Relembre a campanha do Iguaçu em sua última participação na Primeira Divisão

14 anos após pisar pela última vez em um gramado disputando a série A do Campeonato Paranaense, no sábado, 08, a Associação Atlética Iguaçu tem a chance de voltar a figurar no grupo da elite do futebol do estado. A última vez em que a Pantera do Vale esteve na primeira divisão foi em 2009, com uma campanha registrada em detalhes pelas páginas de O Comércio.

A preparação física dos jogadores naquele ano foi destaque logo nos primeiros dias de janeiro. Os atletas realizavam trabalhos na areia, além de outras atividades voltadas para a melhora do condicionamento físico. No mesmo período, o estádio Antiocho Pereira também passou por adequações para poder receber os jogos da Primeira Divisão.

Relembre a campanha do Iguaçu em sua última participação na Primeira Divisão

Preparação do Iguaçu para o campeonato. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Na edição do dia 10 daquele mês, O Comércio relatou que o Iguaçu estava reforçando sua equipe com a chegada do zagueiro Ronaldo, naquela época com 31 anos, ex-atleta de clubes como Internacional, Criciúma, Paysandu, Chapecoense, Veranópolis e Uberaba. Já no dia 11, um domingo, a Pantera do Vale enfrentou seu primeiro desafio durante a preparação física e empatou em 1×1 um amistoso contra o Batel, em Guarapuava.

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Zagueiro Ronaldo. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Na quarta-feira, 14, os jogadores realizaram um treino comandado pelo técnico Luciano Gusso no campo do 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado (5º BEC Bld), em preparação para um amistoso contra o Paraná Clube, a ser realizado naquela mesma semana. Segundo edição do dia 20 de O Comércio, o Iguaçu foi competitivo durante a partida, mas acabou perdendo para o Paraná por 2×0.

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Equipe desenvolvendo o condicionamento físico. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

No sábado, 24, o Iguaçu disputou novo amistoso contra o Batel, desta vez em União da Vitória, no estádio Antiocho Pereira, para um público de cerca de 300 pessoas. O resultado foi de 5×1 para a Pantera do Vale, o que animou os torcedores.


Começa o campeonato

No dia 28, o Iguaçu finalmente estreou no campeonato, em uma partida disputada no Antiocho Pereira, contra o Coritiba. O público foi de 3.100 pessoas. A Pantera do Vale, segundo reportagem de O Comércio, surpreendeu a torcida e críticos que não acreditavam na capacidade da equipe de competir contra o rival da capital. O embate foi acirrado, mas uma desatenção da equipe união-vitoriense nos acréscimos acabou permitindo que o Coritiba fizesse 1×0, decretando estreia com derrota para a campanha do Iguaçu.

Equipe que iniciou a primeira partida. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

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Disputa contra o Coritiba. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Na edição do dia 31, O Comércio informou que o Iguaçu havia contratado o atacante Ruy Gomes, de 29 anos, vindo do Beijing Hongdeng, da China, e com passagem pelos clubes Apólon, da Grécia; Safa, do bano; Esmeralda Petrolero, do Equador; Jorge Wilsterman, da Bolívia e Guarani, de Bagé. No mesmo dia 31, a Pantera do Vale enfrentou o J. Malucelli, em Curitiba, e voltou com um empate em 0x0.

Atacante Ruy Gomes. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Na edição de 06 de fevereiro, registramos a primeira vitória do Iguaçu na temporada de 2009 do Campeonato Paranaense. Na oportunidade, 1.642 pessoas acompanharam o Iguaçu vencer o Foz do Iguaçu, por 2×1. Na rodada seguinte, em partida realizada em Cianorte, o Iguaçu perdeu de 3×0 para o time com o mesmo nome da cidade. Com a derrota, a Pantera do Vale passou a ocupar a 12ª colocação da tabela.

Torcida comemora primeira vitória da Pantera do Vale no campeonato. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Dando sequência ao campeonato, o Iguaçu enfrentou o Cascavel fora de casa. No primeiro tempo, aos 18 minutos, o placar já estava em 4×0 para os mandantes. A Pantera do Vale tentou correr atrás do prejuízo e chegou a fazer três gols, mas não foi capaz de empatar. O final foi 4×3 para o Cascavel, e com isso o Iguaçu foi para a 14º colocação, dentro da zona de rebaixamento.

