Aqui tem jogo
Em 90 anos de Jornal, vários nomes se dedicaram à cobertura esportiva da região
Frases como estas fazem parte da rotina de vários atletas, filhos e netos de pessoas que construíram a história do esporte no Vale do Iguaçu. A apresentação de seus feitos sempre vem acompanhada de uma foto ou até mesmo de um recorte da coluna esportiva, em destaque nas páginas de O Comércio.
Neste dia de comemoração de 90 anos de história, olhando para o passado nota-se que O Comércio registrou grandes momentos do esporte local, desde os campeonatos amadores de futebol da Liga Esportiva Regional Iguaçu (Leri), até mesmo a criação da Associação Atlética Iguaçu, time profissional de União da Vitória. Aliás, falando em Iguaçu, foi depois de uma coluna esportiva de O Comércio sugerir a criação de um time profissional no Vale do Iguaçu que surgiu a Pantera do Vale, que em 2020 completou seus 50 anos.
Que tal um time profissional?
No início da década de 70, o auge esportivo em União da Vitória era o futebol amador. Grandes jogos aconteciam em São Cristóvão, no estádio Eneas Muniz de Queiroz, no Ferroviário e no Avahi Esporte Clube.
As competições da Liga Esportiva Regional Iguaçu eram atração dos finais de semana, atraindo centenas de espectadores para os jogos. Nada passava despercebido e tudo era registrado nas páginas de O Comércio.
Na época, os relatos eram feitos por José Leocádio Vieira, ou simplesmente Cadinho, importante cronista esportivo. Sempre lembrado pela sua dedicação com o esporte, Cadinho faleceu em 24 de julho de 2020.
Ele foi um dos responsáveis pela criação de uma equipe profissional em União da Vitória. Em entrevista à CBN Vale do Iguaçu, compartilhou que escreveu, em uma de suas colunas, sobre a necessidade um time profissional.
A coluna chegou ao então comandante do 5º Batalhão de Engenharia e Combate Blindado (5º BEC), Coronel Ricardo Gianordolli, que mandou chamar o colunista para uma conversa. “Mandaram me chamar lá no Batalhão, cheguei tremendo. Quando entrei na sala do comandante, estava sobre sua mesa uma edição do Jornal O Comércio. Ele me perguntou se eu tinha escrito aquela coluna sobre o time profissional. Falei que sim. O comandante me estendeu a mão e disse: tem meu apoio”.
Cadinho conciliava sua atuação na época integrando com as equipes esportivas das rádios Colmeia de Porto União e a extinta União 1070 de União da Vitória, que abriu espaço para a instalação da CBN Vale do Iguaçu. Anos depois, deixou o Comércio buscando novos desafios.
O Iguaçu, uma de suas principais bandeiras, foi tema recorrente com o passar dos anos, ganhando páginas de destaque no jornal. Um misto de alegrias e tristezas para os fanáticos torcedores da Pantera do Vale. Foram relatos de acessos de divisões do Campeonato Paranaense, rebaixamentos e, até mesmo, a desativação da equipe em 2010.
O Comércio reproduziu especiais com momentos importantes da história do clube, culminando em seu retorno das competições oficiais no ano de 2019, seguido pelo título da Série C do Campeonato Paranaense, no ano seguinte.
Editor-chefe e colunista
Na década de 90, o jornalista Marcelo Storck assumiu o cargo de editor-chefe do Jornal O Comércio. Além de direcionar o conteúdo da publicação, Storck também era o responsável pela coluna esportiva.
Na época, integrava a equipe de esportes da rádio Colmeia, que contava com grandes nomes como Nilson Gilson Parise, o Nico, Valdir Zanetti, Orley do R. Maltauro e Hélio Tiné Fagundes. As transmissões esportivas da emissora ganhavam ainda mais destaque nas páginas do jornal. “Integrava a equipe da rádio e me possibilitou acompanhar importantes eventos e registrar nas edições do jornal”, afirmou Storck. Com o passar do tempo, Storck acumulou novos desafios, deixando a coluna esportiva.
