Pesquisas eleitorais são retrato do momento, não previsão de resultado
Um filme é feito de milhares de fotos postas em sequência para dar ideia de movimento. As pesquisas eleitorais funcionam da mesma forma. É por esse motivo que analistas costumam dizer que cada pesquisa é uma foto capaz de retratar um pequeno momento. Quando colocadas lado a lado, formam um filme capaz de mostrar tendências, mas não de prever o futuro. Por isso, seu uso requer cuidado. Não devemos olhar para o resultado de pesquisas como fato escrito em pedra, mas sim como um curso da opinião popular. Curso esse que pode mudar a qualquer momento.
Pesquisas são feitas com metodologia, e cada instituto segue sua própria forma de trabalho. Por exemplo, Datafolha, Ipec, Quaest e Paraná Pesquisas realizam os questionários de forma presencial. Já o instituto Poder Data opta por aplicar o questionário por telefone. Essa simples mudança de dinâmica já é capaz de causar diferenças nos percentuais de intenção de voto. E mesmo entre as que realizam pesquisas presenciais, existem formas alternativas de se aplicar o questionário. O Ipec opta por entrevistar a população em seu domicílio. Já o Datafolha realiza as entrevistas em pontos de fluxo.
Contudo, mesmo com diferenças em metodologias e, portanto, nos percentuais obtidos, estes cinco institutos, que estão entre os maiores do país, têm se mantido na mesma página quando olhamos para a tendência. Nas últimas três pesquisas de cada instituto, publicadas até o fechamento da edição, o cenário apresentado foi o mesmo: leve tendência de aumento na intenção de votos para Lula (PT), sempre dentro da margem de erro; estabilidade para Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB) e queda para Ciro Gomes (PDT). Mas sempre lembrando que pesquisa é foto, e que no próximo retrato o cenário pode ser outro.
Mas também existem divergências de tendências, a depender do instituto. A Brasmarket, por exemplo, tem colocado Bolsonaro à frente de Lula em suas últimas três pesquisas. Nesta, o atual presidente aparece com uma tendência de alta na intenção de votos, e Lula tem oscilado dentro da margem de erro.
“Nós – os institutos de forma geral – incorremos num equívoco importante ao longo do tempo, que foi o de deixar que a mídia tratasse resultados de pesquisas de intenção de voto como prognósticos do resultado eleitoral”, apontou o cientista político, Antonio Lavareda, um especialista na área de pesquisas eleitorais, durante congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica).
A opinião pública é volátil. Portanto as pesquisas eleitorais também são. Do momento de sua confecção até sua publicação, novos fatos podem surgir e influenciar a decisão do eleitorado. Sendo assim, cada pesquisa tem prazo de validade determinado: vale somente até a próxima ser publicada. Até o encerramento desta edição, e com as pesquisas disponíveis, o cenário era um. Para saber qual será o retrato do dia 02 de outubro é necessário esperar o resultado das urnas.
Voltar para matérias