O time união-vitoriense voltou a encontrar a vitória no jogo seguinte, em casa, contra o até então invicto Toledo. O placar de 2×1 foi comemorado pelo público de 1.129 pessoas. Na partida seguinte, fora de casa, o Iguaçu venceu o Iraty por 2×1.

Em casa, tentando manter a boa sequência que o havia tirado da zona de rebaixamento, o Iguaçu enfrentou o líder e futuro campeão daquele ano, o Athletico Paranaense. A Pantera do Vale não jogou bem, e perdeu por 2×0, em uma partida com público de 2.946 pessoas. Com o resultado o Iguaçu saiu da 8ª colocação que havia conquistado com as duas vitórias em sequência, e passou para a 9ª.

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Partida entre Iguaçu e Athletico Paranaense. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

Na partida válida pela 10ª rodada, o Iguaçu empatou com o Londrina em 0x0 fora de casa e caiu mais uma posição. A próxima partida, disputada em casa, gerou confusão. O Iguaçu vencia por 1×0 o Paranavaí, até que aos 44 minutos, após cobrança de falta, o visitante empatou o placar. O gol foi alvo de críticas pelos jogadores iguaçuanos, que alegavam impedimento do adversário. O bandeira ficou inclinado a acatar a reclamação dos jogadores do Iguaçu, mas acabou validando o gol, resultado ruim para a Pantera do Vale.

Confusão após partida contra o Paranavaí. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira

No próximo jogo, mais um resultado ruim, com derrota do Iguaçu por 3×0 para o Nacional, com partida disputada em Rolândia. As derrotas e empates foram empurrando o Iguaçu para baixo na tabela, o que o colocou em situação de luta para escapar do rebaixamento.

Contra o Engenheiro Beltrão, em casa e a duas rodadas do final da primeira fase, o Iguaçu empatou em 2×2 e saiu vaiado pela torcida. Na sequência, mais um empate da Pantera do Vale, dessa vez em 1×1 contra o Rio Branco, resultado que praticamente confirmou o rebaixamento do Iguaçu. Para escapar, era necessário vencer o Paraná Clube, na Vila Capanema, e torcer para uma combinação de resultados.

Relembre a campanha do Iguaçu em sua última participação na Primeira Divisão

Torcida se irrita com empate do Iguaçu, praticamente rebaixado na competição. Fotos: Arquivo Jornal O Comércio/Ricardo Silveira


Rebaixamento e o sonho do retorno do Iguaçu à elite

Os resultados necessários não vieram, e O Comércio registrou em sua edição de 27 de março de 2009 a queda do Iguaçu para a Segunda Divisão do campeonato paranaense. O rebaixamento veio com o que o jornal chamou de “Final Melancólico”, visto que a Pantera do Vale foi derrotada com um placar de 4×1. Com isso, o Iguaçu amargou a última colocação do campeonato. “Agora, a realidade que boa parte dos torcedores iguaçuanos não queria: a Segunda Divisão em 2010. O ano em que a equipe teve todas as condições de brigar por uma vaga na próxima fase. Durante a competição, a diretoria do clube, por meio do diretor Luilson Schwartz, não mediu esforços para que jogadores e comissão técnica tivessem as melhores condições possíveis para trabalhar. Terminado o Campeonato, cada jogador segue seu caminho e Iguaçu na segunda divisão. Agora, fica a expectativa se boa parte desses jogadores terão oportunidades em grandes clubes e se atuarem em equipes chamadas pequenas, terão essa estrutura que foi proporcionada, durante esse Campeonato Paranaense”, escreveu o repórter Ricardo Silveira, responsável por registrar a campanha do Iguaçu nas páginas deste jornal durante o ano de 2009.

