Imigrantes estão preocupados com o futuro do Brasil

Imigrantes que vivem em União da Vitória estariam preocupados com o futuro do Brasil. Essa informação chegou até a reportagem de O Comércio por meio de empresários, que relataram ter ouvido de seus funcionários os desassossegos causados pelas eleições deste ano. Entramos em contato com dois destes imigrantes para ouvir quais são seus temores.

O primeiro foi Gabriel, que veio da Venezuela para o Brasil há cerca de cinco anos. Em seu país de origem, Gabriel era comerciante, e possuía uma papelaria e uma lanchonete. Hoje, trabalha em uma fábrica de Porto União. O homem relata que no passado a vida na Venezuela era tranquila, com pouca violência, bom sistema de saúde e que a economia o permitia desfrutar de uma boa vida. Porém, mudanças de governo teriam feito a realidade mudar drasticamente.

Gabriel conta que por volta de 2010 os investimentos que fazia já não rendiam. O dinheiro do país havia ficado desvalorizado. O país também começou a sofrer com falta de itens básicos, como água e energia. “Ficou um país muito perigoso. Aqui eu ando de bicicleta com o celular na mão. Lá eu não conseguia”, conta.

Em 2016 Gabriel veio para o Brasil. Adentrou o país pelo estado de Roraima, área de fronteira com a Venezuela. Permaneceu no estado por um tempo, onde regularizou sua documentação. Foi por conta de um programa do governo federal que Gabriel conseguiu um emprego no Vale do Iguaçu, e hoje vive aqui com sua mulher e filho, e ainda aguarda a chegada de sua sogra. “Tem muito emprego aqui. Você ainda consegue trabalhar e consegue conquistar algumas coisas”, comenta.

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O medo de Gabriel é que algo errado aconteça no país, e que os brasileiros sofram os mesmos infortúnios que seus compatriotas. “Tenho medo que algo dê errado e que a gente tenha que sair daqui e ir para outro país”.

Questionado sobre o que o faz temer, responde que é só olharmos para países vizinhos para entender. “É só você olhar para outros países da América-latina para ver como está. Venezuela, Colômbia, Nicarágua, e aí você vê se funciona ou não funciona esse governo”.

O argentino Ramon Félix de Oliveira também está preocupado com o futuro do país. Antes de vir para o Brasil trabalhava na área da saúde. Quando a situação financeira em seu país ficou insustentável para sua sobrevivência, veio para cá porque já tinha ligações familiares com o país, e costumava passar as férias em terras tupiniquins. Seu receio é que um novo governo possa cometer os mesmos erros do país vizinho. “Para votar tem que ter consciência. A situação aqui como está com o atual presidente está show de bola para mim. Se entrar outro presidente sem ser o que está agora vai virar outra Argentina”.

Para Gabriel, a situação não envolve necessariamente o governante, mas sim a forma de governar. “A gente tem medo do socialismo. A gente está aqui por causa de um governo socialista. Tivemos que largar mão de tudo o que tínhamos lá. Deixar família, deixar parentes, deixar tudo. Tentar aprender um idioma. A causa é um governo socialista. Então se for Lula, se for Bolsonaro, se for quem quer que seja que queira implantar o socialismo não vai dar certo”.

 

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