Frio preocupa médicos que atuam em hospitais pediátricos
Diante de um cenário de emergências e UTIs pediátricas lotadas, a proximidade do inverno preocupa os médicos e deve servir de alerta aos pais. Tradicionalmente os dias frios causam aumento na ocorrência de casos de infecções respiratórias. Em 2022, porém, a situação é atípica. “Já é esperado um maior número de casos neste período do ano. O aumento substancial registrado nas últimas semanas, porém, superou qualquer previsão”, diz o conselheiro do CRM-SC, Marcelo Souza Cruz, anestesiologista que atua no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Ele diz que a situação exige atenção dos pais. “Se a criança estiver doente, é importante evitar o contato com outras crianças – não levando para a escola, por exemplo. Os adultos e as crianças maiores podem usar máscaras se apresentarem algum sintoma respiratório, diminuindo assim a disseminação”. Ele acrescenta ainda que, nos casos mais leves, os pais devem procurar as unidades básicas de atendimento, evitando a sobrecarga das emergências, que ficarão disponíveis para atendimento dos casos graves. Em paralelo, o Governo do Estado busca soluções para enfrentar a situação, como o anúncio de 68 novos leitos de UTI pediátrica. Além disso, entre as medidas a serem avaliadas está a contratação de mais profissionais de saúde, como técnicos de enfermagem e pediatras, e a reorganização das enfermarias para aumentar o número de leitos disponíveis. Marcelo Souza Cruz alerta ainda que os casos registrados em 2022 fogem do padrão de outros anos. “O aumento na demanda ocorre principalmente na faixa etária desde os recém nascidos até os dois anos. Uma das hipóteses é o isolamento dessas crianças. Durante a pandemia, elas não haviam tido contato com os vírus respiratórios já presentes na comunidade e não adquiriram imunidade. Com a volta à vida normal, com atividades sociais e convívio com outras crianças, houve uma disseminação desses vírus em um grande número de crianças ao mesmo tempo”.
Voltar para matérias