Espaço Cultural: “Grupos escoteiros”
Passando pela rua Frei Rogério vi uma alcateia, de mais ou menos 20 lobinhos acompanhados do seu chefe, saindo da sede do Grupo Escoteiro Iguaçu. Certamente o objetivo seria para uma atividade ligada ao Dia das Mães, pois estávamos na véspera do mesmo.
Pensei que aquelas crianças, meninos e meninas de uns 6 anos e pouco mais, trilhavam o caminho complementar de uma educação que teve início em 1907, com o militar britânico Robert Baden Powell.
Um movimento a se espalhar pelo mundo com o objetivo de socializar, incentivar e descobrir lideranças, respeitando o meio ambiente onde vivemos.
Na América do Sul, o movimento proposto por Baden Powell teve início numa conferência que realizou na Universidade do Chile.
Sem entrar no mérito das pesquisas lembrei de fazer aqui algumas colocações relacionadas ao escotismo, movimento juvenil de educação, voluntário, apartidário, sem fins lucrativos que chegou ao Brasil através de sub oficiais da Marinha Brasileira, em 1910.
Um grupo admirador dos princípios educacionais complementares, preconizados por Baden Powell, que aportou no Rio de Janeiro vindo da Inglaterra, e tendo conhecido lá ensinamentos do escotismo, propôs-se a criar, na então capital federal, um primeiro grupo de escoteiros.
Logo o movimento escotista tomou vulto e grupos escoteiros foram criados nos estados brasileiros de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
Em Santa Catarina, no município de Blumenau, foi criado o primeiro grupo escoteiro em 13 de janeiro de 1913. Portanto, o estado catarinense está próximo de festejar mais um aniversário do escotismo e certamente terá muito a comemorar.
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O movimento escoteiro apoiado por muitas personagens brasileiras ilustres, em São Paulo encabeçado por Olavo Bilac, Julio Mesquita e Mário Cardim criou a Associação Brasileira de Escotismo. Em reunião, coube a esse último escolher o termo escoteiro para os integrantes bem como o lema “Sempre Alerta”. Mais tarde, o escotismo tomando maiores proporções em termos de País, foi criada a União dos Escoteiros do Brasil.
Os interessados mais novos em ingressarem nos grupos escoteiros, devido a idade e as atividades realizadas pelos grupos maiores, de adolescentes e pré-adolescentes, não podiam participar. Nasceu então um ramo dos lobinhos para formar a Alcatéia, também coordenada por um chefe.
Um Manual do Lobinho foi então criado atendendo as exigências de idade, um uniforme que os identificasse, os direitos e deveres individuais e do grupo, bem como de atividades específicas. Um norte traçado para, posteriormente, os pequeninos fazerem parte do grupo de escoteiros.
A partir daí lobinhos e escoteiros foram surgindo nas instituições religiosas, escolares e sociais com os mesmos objetivos educacionais e com várias denominações. Foi também instituído um ramo de Seniors, para os jovens que, completando o período de escoteiro e já na idade adulta quisessem permanecer no grupo.
Em Porto União e União da Vitória o movimento escoteiro começou a ser sondado em 1932, quando o Reverendo Daniel Bets, vindo de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, auxiliado pelo Reverendo Herbert Gorsuch, realizaram uma conferência do culto Metodista no Clube Apolo. Tinha o Reverendo Bets a intenção de instalar em uma das duas cidades um grupo escoteiro no culto Metodista.
Apoiados em seus objetivos, em 1933, Reverendo Bets conseguiu criar, na Igreja Metodista de Porto União um grupo que recebeu o nome de Iguaçu. Nome que, não por acaso, foi assim adotado em homenagem ao Vale e sua exuberante natureza, ao rio que propiciou a colonização do município e ao povo que reconheceu ser educação a mola propulsora para uma vida saudável e progressista.
Nos primórdios do escotismo em Porto União e em União da Vitória, já atuavam grupos escoteiros com os nomes de Matos Costa e General Osório. Infelizmente a falta de um acervo documental acessível não nos é possível maiores esclarecimentos sobre os mesmos. Quem sabe a leitura desta coluna nos ajude a conhecer fatos como onde e a qual instituição pertenciam e foram criados, datas sobre a fundação dos mesmos e depoimentos pessoais de quem possa testemunhar tal época ou fez parte de algum grupo.
Enquanto aguardamos que isso possa acontecer vamos documentá-los através de fotografias que poderão despertar o interesse de escoteiros e principalmente dos mais novos a se integrarem como lobinhos, tais os que vi naquela tarde frente a sede Escoteira Iguaçu.
*As fotos são de Miguel Novakowski, proprietário do Foto Elétrico de União da Vitória.
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