Beto Richa quer colocar Paraná no centro das grandes decisões nacionais
Após dois anos afastado da política, Beto Richa tenta, no pleito deste ano, busca colocar mais um cargo público em seu currículo. Contando com experiência como Deputado Estadual, Secretário de Obras Públicas, Prefeito de Curitiba e Governador do Paraná, o candidato visa, agora, uma cadeira na Câmara de Deputados.
O candidato cedeu entrevista à CBN Vale do Iguaçu na terça-feira, 20. Na oportunidade, relatou porque decidiu voltar para a política e porque acredita que merece uma das 30 vagas como Deputado Federal pelo Paraná.
Confira a entrevista
Jornal O Comércio (JOC): Beto Richa, experiência e conhecimento do estado do Paraná. O senhor acredita que esses sejam alguns dos seus diferenciais, fatores que podem contribuir para que o senhor seja eleito em 02 de outubro?
Beto Richa (BR): Sem dúvida alguma. A experiência que eu acumulei ao longo da minha trajetória política vai ser importantíssima para chegar em Brasília, ter uma voz que será ouvida, ter peso a minha presença em Brasília, com toda essa experiência de quem foi prefeito de Curitiba duas vezes, duas vezes governador do Paraná, conhecendo de orçamento, de articulação, conhecendo das matérias que estarão em pauta lá em Brasília, e conhecendo profundamente a realidade do estado do Paraná. Conhecendo todos os municípios, as lideranças políticas, poder ser um elo que vai trazer recursos de Brasília para os municípios do Paraná, visto que todos os políticos do Paraná, em especial os prefeitos reconhecem que o nosso governo foi municipalista. Que tivemos um olhar especial para as cidades do Paraná. Governamos com os olhos voltados para o interior, onde as pessoas mais precisam de oportunidades, e foram muitas obras em 100% dos municípios paranaenses. [Esse é] o peso de quem foi prefeito de Curitiba apontado em todas as pesquisas nacionais, foram dez realizadas, o melhor prefeito do Brasil. E o interessante é que foi confirmado nas urnas, porque na minha reeleição em Curitiba tive a maior votação já dada para um candidato: 77,27% dos votos. Eu venci em 100% das quase 3.500 urnas de Curitiba, não perdi em uma única urna. Então foi uma aprovação maciça do modelo de gestão que implantamos na capital, e graças a essa repercussão nacional do nosso mandato eu fui convocado para ser candidato ao governo do Paraná.E ganhei a eleição no primeiro turno, a reeleição também no primeiro turno, e tenho orgulho do trabalha que fizemos no estado, do legado de realizações por todo o Paraná. Eu peguei o estado com quatro R$4,5 bilhões em dívidas e entreguei o estado, no exato dia que eu deixei o governo, 06 de abril de 2018, com duas aplicações que somam R$6,7 bilhões em caixa,e muitas obras que estão em execução até hoje. Então eu tenho orgulho do trabalho realizado. Eu digo isso também para mostrar que eu nunca tive obsessão, muito menos doentia com encargo político, com status, por posição. Eu estou na política para servir. Eu fui crescendo na política conforme os mandatos que eu realizava, correspondendo às expectativas dos que acreditaram em mim, então eu sempre era convocado para disputar um cargo maior. Eu me sinto pronto, me sinto extremamente preparado para estar em Brasília defendendo os interesses do estado do Paraná. Eu não iria ser candidato, pense bem, para ir lá cruzar os braços ou em busca de uma ocupação ou satisfação de uma vaidade pessoal que eu não tenho, e chegar lá e correr o risco de desaparecer no meio de 513 deputados federais que temos na Câmara. Estou indo lá para trabalhar com dedicação, fazer o meu papel. Eu acredito que o Paraná deve estar sentado à mesa das grandes decisões nacionais, e eu me disponho a ser esse representante do estado do Paraná e de todos os nossos municípios.
(JOC): Beto Richa, quais aqueles que o senhor considera os seus maiores legados de quando o senhor foi governador do estado? Existem projetos que o senhor gostaria de retomar aqui no estado, por exemplo?
