União da Vitória tem suspeita de óbito por leptospirose
União da Vitória registrou uma suspeita de óbito por leptospirose nesta quarta-feira, 1º. Segundo Murilo Ferminguez, responsável pela divisão de vigilância em saúde da 6ª Regional de Saúde, o paciente estava internado no hospital São Braz, mas era morador de União da Vitória. Como a internação foi feita em Porto União, a análise clínica será feita pelo Lacen de Santa Catarina, mas caso seja confirmada a infecção, o caso será computado para o município paranaense. A expectativa é que o resultado saia ainda nesta semana.
Até a terça-feira, 07, além do óbito suspeito, União da Vitória contava com mais cinco casos em análise e dois confirmados. Na 6ª Regional de Saúde, há um total de 12 casos sendo investigados nos municípios de Antônio Olinto, General Carneiro, Paulo Frontin, Porto Vitória e São Mateus do Sul. Carlos Diego Train, secretário de saúde de União da Vitória, explica que o material coletado para análise é enviado para o Laboratório Central (Lacen) de Curitiba, que possui o aparato necessário para realizar o teste.
O secretário de saúde também explica como se dá a contaminação e qual a melhor forma de evitar a doença. Segundo ele, a leptospirose é transmitida principalmente pelo contato com água contaminada pela urina de ratos e outros roedores. Por isso é de vital importância que se evite o contato com a água da enchente. “Nos processos onde as pessoas vão muitas vezes limpar suas casas, devem usar um material de prevenção, ou seja, bota, luva. Devem evitar contato da mucosa com qualquer água da enchente. E principalmente, também, evitar que crianças menores brinquem com água da enchente. Evitar o contato ao máximo. É só dessa forma que a gente pode prevenir”.
Caso a pessoa tenha contato com a água, Diego alerta para os principais sintomas da leptospirose. “Tem uma característica da doença da lepto que não é em 100% casos, mas ela é muito característica, que é uma dor na região da panturrilha. Além de todo o sentir mal que a pessoa pode vir a ter, febre alta, desconfortos, entre outros. A busca pelo atendimento médico deve ser feita da forma mais rápida, principalmente aí se vier a sentir essas dores na região da panturrilha. Então, fica aqui o recado para que as pessoas evitem ao máximo o contato com a enchente, a prevenção é a melhor forma. Mas caso forem fazer, façam com um EPI certo, equipamento de proteção individual, a bota, luva, enfim, todo material que possa vir a evitar esse contato direto com essa água que pode estar contaminada”.
Diego também alerta sobre a hantavirose, doença com sintomas parecidos com o da leptospirose, mas que pode ser ainda mais perigosa. “De uma forma geral, o contato com essa água, que muitas vezes está misturada ali até mesmo com o esgoto ou essas questões da contaminação pela urina de roedores, a gente vai estar podendo falar também sobre a hantavirose. Não é uma doença que acometa muito a população de União da Vitória, mas o interior é algo que a gente deve estar sempre cuidando muito. E aí depende de questões de enchente, porque a transmissão é por via aérea, pela aspiração desta urina já totalmente evaporada, vamos dizer assim, seca no ambiente, é onde ela é misturada ao pó e aspirada através da respiração. Então, é também uma doença que a gente deve ficar atento, e ela é um pouco mais agressiva ainda do que a leptospirose, então o tratamento deve ser imediato nas unidades de saúde”, explica.
Cuidado com animais domésticos
O médico-veterinário e professor de doenças infecciosas da pós-graduação da Faculdade Qualittas, Harald Fernando Vicente de Brito, também alerta sobre os cuidados necessários com os animais domésticos, principalmente os cães. É possível que esse tipo de pet seja contaminado pela leptospirose, podendo passar a doença para o tutor. Em casos graves, o cão pode ir a óbito. “Eles podem veicular a bactéria na urina por um bom tempo ainda depois de curados da doença, teoricamente até seis meses. Os cães se infectam com a leptospira da mesma maneira que a gente, então é pisando numa água que vem de locais onde tem urina de rato, é a água que volta do bueiro. Nessa época de enchente é extremamente comum. Ou então tomando essa água. É mais fácil sempre a penetração dessa água pela boca, pelas mucosas, na pele quando a pele está lesada, mas na pele molhada também ela consegue penetrar e infectar os animais assim como a gente. Os cães se infectam assim, mas eles podem se infectar também quando a comida deles fica lá disponível, à noite principalmente e um rato vai lá comer e acaba urinando na comida. Então ele pode se infectar também pelo contato com o alimento dele que está contaminado com a urina do rato”, relata.
Harald explica que os cães também demonstram sinais clínicos da doença, e que, assim que identificados pelo tutor, é imprescindível que o animal seja levado ao veterinário. “Inicialmente, geralmente eles apresentam náusea, vômito, tem bastante vontade de tomar água, mas eles acabam vomitando e daí vão ficando desidratados, então geralmente esses são os sinais iniciais. Como tem vários tipos de cepas de leptospira, a vacina só protege contra quatro tipos e tem pelo menos mais de 20 em cada região que podem causar doença no cachorro, essas cepas causam a doença de maneira um pouco diferente. Algumas levam o animal a ter diarréias, às vezes diarréia com sangue também. Tem alterações um pouco diferentes para cada tipo de cepa. Mas no começo é geralmente aquela náusea, vômito, prostração, febre alta também que é uma característica, e tem alterações nos exames laboratoriais. O importante é sempre nos primeiros sintomas do animal, ele tem algum sinal clínico que está doente, é levar no veterinário para que ele tenha o diagnóstico rápido e comece a tratar rapidamente, porque se demora muito para começar o tratamento o prognóstico é pior. É mais difícil esse animal ficar curado quando começa o tratamento mais rápido. É mais fácil curar esse paciente. E, mesmo depois dele curado, vai ter que ter um cuidado grande também com o contato com a urina dele para não ter a transmissão para a gente”.
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