90 anos de O Comércio, um vovô na comunicação regional
Até parece que foi ontem, mas já se passaram 90 anos desde aquele 11 de junho, data em que O Comércio pedia licença para fazer parte da vida dos leitores do Vale do Iguaçu e região.
Hoje, ele é um senhor. Um vovô na história da comunicação local e regional. Certamente, se o jornal pudesse criar vida, encheria o peito ao recordar as histórias já contatas e inúmeras causas defendidas. Porém, como estamos falando de um vovô hipotético, que fez parte da vida de muita gente – e ainda o fará –, mantém-se em plena forma, se reinventando semanalmente.
Fundado pelo professor e jornalista Hermínio Milis, em 11 de junho de 1931, o Comércio teve muitos problemas no seu início, por conta do regime militar da época. Eram muitas ameaças de fechamento e, pouco mais de seis meses para o lançamento do jornal, Hermínio Milis chegou a ficar detido em Florianópolis (SC). Sua garra e luta fizeram com que, ainda em maio de 1932, ele reabrisse o jornal.
Nessa época, o jornal era impresso com apenas oito páginas, dividido em quatro colunas, com tipos grandes no corpo do texto. Foi nesse ano que o jornal recebeu o seu primeiro anúncio publicitário. O cliente era a “Casas Pernambucanas”. A propaganda era paga, com um layout diferente para os dias de hoje, mas muito empregado na época: molduras, letras em caixa alta e texto acessível.
Pouco depois, o Comércio noticiou em suas páginas os anos de chumbo da ditadura, período em que nem tudo poderia ser falado ou escrito. Era a época em que se lia pelas entrelinhas, receio de ser censurado e repressão. Vale lembrar que isso não acontecia somente com a imprensa, mas também com o teatro, cinema, entre outros, que tentavam driblar as regras para expressar as suas ideias.
Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, que foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo, o Comércio precisou sobreviver as dificuldades para circular, como por exemplo, a falta de papel usado na impressão do jornal.
Em 1950 o periódico teve uma primeira grande mudança no projeto editorial. Começava a ser impresso no formato standard (o maior entre os jornais, com 560 x 320 mm) e com 12 páginas. No decorrer do tempo, a demanda de notícias que chegava para a redação foi crescendo e a consequência foi o aumento das páginas. A composição do jornal foi feita manualmente até 1972 e a impressão com linotipos (uma espécie de máquina de escrever) começou a ser usada em 1973.
Sendo assim, somente em 1986, começaram a ser usadas máquinas off-set (impressoras industriais). O jornal era impresso nas gráficas do Jornal Indústria e Comércio, em Curitiba (PR).
Já em 1988, O Comércio modernizou sua redação e diagramação e começou a usar computadores para todas as funções. No ano seguinte, o jornal passa por sua segunda grande mudança gráfica e editorial.
Atualmente, o jornal circula no tamanho tabloide (250 x 350 mm), dividido em cinco colunas. Possui linha editorial baseada na ética, informação com qualidade e respeito com o leitor. A logomarca do jornal é formada basicamente por letras, destacando o nome do jornal: O Comércio.
É afiliado da Associação dos Diários do Interior (ADI) de Santa Catarina e Associação dos Diários do Interior (ADI) do Paraná, cuja principal missão é fortalecer a mídia regional nos dois estados.
O Comércio, desde 2012, integra o Grupo Verde Vale de Comunicação, que é composto pelas rádios FM Verde Vale, CBN Vale do Iguaçu, Portal Vvale e Girafa Comunicação Interativa.
Um vovô que tudo sabe
Além de vivenciar o regime militar e a segunda guerra mundial, o Comércio já contou histórias felizes de sua gente e também situações tristes, mudanças no cenário político, educacional, cultural, economia e diversidades. Fatos repletos de altos e baixos e de interesse popular.
O mais recente, dispondo de total resiliência e imparcialidade no relato das informações, o Comércio também enfrenta a pandemia da Covid-19 que virou o mundo de cabeça para baixo em 2020.
Sem dúvidas, esse vovô que tudo sabe – e que procura saber –, acompanha a cultura dos novos tempos e se mantém na posição que desfruta hoje, graças ao seu passado, por meio da construção de suas pautas em defesa dos interesses gerais da sociedade, com ética e responsabilidade, desenrolar dos fatos nacional e internacional e com qualidade das reportagens.
O Comércio é digitalizado
Em setembro de 2012, uma equipe formada por professores e acadêmicos do Colegiado de História da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras União da Vitória (Fafiuv), hoje Universidade Estadual de União da Vitória (Unespar) – Campus de União da Vitória, iniciou o projeto de digitalização documental do acervo do Jornal O Comércio.
A ideia da digitalização aconteceu em 2011, em uma parceria com o diretor geral do Grupo Verde Vale de Comunicação, Caique Agustini, da diretora do jornal O Comércio, Sitamar Brittes Dalmas e demais colaboradores da época, na tomada de consciência do valor histórico desta documentação, despertando nos acadêmicos e na comunidade o interesse e a preocupação pela busca e preservação histórica.
Os trâmites burocráticos para o início da digitalização transcorreram até o primeiro semestre de 2012. Na época, quem assumiu os trabalhos foi o professor Jefferson Willian Gohl, juntamente com o cargo de Coordenador do Curso de História. O trabalho contou ainda com a seleção de bolsistas para a execução da digitalização.
O processo consistiu em fotografar com máquina digital página por página do jornal, de 1931 até 2005. Em seguida, para facilitar a pesquisa, foi feito um acervo documental com o resumo do que constava em cada data e página. Foram 99 livros compilados com as páginas de O Comércio para digitalização. O arquivo irá oferecer pesquisas por datas ou por palavras, dicionário de grafia antiga e fotos, com o intuito de preservar a memória das cidades e da região.
O que esperar de um senhor vovô?
Que ele tenha muitos anos de vida e, que ainda tenha muitas histórias para contar!
Parabéns Jornal O Comércio!
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