Com 60,1 milhões de votos, Lula é eleito para terceiro mandato graças ao sudeste
O Brasil acompanhou no domingo, 30, aquela que prometia ser – e que foi – a eleição mais acirrada desde a redemocratização. A diferença de votos entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) foi de apenas 1,80%, com vantagem para o petista.
Bolsonaro começou na liderança da apuração, contudo, no decorrer da contagem dos votos, a diferença entre os dois candidatos foi caindo. Lula ultrapassou o adversário quando a totalização já havia alcançado os 70%. Fato se deve pela logística de abertura das urnas. O sudeste e nordeste, por serem os maiores colégios eleitorais, demoram mais para finalizar a totalização.
O nordeste, inclusive, foi a região com maior diferença entre os candidatos: Lula obteve vantagem de mais de 12,5 milhões de votos. Essa margem fez com que, à primeira vista, o nordeste se mostrasse decisivo para esta eleição. Mas não foi bem assim. A derrota de Bolsonaro veio no sudeste.
Bolsonaro perdeu terreno em região estratégica
O sudeste é responsável por 42,6% do eleitorado. Obter uma boa votação nesta região é crucial para conquistar a presidência. Em 2018, o sudeste deu a faixa a Bolsonaro. O então candidato obteve 13,3 milhões de votos a mais que o concorrente, Fernando Haddad (PT) na região. Essa votação cancelou, sozinha, a vitória de Haddad no nordeste, onde o petista conquistou vantagem de 11,4 milhões de votos. Todos os votos conquistados por Bolsonaro nas regiões sul, norte e centro-oeste apenas aumentaram sua vantagem.
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Neste ano, contudo, a diferença de Bolsonaro para seu adversário no sudeste caiu de 13,3 milhões para 4,2 milhões. Esse foi o fato decisivo para a vitória de Lula. O petista obteve 7,7 milhões de votos a mais em 2022 do que Haddad em 2018. Em contrapartida, Bolsonaro teve 1,3 milhões de votos a menos que sua votação em 2018. Juntando o crescimento de Lula e a diminuição de Bolsonaro, a vantagem do atual presidente diminuiu em mais de 9 milhões de votos.
Caso tivesse mantido sua votação de 2018, e evitado o crescimento de Lula, Bolsonaro teria novamente sido eleito, mesmo com a liderança do petista no nordeste. Essa foi, inclusive, a região em que Lula menos cresceu com relação a Haddad em 2018. No pleito de 2022, Lula aumentou a votação do PT, na região, em 11,07%. Curiosamente, foi nesta mesma região que Bolsonaro obteve maior avanço no número de votos, passando de 8,8 milhões para 9,9 milhões, aumento de 12,79%.
Foi no decisivo sudeste que Lula abriu terreno para sua vitória, conquistando aumento de 51,79% dos votos com relação a Haddad; seguido por aumento de 35,77% no centro-oeste, 31,01% no sul, e 16,71% no norte. Enquanto isso, além de obter votação menor do sudeste, Bolsonaro também perdeu eleitores no sul. Houve diminuição de 4,61% e 1,30%, respectivamente. O atual presidente cresceu 12,72% no norte, 3,27% no centro-oeste, e os já citados 12,79% no nordeste.
No final, todo esse movimento eleitoral fez com que Lula obtivesse, em números absolutos, 13,3 milhões de votos a mais do que Haddad, passando de 47 para 60,3 milhões de votos. Já Bolsonaro aumentou sua própria votação em 408 mil votos, saindo de 57,7 para 58,2 milhões. A diferença entre os dois foi de 2,1 milhões de votos, número muito inferior aos 9 milhões perdidos por Bolsonaro entre 2018 e 2022 no sudeste.
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