(BR): São muitas obras, falar assim é difícil, mas em todas as áreas, modéstia à parte, as realizações foram extraordinárias, boa parte delas históricas. Por exemplo, fui o governador que mais contratou policiais na história, foram 11 mil policiais contratados. [Fui o governador] que mais comprou viaturas novas, 3.200. Investimentos maciços na área de saúde, na educação. Batemos recordes na construção de moradias populares, 80 mil. Em 100% dos municípios. Recorde também em moradias rurais, para os pequenos produtores rurais, foram 13.500. Eu tenho orgulho disso tudo. Saúde é uma área importante. O programa mais bem avaliado pelos paranaenses, por exemplo, é o Resgate Aéreo. Colocamos bases nas principais regiões do Paraná de helicópteros, cobrindo todo o território paranaense, e também alguns aviões, para socorrer pessoas em situação de emergência da área de saúde. São 15 mil voos. Quanto vale uma vida? Quanto valem 15 mil vidas salvas pelos helicópteros? Eu peguei o Paraná em 10º lugar no transplante de órgãos. Subi ano a ano e entreguei o governo no 1º lugar no ranking nacional em transplante de órgãos. Tínhamos recursos mensais para custeio de hospitais públicos e filantrópicos, mutirões de cirurgias eletivas, chegamos a zerar a fila por cirurgia de catarata. Mas agora, respondendo objetivamente a sua pergunta: a principal área de uma administração é a área social. Nenhuma administração se justifica se ela não produzir ações para melhorar a vida das pessoas, principalmente dos que mais precisam. E aí eu tenho orgulho do reconhecimento de um importante e também conceituado órgão federal que se chama Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que, sistematicamente, faz avaliações Brasil afora. No meu período de prefeito, o Ipea atesta que foi a maior redução de pobreza e miséria do Brasil. No período de governador o mesmo Ipea reconhece que foi a maior redução de miséria e pobreza entre todos os estados do Sul e do Sudeste. Talvez esse tenha sido o maior feito do nosso governo. Cuidar das pessoas. Um governo humano.
(JOC): Dr. Beto Richa, o senhor certamente tem percorrido todas as regiões do Paraná na sua campanha, todos os cantos do nosso estado. Que receptividade o senhor tem encontrado nas cidades por onde o senhor tem andado, e o que o senhor tem ouvido da população? Que reivindicações os paranaenses têm feito durante a sua campanha?
(BR): Eu acho que todos acompanharam que eu me afastei da política ao longo de dois anos e meio. Depois da última eleição de 2018 eu fiquei afastado, fui vítima de uma grande injustiça, de uma cruel e covarde armação política que eu e minha família fomos vítimas. Pensei até em deixar a vida pública. Dois anos e meio cuidando da família, convivendo com os meus netinhos que são a minha fonte de energia, minha paixão, tenho quatro [netos]. Mas não resisti aos inúmeros convites para visitar as cidades, não resisti a essa tentação, e comecei a ir para o interior. E ali sim, algo que me fez muito bem, extremamente gratificante. Cada cidade em que passei, a palavra que eu mais escutava era saudades, “que saudades, você estava sempre aqui na nossa cidade”. Eu fui o único governador que esteve presente nos 399 municípios do Paraná, num mandato.Reeleito, eu repassei em alguns, E eu num fui a passeio. Eu fui conhecer a realidade, as demandas, as expectativas, as prioridades e, ao mesmo tempo, como governador, fui me colocar à disposição de todos, e esse reconhecimento foi muito importante na hora que começamos a traçar metas de ações, de investimentos, de políticas públicas que estivessem em consonância com as necessidades de cada canto do estado do Paraná. E comentavam também, nessas minhas viagens de um ano para cá, que eu recebia a todos muito bem em Curitiba. E o mais marcante, obviamente, é o volume expressivo de obras em cada cidade do estado. E eu pensei comigo “sabe de uma coisa? eu vou voltar para a política, eu vou participar das eleições deste ano”. E aí, em um segundo momento “a que cargo eu estarei disputando?”. E aí entendi que o melhor para o momento seria Deputado Federal. Na vida as pessoas me cobram muito, muitos queriam que eu fosse para governador novamente. E eu falei “na vida a gente deve saber o momento de dar um passo atrás”, e digo isso sem demérito algum ao cargo de deputado, ao contrário, me sentiria muito honrado novamente merecendo a confiança dos paranaenses para representá-los em Brasília. E com toda essa experiência que citei a pouco, me sinto preparado para dar conta do recado, para estar em Brasília brigando, no bom sentido, pelo Paraná. Eu sou da conciliação, da relação harmoniosa, que isso é que leva a bom termo as relações no meio político, na vida pública. Eu imagino que posso dar uma grande contribuição ao Paraná. E por onde passo nesse estado sou muito bem recebido. Resumindo: hoje estou colhendo o que plantei. Tratei a todos com respeito, com a dignidade que merecem, e por onde passo sou tratado da mesma maneira.
