Vale do Iguaçu “perdeu” 6.555 habitantes em um ano, segundo Censo IBGE
A população brasileira já não é a mesma de dez anos atrás e, ao que indica a prévia do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também não somos tão numerosos quanto imaginávamos. De acordo com a estimativa de 2021, o Brasil é um país de 214,3 milhões de habitantes. A expectativa para o Censo de 2022 era de que o número ficasse bem próximo de 220 milhões. Contudo, os dados divulgados pelo instituto em dezembro do ano passado apontam que a população brasileira está na casa dos 207,8 milhões.
O IBGE até cogitava a possibilidade de o número da população apresentar uma queda, devido a pandemia e outros fatores, como a emigração de brasileiros para o exterior. Porém, mais do que apenas um fato curioso, a diminuição da população com relação às estimativas pode trazer prejuízos a alguns municípios, visto que o repasse da União aos governos municipais pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é feito com base no número de habitantes.
A discrepância entre os dados pode afetar, segundo a Folha de São Paulo, mais de 860 municípios que, com a queda da população, mudarão de faixa no FPM. Por conta das perdas esperadas, algumas cidades entraram na justiça para manter sua faixa populacional de acordo com a estimativa de 2021, e não com base na projeção do Censo.
Nossa região encolheu
Segundo a estimativa de 2021, os nove municípios que compõem a Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar) e dez que fazem parte da Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amaplanorte) possuíam, juntos, uma população de 242.145 habitantes. Os dados preliminares do Censo de 2022 apontam um número 3% menor, chegando a casa dos 234.754 habitantes.
Apenas três municípios da região apresentaram aumento de população com relação a estimativa de 2021, sendo eles Canoinhas, Itaiópolis e Três Barras. Os demais municípios tiveram um decréscimo populacional, mas apenas Cruz Machado aparece com um número de habitantes menor do que a sua faixa atual do FPM, passando de 18.772 habitantes na estimativa de 2021 para 15.993 no Censo.
O Vale do Iguaçu, que de acordo com as estimativas estava próximo dos 95 mil habitantes, segundo o Censo tem, hoje, uma população de 87.428 pessoas. Em União da Vitória, a diferença para baixo entre a estimativa e o Censo também se repetiu em 2010. Na ocasião, o IBGE estimava que o número de habitantes da cidade era de 53.466 em 2009. No ano seguinte, o Censo apontou uma população de 52.735.
Segundo a prévia divulgada em dezembro de 2022, União da Vitória possui, agora, uma população de 55.238 habitantes, número um pouco menor do que a apresentada pela estimativa de2013. Já Porto União tem, hoje, população de 32.190, número menor do que o apontado no censo de 2010. Dessa forma, o município catarinense voltou ao patamar de 2001, onde o IBGE estimou o número de habitantes da cidade em 32.089.
Prefeitos contestam resultado do IBGE
O prefeito de União da Vitória, Bachir Abbas, acredita que o número de habitantes da cidade é maior do que apontado pelo IBGE. Para o gestor, a população deveria se aproximar ao número de vacinados no município que, segundo ele, ficou na casa dos 58 mil. A situação foi apontada pelo prefeito ao chefe do IBGE em União da Vitória. “A gente pontuou alguns dados que nós temos no nosso banco de dados, principalmente na nossa secretaria de Saúde. Hoje, União da Vitória tem mais de 80 mil cartões SUS, mas a gente sabe que esses cartões SUS muitas vezes são feitos em União da Vitória, Porto União e nas cidades da região. Mas, principalmente, nós colocamos para o IBGE o número de vacinados em União da Vitória. O número de vacinados em União da Vitória é de aproximadamente 58.500 pessoas. Então a gente pontuou que o número que deveria se aproximar era desse número de 58.500. Nesse número também não estão muitas crianças que não tiveram vacinação, principalmente para o Covid”.
Apesar da discrepância, Bachir Abbas destaca que o município não sofrerá perdas no FPM, mas afirma que saber o número da população é importante para o planejamento. “O município de União da Vitória não terá qualquer decréscimo no Fundo de Participação dos Municípios. É importante pontuar isso aí. São faixas que são alcançadas, União da Vitória continua na mesma faixa que vem recebendo esses recursos. Mas é importante que todas as pessoas sejam recenseadas, para que nós tenhamos o número real para que a gente faça nosso planejamento”.
O prefeito de Porto União, Eliseu Mibach, acredita que a diferença no número da população pode estar ligada a uma baixa taxa de resposta da população ao Censo. “Como ele [Eliseu] atua no ramo imobiliário, tem conhecimento da quantidade de imóveis ditos vagos. Dada a escassez de imóveis para locação, acredita ser incompatível com o grande número desse tipo de habitações contabilizadas pelo Censo. Então, acreditamos que se trate de pessoas que não foram encontradas em casa pelo horário que foram visitadas. Por isso ele propôs uma equipe multisetorial para fazer um levantamento e passar um pente fino nessas residências e descobrir se de fato estão desocupadas ou apenas não foram contabilizadas”, informou a assessoria.
Ambos os municípios disponibilizaram em suas redes sociais canais de contato para que a população que ainda não respondeu ao Censo o faça. Em União da Vitória o contato pode ser feito pelo site www.uniaodavitoria.pr.gov.br ou pelos telefones (42)3521-1212 ou (42) 3521-1291. Já em Porto União o contato pode ser feito pelo WhatsApp (42) 99929-3243, ou na Casa do Empreendedor, na rua Padre Anchieta, nº 71. A divulgação final dos resultados do Censo 2022 está prevista para abril deste ano.
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