UnC traz curso de Medicina para Porto União e transforma sonho em realidade
A presença de um curso de Medicina no Vale do Iguaçu era um sonho de longa data. Agora, o polo universitário da região pode comemorar, pois o sonho virou realidade. Foi confirmada na tarde de quarta-feira, 14, a abertura do curso de medicina no campus de Porto União da Universidade do Contestado (UnC).
A graduação em Medicina já é ofertada pela instituição nas cidades de Mafra e Concórdia, e agora chega ao Vale do Iguaçu após aprovação unânime do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina (CEE/SC). Segundo Luciano Bendlin, reitor da universidade, os trâmites para que o curso no campus de Porto União fosse aprovado tiveram início há cerca de dois anos. A inclusão do município no rol de cidades atendidas pelo curso fazia parte do planejamento estratégico da instituição, que tem como objetivo ser destaque na área da saúde.
“Precisamos agradecer a nossa vice-reitora hoje, a professora Solange Salete Sprandel da Silva. Em 2014, quando assumiu a Universidade do Contestado, ela, junto com a nossa equipe, escolheu algumas áreas para que pudéssemos destacar a UnC. Nós detectamos várias áreas. Nós somos bons no Direito, nós somos bons nas Ciências Sociais, mas a área de saúde sempre foi uma referência para nós. E mais ainda, nós investimos na área de saúde porque a UnC sabe do compromisso que ela tem com a sociedade brasileira, que é melhorar os indicadores de atendimento das famílias”, comenta Luciano.
Para que o curso pudesse ser aprovado, precisavam ser feitas adequações no prédio da UnC em Porto União. O investimento inicial para que um dos blocos da universidade abrigasse os laboratórios necessários para o desenvolvimento dos estudantes ficou na casa dos R$ 5 milhões. “Um curso de medicina a gente não consegue pensar de um ano para o outro. Ele é demorado. É minucioso. São muitos requisitos a serem cumpridos, muitos laboratórios a serem cumpridos e nós começamos isso há muito tempo”, explica o reitor.
A infraestrutura da saúde do município também foi fundamental para a aprovação, visto que, em determinado momento do curso, os alunos deixam os laboratórios e passam a ter experiência em hospitais e postos de saúde. “O curso de Medicina, até o quarto ano dele, ele prevê que sejam utilizados os laboratórios da instituição. Durante esse período existem muitos projetos de extensão acadêmica, que é onde se faz um trabalho de semiologia, de acompanhamento da atenção básica de saúde junto aos postos de saúde do município. Quando ele chega ao quarto ano, que ele termina e vai para o internado, ele começa definitivamente nos postos de saúde, nas UBS, nas UPAS, nos hospitais e maternidades. Já na primeira fase, dentro de algumas disciplinas, ele começa a acompanhar o funcionamento dos postos de saúde, o trabalho dos agentes de saúde, começa a trabalhar a questão de dados da comunidade para que isso possa estar catalogado para que possa ser trabalhado depois cientificamente e academicamente. E a partir do quarto ano é só internato, eles começam a fazer quase 600 horas por semestre dentro das unidades do município e também dos hospitais da região”, aponta o reitor.
Luciano relata, ainda, que diferentemente das instituições que optam pela instalação de um hospital universitário para complementar a formação dos estudantes, a UnC decidiu por firmar parcerias com os municípios em que o curso de medicina estivesse presente. “É uma questão de expertise. Nós temos expertise em fazer educação, em realizar educação, enquanto que os hospitais, as secretarias de saúde, tem expertise em fazer saúde. Então optamos lá atrás por trabalhar com parcerias. O curso de medicina sempre trabalha com um hospital de vanguarda, que poderia ser o hospital universitário ou de convênio. Nós optamos sempre pelo convênio, e a outra parte de retaguarda dele é as secretarias de saúde através das UBS”.
Quanto a opção pela residência médica, que é o momento em que o médico escolhe uma especialidade de atuação, Luciano explica que se trata de uma responsabilidade dos hospitais, que devem fazer uma solicitação ao Ministério da Saúde. Contudo, o reitor destaca que a UnC se dispõem a auxiliar no processo.
O prefeito de Porto União, Eliseu Mibach, destaca a alegria da administração em proporcionar uma infraestrutura em saúde capaz de colaborar para que o curso de Medicina fosse aprovado. “O que nos enche de orgulho é que todos esses alunos que estarão cursando esse curso de Medicina futuramente estarão trabalhando nos postos de saúde, na secretaria municipal de saúde e também nos hospitais da nossa cidade. Isso vai alavancar a saúde pública, isso vai ajudar a nossa população e é isso que nos deixa mais feliz. E o principal é que não é só em Porto União que eles estarão trabalhando. Nós poderemos fazer com que esses alunos se dediquem aos postos de saúde de União da Vitória, de Paula Freitas, de Paulo Frontin, de Porto Vitória, de Cruz Machado, do Sul do Paraná e também do norte catarinense, Irineópolis, Matos Costa e as demais cidades”.
Além do impacto direto na saúde da região, Eliseu acredita que a economia local também será beneficiada. “É realmente uma grande novidade, uma conquista. A sociedade de Porto União da Vitória e região ganha muito com isso. A economia do município vai ganhar também porque nós vamos movimentar o comércio, vamos trazer para cá os professores da UnC, os mestres que virão aqui dar aula para os nossos alunos. Vamos trazer pessoas de fora. Vamos movimentar a economia das nossas cidades e tudo isso vem ao encontro do desenvolvimento da região”.
Sobre o Curso
Serão ofertadas 45 vagas por semestre, que assistirão às aulas em período integral. A duração do curso será de 6 anos. A previsão é que a primeira turma do curso de Medicina em Porto União tenha início já no segundo semestre de 2023. O processo seletivo deve ser divulgado assim que a aprovação do curso for publicada em Diário Oficial. Ainda não há definição se o ingresso no curso será feito por meio de vestibular ou utilizado a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Voltar para matérias