Melhores do Esporte
Por muitos anos, além das conquistas retratadas nas páginas de O Comércio, os atletas do Vale do Iguaçu também tiveram enaltecidos os seus feitos na premiação ‘Melhores do Esporte’, realizada ao final de cada temporada esportiva.
O idealizador da premiação, Durval de Lima Júnior – já falecido – era o responsável pela coluna esportiva do jornal. Conhecido na região, Lima intensificou a cobertura das mais variadas modalidades esportivas, o que condicionou a promoção do prêmio.
O evento, realizado nos principais clubes sociais do Vale do Iguaçu, era aguardado por dirigentes, atletas e apaixonados pelo esporte em toda a região. Era sempre uma surpresa conhecer os melhores em cada modalidade. “Muitos jovens destaques foram justamente premiados. Tem gente que até hoje guarda os troféus com orgulho”, disse Carlos Senkiv, esportista no Vale do Iguaçu.
Com o passar do tempo, a festa ‘Melhores do Esporte’ acabou ficando na lembrança e eternizada nas páginas de O Comércio. Durval de Lima acabou deixando anos mais tarde a coluna esportiva.
Sem toda tecnologia
“Não tínhamos toda a tecnologia dos dias atuais, mas conseguimos fazer um bom trabalho”. Divair Dalmas assinou a coluna esportiva de O Comércio nas décadas de 80 e 90.
O tradicional bloco de anotações e as antigas câmeras fotográficas eram as companheiras do colunista nas idas a campo. “Chegávamos para as competições, fazíamos os registros e tinha toda aquela expectativa para revelar as fotos. Sim, naquela época não era a tecnologia que temos hoje”, enfatizou Dalmas.
O futebol contava com o maior número de competições ao longo do ano, mas outros eventos que aconteciam também ganhavam destaque. “Acompanhei jogos do SESI, os Estudantis que eram muito fortes na época, sem contar o basquetebol de Porto União, sempre destaque nas competições estaduais”, disse.
A tradição do jornal refletia na sociedade pela busca dos exemplares e a confirmação do registro de suas conquistas. “Até os dias atuais encontro pessoas daquela época que falam que guardam recortes do jornal, edições de eventos esportivos que participaram, isso é gratificante”, afirmou Dalmas.
…uma história de continuidade
Não poderia ser diferente e, por isso, este parágrafo será narrado em primeira pessoa. Além dos nomes já citados, além de tantos outros que colaboraram com as páginas do esporte, contarei a minha relação com ambos. Não é segredo para ninguém, mas reitero o meu apreço pelas coberturas esportivas.
Sou Ricardo Silveira e o ano era 2009. Estava concluindo a graduação de jornalismo no Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv). Atuava na equipe da então Rádio Difusora União quando recebi o convite da direção do Jornal O Comércio para assumir a coluna esportiva do diário. Um desafio e tanto – muito embora tivesse me preparado para esse projeto em minha carreira.
Enquanto acadêmico, em uma das minhas pesquisas, cito o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a história da Associação Atlética Iguaçu, o qual tive a oportunidade de acessar os arquivos do jornal. Percebi a riqueza de seu conteúdo e a responsabilidade em continuar a contar as histórias do esporte do Vale do Iguaçu.
Com o tempo, buscamos ampliar o conteúdo. Eis que veio a série especial “Uma paixão chamada Iguaçu” com histórias de grandes nomes da equipe de União da Vitória. Também a cobertura da fase final dos Jogos Abertos do Estado do Paraná.
Por fim, das várias coberturas do esporte, até agora, entre comemorações e outras nem tão felizes, só tenho a agradecer a oportunidade de aproximar o leitor da riqueza de detalhes daqueles que estão nos campos ou nas quadras.
E que venham muitas vitórias e novas histórias para registrar!
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