Locomotiva 310 de volta aos trilhos?

Desde o retorno da Locomotiva 310, a famosa Maria Fumaça, em 10 de fevereiro de 2021, os moradores do Vale do Iguaçu questionam sobre quando o transporte histórico percorrerá os trilhos.

De acordo com Élio Weber, empresário e integrante do Projeto Trem das Etnias e Instituto Cultural Grünenwald de Porto União, a intenção é de que esse desejo da população se concretize o mais breve possível. Os passeios de trem, segundo ele, estão sendo vistos como uma aposta para o aquecimento do turismo local pós-pandemia.

Locomotiva 310 de volta aos trilhos

A Maria Fumaça se encontra hoje no pátio do Instituto Cultural Grünenwald, que fica na rua Pedro Mazurechen, no bairro São Pedro, em Porto União. “Ela (a locomotiva) já está nos trilhos, porém estacionada para a sua manutenção. A Maria Fumaça irá contar com uma cobertura para preservar a restauração feita nela até aqui”, diz.

Sobre o andamento das ações junto a locomotiva, vagões e os trilhos, o empresário acrescentou que a comunidade pode – e deve – acompanhar in loco o processo de recuperação. “Em janeiro de 2020 a locomotiva deixou Porto União com destino à Rio Negrinho em Santa Catarina por conta de um contrato firmado entre a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária de Santa Catarina (ABPF) e dos empresários que fazem parte do Trem das Etnias e do Instituto Cultural Grünenwald, que contemplam ações separadas, porém planejadas em conjunto para que a locomotiva retorne aos trilhos. Neste período teve um pedido para a prorrogação do prazo para restauração da locomotiva junto a ABPF, porém não houve um andamento efetivo do trabalho em razão da pandemia da Covid-19. Juntamente do baque sanitário vieram outras dificuldades, como o encarecimento do preço do aço, do ferro e da mão de obra. Muitas coisas mudaram o andamento do projeto. A pandemia parou algumas das atividades da ABPF e nesse período nós fomos lá (os empresários) para conversar com os seus representantes; conversamos por várias vezes e chegamos ao consenso de que não teríamos um novo acordo com a empresa e, que traríamos a locomotiva de volta para Porto União. Até que ela retornasse, fomos preparando tudo por aqui, conversando com empresários locais, com mecânicos e diversas pessoas que trabalharam na antiga Rede Ferroviária com locomotivas”, explica.

Um grupo formado por empresários do Vale do Iguaçu entendeu pela manutenção da locomotiva na sua cidade de origem com a oferta da mão de obra local, gerenciamento e supervisão dos trabalhos frequentemente. O primeiro passo foi a locação de um barracão para abrigar a locomotiva, que neste caso aconteceu em uma parceria com a empresa Scheffer Máquinas de União da Vitória. Em seguida ocorreu a contratação de funcionários do projeto Trem das Etnias, como mecânicos, serventes e outros. “Porém, agora estamos prosseguindo com a manutenção por conta própria e nas imediações do Grünenwald”.

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A ideia do projeto aconteceu em 2009 e contou com um estudo de viabilidade técnica para a sua execução. A primeira etapa aconteceu em 2019 com a retirada dos vagões da Estação União, do tender (vagão-reboque) e da cabine, que já estão sendo recuperados em Porto União. “O preço do aço subiu cerca de três vezes o valor inicial orçado no início do projeto por conta da pandemia. Estamos firmes e fortes para que o projeto seja concluído”.

Segundo Élio, o projeto contempla não apenas a recuperação da Maria Fumaça e dos vagões, mas também dos trilhos, o que já vem acontecendo, desde a Estação União até a localidade do Stenghel. Dos 17 quilômetros, 11 já estão prontos, contando agora com a manutenção nos locais.

Além disso, o Instituto Cultural Grünenwald pretende fazer um trabalho social com os moradores da localidade do Stenghel, em especial com as famílias que moram naquela região e que atualmente vivem em vulnerabilidade social. Está sendo feito um cadastro das famílias e a intenção é buscar uma parceria com a prefeitura para ceder uma assistente social para atender aos moradores.


Segurança Ferroviária

Para Élio Weber a prioridade agora é a segurança ferroviária no local. O serviço que é executado pela Rumo Malha Sul S.A., que pertence à Rede Ferroviária Federal, irá avaliar o funcionamento dos freios da locomotiva. “A fiscalização é rígida e necessária. Outras vistorias técnicas já aconteceram no local pela Rumo, como foi o caso dos dois túneis e de uma ponte na localidade do Stenghel. Especialistas já vieram até aqui e testaram o percurso. A ferrovia da região não é de carga, mas sim de passeio, por isso requer um treinamento diferenciado”.

Locomotiva 310 de volta aos trilhos

O empresário acrescenta que uma reunião foi realizada e contou com a presença da equipe administrativa de Porto União e União da Vitória para solicitar a presença da Maria Fumaça em um evento sobre o turismo que será realizado em novembro deste ano no Vale do Iguaçu. “O pedido é para que a locomotiva percorra os trilhos, porém, faremos o possível, mas sem a garantia de que isso aconteça, pois depende da equipe de fiscalização ferroviária. Estamos lidando com a questões dos freios da locomotiva há meses”.

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