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(JOC): Beto Richa, candidato a Deputado Federal pelo Paraná, em época de eleição se fala muito em temas como saúde, educação, emprego, renda, infraestrutura. Quais são seus principais projetos nessas áreas tidas como prioritárias para uma melhor qualidade de vida da população paranaense?
(BR): Eu não me atenho a um segmento especificamente. Eu fui Deputado Estadual e fui o deputado que mais apresentou propostas na Assembleia Legislativa. Alguns projetos se tornaram Leis, algumas Leis foram copiadas em vários estados do Brasil. Leis na área dos direitos humanos, na área de saúde, por exemplo a cesta básica para o diabético doente, mais umas outras iniciativas nessa área. Na área dos servidores públicos, professores também, a hora-atividade é uma Lei minha como Deputado Estadual. Na área da cultura, de infraestrutura. É Lei minha a criação da Universidade do Norte Pioneiro, chamada assim à época, com sede em Jacarezinho, então eu não me ative a uma determinada área, e eu quero ser assim lá no Congresso Nacional, estar presente nas grandes pautas nacionais. Temos cerca de 12 milhões de brasileiros desempregados, famílias passando fome. Quem tem fome, tem pressa. Precisamos que o Brasil retome o caminho do crescimento. Não estou criticando nenhum governo, porque tem hoje muito radicalismo, fanatismo, isso é um problema que se arrasta há vários governos. Um país rico como o Brasil, e riquezas naturais maravilhosas. Deus foi muito generoso com o Brasil. Um país que tem terras férteis, povo ordeiro, trabalhador, é o celeiro do mundo. Eu não vou chegar lá sozinho e mudar tudo, mas a minha cota de contribuição e convencimento aos meus pares, no meu partido por exemplo, o PSDB, eu estou disposto, com a liderança que exerço, a tentar mudar essa situação. Tem um projeto, por exemplo, que muitos hospitais me pedem, que é o reajuste da tabela do SUS, que há muitos anos não reajusta. Muitos hospitais indo à falência, com dificuldades imensas de prestar um serviço com mais qualidade, um atendimento com mais qualidade à população. Temos a questão da reforma tributária, temos uma das mais pesadas cargas tributárias do mundo e isso dificulta o investimento, dificulta a instalação de indústrias, comércio e a geração, consequentemente, de empregos. Tem uma série de situações que podem ser avaliadas lá [em Brasília] e eu estou disposto a isso. E a mãe de todas as reformas, no meu ponto de vista, é a reforma política. Não é possível termos mais de 30 partidos políticos no Brasil, e outros 20 ou 30 na fila para registro. Para quê? Para ter fundo partidário, fundo eleitoral. Para muitos se prestarem a partidos de aluguel em algumas campanhas? Temos que dificultar essa situação. Seis partidos, ao meu ver, seriam suficientes. Cada um representa um segmento da sociedade e ponto. O resto é exagero, é gastar dinheiro público, e não leva a nada. Ao contrário, só confunde a cabeça do eleitor, porque todo partido tem gente boa, tem gente má intencionada, então tem muitas coisas que devem ser destravadas no Congresso Nacional. Se fala muito nisso e acaba não acontecendo. E a volta da discussão do voto distrital, em um primeiro momento, misto. pergunto aos eleitores: você se lembra em quem votou na última eleição para deputado? A imensa maioria não se lembra. Na última eleição, quem dirá a duas eleições atrás.É pela falta de contato, de comprometimento com o seu representante que foi eleito com o seu voto. Muitas pessoas pegam um voto aqui, ali, e desaparecem. É importante dividirmos o estado em distritos conforme a população, o número de eleitores, e cada um representa um distrito, vai cuidar daquele distrito, vai estar mais próximo das pessoas, as pessoas vão poder cobrar do seu representante político. Eu falo isso porque trabalhei por todo o Paraná também. Meu recado aos eleitores é o seguinte: se votar em mim, vocês vão se lembrar de quem votaram, e eu não vou esquecer do seu voto e vou retribuir, como em todos os mandatos que exerci, com trabalho e dedicação. União da Vitória é um grande exemplo das ações do nosso governo. Todos reconhecem aqui que não teve governo na história de União da Vitória que realizou tantas obras, tantos investimentos como nós. Na segunda-feira estive em um evento com