção do sistema. Porto União acomoda dez setores administrados por dez monitoras. Na cidade vizinha, a tolerância continua válida.
A opção de escolha pela cidade e a própria gratuidade é polêmica. Em outros centros, a isenção é nula: a colocação dos cartões é automática. A medida vale até para cidades cujo sistema é mais avançado e já usa parquímetros e acionamento com boton.
O assunto também foi debatido na sessão de ontem da Câmara de Vereadores de União da Vitória. Em requerimento, o presidente, Gilmar Jarentchuk (PT), defende a manutenção da gratuitamente. “Ou então que a empresa mantenha 15 minutos e cobre por isso R$ 0,25”, sugere. Contrário ao corte, o vereador defende a isenção baseado no hábito já criado pela comunidade. “Ela não estava prevista no contrato mas as pessoas já se acostumaram”, endossa. “Para mim e para toda a população é importante que isso seja mantido”, completa.
A mudança é uma iniciativa privada e isenta a prefeitura de responsabilidade. Como participação, o município apenas abre a licitação que vai contratar a empresa que vai gerir ao sistema. Isso já ocorre, por exemplo, na contratação das empresas de transporte coletivo. “Por isso a empresa tem liberdade para agir”, reforça o secretário de Administração, Eraldo Antônio de Castro.
A gratuidade, ainda que não prevista no contrato, é uma singularidade de União da Vitória. De acordo com a Administração, nenhuma outra cidade do estado aplica o modelo de isenção. Na cidade, a mais recente licitação envolvendo a empresa ocorreu no ano passado. Para a próxima, a prefeitura estuda a criação de um consórcio que unifique os modelos adotados nas cidades irmãs.
Três opções para estacionamento
30 minutos – R$ 0,50
1 hora – R$ 1
2 horas – R$ 2