Jornal O Comércio, o guardião da nossa história!
O compartilhamento de informações nunca foi tão fácil quanto nos dias de hoje. A tecnologia, disponível na palma da mão de uma parcela significativa da população, simplificou o acesso às notícias e tornou a leitura de periódicos uma tarefa mais prática — ainda que, para os amantes do material físico, o online não tenha o mesmo charme.
Mas a importância do jornalismo impresso vai bem além do ritual de folhear suas páginas. Jornais impressos, conforme ponderam historiadores, são guardiões da memória de uma comunidade (porque povo que não preserva sua memória e história não tem futuro) e documentos fundamentais para preservar e compreender a história de um povo.
Olhando as páginas de um jornal como O Comércio, que está a 91 anos do seu centenário, por exemplo, o leitor encontrará não somente notícias consideradas importantes para as pessoas que viviam em várias épocas, desde 11 de junho de 1931, mas também anúncios de produtos que costumavam ser consumidos décadas atrás e elementos visuais que revelam quais eram os recursos disponíveis para tal produção.
A profundidade de memória presente em uma única edição de um jornal impresso, portanto, é significativamente superior àquela encontrada nos arquivos digitais de um portal exclusivamente online, que tende a armazenar somente textos e fotos isolados, sem o acompanhamento dos anúncios publicitários e todos os outros componentes citados.
“Desta forma, o jornal impresso deixa de ser apenas um noticiário. Ele passa a ser um documento coberto de significados contemporâneos àquela sociedade”, conforme explica o historiador gaúcho Djiovan Carvalho.
A sociedade está em constante transformação, ela passou por diversos processos e períodos, e é muito interessante poder acompanhar isso a partir de um jornal. Jornais longevos como O Comércio permitem que a gente perceba mudanças sociais e aprenda um pouco mais sobre a história de nossa população.
De 1966 a 2022, são mais de 55 anos
Em 1966, não sei exatamente o mês, foi quando o saudoso jornalista Hermínio Milis (filho de Hermínio Milis, fundador de O Comércio, que foi mensal, quinzenal, semanal e bissemanal), ele costumava de chamar de ‘nosso hebdomadário’, viu no autor deste espaço, não sei se por generosidade ou uma possível virtude de auxiliá-lo na circulação do jornal, recebendo dele uma pauta (essa palavra não se usava) era lista de trabalho mesmo com nomes de pessoas importantes da comunidade das cidades de Porto União e de União da Vitória, que deveria entrevistar para a edição do cinquentenário de Porto União, em setembro de 1967. E um desses entrevistados residia no mesmo prédio que sedia agora – claro que passou por mudanças e ampliações, mas continua com suas características da época – o Grupo Verde Vale de Comunicação e a sede do próprio O Comércio. O entrevistado foi um dos membros da Família Amazonas.
+ Histórias do Vale do Iguaçu na coluna Uma Visita ao Passado
Editado ainda pelos, como chamávamos, tipos (letras de metal individuais), com a necessidade de várias pessoas, um trabalho de muita paciência, cansativo, impresso em máquinas parcialmente manuais, as noites das sextas-feiras não existiam, mas O Comércio dificilmente deixava de circular nos sábados.
A modernização
Aí os primeiros passos da modernização, mudanças de endereços e pesadas linotipos e impressoras mais modernas. Mais tarde, na década de 1980, a radical mudança para o sistema offset.
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O tempo foi passando, com várias mudanças no comando do Jornal e até a saída de Arí Milis e a minha – em duas oportunidades.
Guardião da História, é o que importa agora
Detalhes de mudanças de comando, nesses mais de 55 anos, desde 1966, não são tão relevantes, mas sim somente o registro das campanhas do jornal na defesa da execução de obras consideradas fundamentais para a nossa região, como as rodovias BRs 476, 153 e 280. O asfalto da BR-476 chegou a São Mateus do Sul e parou, o mesmo acontecendo com a 280 que parou em Canoinhas. Todas as ações das lideranças locais e da regional para os 85 kms de União da Vitória até São Mateus do Sul eram exaustivamente destacadas no Jornal.
Em Porto União, a influência do Jornal, não somente cobrando o asfaltamento da 280; na compra definitiva do prédio de propriedade de Instituição Católica para sediar a Apae; do tombamento para o patrimônio histórico do prédio do Castelinho; da Estação Ferroviária União; solução e tombamento do prédio do Grupo Escoteiro Iguaçu.
Também o prédio construído pelo Governo do Paraná antes da divisão dos dois estados para sediar um Grupo Escolar, antes de 1916. Acompanhamento e registro em suas páginas das negociações entre os estados do Paraná e de Santa Catarina para a passagem da antiga Companhia Telefônica Catarinense (Cotesc) para a Telecomunicações do Paraná (Telepar), ambas atualmente extintas. Acompanhamento, na década de 1970, dos trabalhos da Aciso (Ação Cívico Social) desenvolvido pelo Exército Nacional, com a publicação de ampla reportagem, que rendeu anos mais tarde da concessão do diploma e medalha de Colaborador Emérito do Exército, concedido pelo Comando do 3° Exército, atualmente Comando da Região Sul.
Além de registros de obras como a Usina de Santo Grande do Iguaçu (desativada com a construção da Hidrelétrica de Foz do Areia), construção da imagem do padroeiro Sagrado Coração de Jesus, ponte Domício Scaramella. Isso tudo no século 20.
No espaço destinado à coluna Uma Visita ao Passado, destinado ao registro de eventos registrados pelo Jornal durante tantas décadas, apenas um resumo do apoio a campanhas em favor das cidades geminadas do Vale do Iguaçu e da região, porque, para o destaque de todas, seriam necessárias várias páginas.
O registro dos fatos do século 21 ficam a cargo dos jovens e brilhantes jornalistas que atualmente realizam um trabalho estupendo, comandados por outros dois jovens, Caique Agustini e Eduardo Carpinski, aos quais agradeço o respeito e confiança e que não estão envidando esforços para que O Comércio, que chegou a condição de diário, agora continuará sua jornada como semanário, seja realmente consolidado como o GUARDIÃO DA NOSSA HISTÓRIA.
O retorno à condição de semanário não significa retrocesso, mas simplesmente uma adaptação à realidade que o jornalismo impresso vive em razão do avanço de novas infraestruturas de comunicação, com o advento da internet, através de centenas de satélites espalhados no espaço. Já aconteceram com jornais que jamais se podia imaginar que iriam se adaptar à nova realidade, caso do então poderoso jornal paranaense Gazeta do Povo.
A eficiência de informação que um jornal impresso traz, faz com que confiemos cada vez mais na transparência e na credibilidade de uma notícia. Também comunicação, valores, crenças e costumes, possuindo no contexto de uma reportagem, por exemplo, que observemos os sentidos e os significados de uma cultura.
Quem sabe, se as circunstâncias da vida forem favoráveis, na edição do próximo aniversário, em 2023, espero ter a honra de citar nomes de pessoas que, como funcionários ou colaboradores, contribuíram para que O Comércio seja realmente o GUARDIÃO DA NOSSA HISTÓRIA.
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