grandes lideranças da região e todos reconheceram, inclusive o deputado Valdir Rossoni, que foi um grande artífice dessas liberações de recursos aqui. Ele estava comigo na Casa Civil e acabava me orientando, trazendo diariamente demandas de União da Vitória. A reforma do ginásio Pastuchão, a reforma do estádio Antiocho Pereira, muitos recursos para asfalto, a grande praça que foi revitalizada, recursos do nosso governo, grandes investimentos da Sanepar, saneamento, estação de tratamento de água também. Copel, grandes investimentos aqui. Casas populares, os barracos pendurados à margem do rio Iguaçu, chovia e as pessoas corriam um risco seríssimo de morte, e ali foi recurso da área social, da minha mulher, Fernanda, de um financiamento que nós contraímos junto ao Banco Mundial para ações na área social, e fizemos moradias dignas, decentes, seguras, para essas dezenas de famílias que estavam ali correndo risco à margem do rio Iguaçu. E a grandiosa ponte. Essa foi a maior obra que, pela importância dessa obra até homenagearam a nossa família, concedendo o nome do meu pai, José Richa, a essa belíssima ponte que foi inaugurada há um ano e meio, dois anos, me parece. Lembrando que a última ponte construída, até então, foi no governo José Richa, a ponte Domício Scaramella. O volume de investimentos do nosso governo em União da Vitória é extraordinário. Isso me orgulha bastante porque sempre tive um carinho por toda essa região, e poder dar a minha cota de contribuição, eu me sinto realizado por isso. Todos os municípios aqui tiveram grande investimento. A grande obra que está em execução, para ser concluída, nós contraímos empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é a pavimentação asfáltica de São Mateus do Sul até Irati. Um trecho de 47,7km de asfalto. Uma grande obra também em Palmas, Coronel Domingo Soares que já foi inaugurada, Mato Rico, Pitanga um pouco mais distante, que está em fase de execução também, e obras como essas têm em todas as regiões do Paraná.
(JOC): Para aquele eleitor que ainda está indeciso sobre em quem votar no próximo dia 02 de outubro, por que votar em Beto Richa?
(BR): Eu sei que os eleitores, boa parcela deles, anda descrente com a classe política, e ele tem até as suas razões. Falam que querem anular o voto, que não vão votar em ninguém, não querem participar desse pleito eleitoral do dia 02 de outubro, e eu digo às pessoas: “esse é o pior posicionamento que possa ocorrer, não existe mais político nomeado, todos são eleitos com o voto popular, alguém vai ser eleito. Depois não reclama. Se a saúde não vai bem, se falta segurança, pavimentação asfáltica, enfim, os investimentos do setor público. Você se omitiu”. Aí vem a segunda pergunta, “mas vai acreditar em quem?”. Em época de eleição todos os candidatos aparecem sorridentes, simpáticos, dizendo que vão resolver todos os problemas, e depois desaparecem. A minha dica é a seguinte: analise o passado de cada um, principalmente se teve a condição de exercer um cargo público. O que ele fez para a sociedade? O que ele fez para melhorar a sua vida e da sua família? Faça essa análise, se correspondeu às suas expectativas, cumpriu com os compromissos assumidos no período eleitoral, apresentou bons resultados, foi ético, foi sério, esse merece o seu voto. E na minha situação eu trago a minha trajetória política para avalizar as minhas aspirações de candidato a Deputado Federal nestas eleições. Em todos os meus mandatos que exerci, sempre fui crescendo na política e adquirindo maior confiança dos eleitores por aquilo que eu fiz. Todos os meus mandatos foram reconhecidos nacionalmente. Então eu peço mais esse voto de confiança para representá-los em Brasília. Até lembrando que o atual Deputado Federal de União da Vitória e toda a região, Valdir Rossoni, anunciou que não quer mais participar de eleições, tem os seus compromissos particulares, familiares, e não quer mais disputar. Eu me disponho a substituir, e vou tentar estar à altura do deputado Rossoni lá em Brasília. Até o número dele eu emprestei, o número que ele usava nas outras eleições, porque eu acho um número bom, 4545. Eu prefeito, eu governador usava o 45, agora são quatro dígitos então 4545.
Ouça a entrevista na CBN Vale do Iguaçu
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