Em retrospecto, Ricardo comenta que o Iguaçu começou a campanha de forma favorável, com bons resultados, mas foi decaindo conforme a competição avançava. “O primeiro jogo foi muito legal, um jogo contra o Coritiba. O Iguaçu acabou perdendo no finalzinho do jogo, aos 49 do segundo tempo, gol do argentino Ariel. Mas o estádio estava cheio, uma atmosfera muito legal. O torcedor do Iguaçu sempre muito apaixonado. (…) O Iguaçu tinha feito uma primeira metade de campeonato muito boa. Chegou à sétima, oitava rodada, entre os primeiros colocados. Depois começou a ter uma queda que não deu para entender se o time perdeu gás, se faltou uma mudança técnica”.

Para o repórter, o time de 2009 teve uma das melhores estruturas já proporcionadas ao clube, que após muitos anos de inatividade, retornou aos gramados na Segunda Divisão em 2006, conquistando o acesso e permanecendo os três anos seguintes na elite do futebol paranaense. “O ano de 2009 teve parceria com o próprio Paraná Clube. Até alguns criticaram na época que o Iguaçu teria entregue o jogo para o Paraná. São conversas que surgem. Teorias da conspiração igual àquele que o Brasil vendeu a copa de 1998 para a França. O pessoal inventa história para tentar amenizar algum tipo de resultado. O Iguaçu não merecia [o rebaixamento] pela torcida que é apaixonada e pela estrutura que foi proporcionada aos jogadores. Foi formado um time bastante competitivo. Tinha o goleiro Leandro que fez parte da campanha de 2006, que conduziu novamente o Iguaçu à elite do futebol paranaense. O Leandro era um dos principais jogadores do time. Tinha o Rafael Vaz que é hoje um jogador que já passou por Vasco, Goiás. É um atleta que é até conhecido no futebol brasileiro e jogou aqui no Iguaçu naquela oportunidade. Tinha um camisa sete, um baixinho, Danielzinho, corria bastante e foi destaque naquele período em que o Iguaçu estava nas primeiras colocações. Depois foi um dos primeiros a ter uma queda drástica de rendimento e com ele o time também não se encontrou e acabou resultando nesse rebaixamento”.

No sábado, 08, o Iguaçu terá a chance de, no mesmo estádio que decretou seu rebaixamento, reconquistar uma vaga na Primeira Divisão. A Pantera do Vale precisa apenas de um empate contra o Andraus, na Vila Capanema, para reencontrar a Graça tão desejada por sua torcida. “É a oportunidade do Iguaçu. Desde esse retorno da equipe é a chance mais real de retornar à Primeira Divisão. Nos dois anos anteriores bateu na trave, nem classificou para a semifinal. Neste ano é uma equipe que, diferente daquela de 2009 que começou bem e teve uma queda, essa começou com uma certa instabilidade. Primeiros resultados ali de derrota, empates, atuações bem aquém do que o torcedor esperava, e o time foi se encontrando no decorrer do campeonato. Tem um técnico bastante experiente. O Ageu é um nome importantíssimo do futebol paranaense. O Iguaçu merece retornar para a Primeira Divisão pela torcida que tem. É inegável a paixão da torcida do Iguaçu. O presidente da federação esteve em União da Vitória e constatou isso, como o torcedor é apaixonado, uma das melhores médias de público da Segunda Divisão foram do Iguaçu e me arrisco a dizer que até da Primeira. Acompanhando a Primeira Divisão aqui com o Operário, os jogos que o Operário fez fora de casa, principalmente, não tinha torcida como a do Iguaçu”, aponta Ricardo.

Na partida decisiva, Ricardo acredita que o time de União da Vitória não pode jogar na retranca, devendo buscar aumentar a sua vantagem para não correr risco de sofrer o empate e levar a disputa para os pênaltis. “Que o Iguaçu tenha a frieza e a concentração necessária para poder, no sábado, retornar para União da Vitória no caminhão de Bombeiro e comemorando muito esse retorno que será muito importante. Vai deixar muita gente emocionada. O pessoal que iniciou nessa trajetória lá na década de 1970, vários ex-jogadores que estão por aí ainda, o Belga, o Lazarini. Então o Iguaçu é muito merecedor e tomara que venha mesmo essa vaga para a Primeira Divisão no sábado”.

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