Opinião: “As redes sociais estão reduzindo nossa humanidade?”
Será este mais um fenômeno da Era Digital? A Aldeia global nos isolou ou cada um de nós desenvolveu um casulo particular que nos isenta de tudo que acontece no mundo, ainda que ele esteja cada vez menor?
Não tenho capacidade para responder, me faltam credenciais e formação acadêmica, portanto registro meu desabafo, apenas um cidadão triste com a insensibilidade que aflora em cada atitude do ser humano desta década.
A Rússia já matou milhares de ucranianos em suas casas. Que chato isto, sinto muito… quanto foi o jogo do Corinthians ontem à noite?
Crianças e idosos são atacados até nos hospitais no conflito Israel x Hamas. Cenas tristes chocantes, melhor nem olhar… como é o nome da cantora que errou o hino na Fórmula 1?
O fulano perdeu o emprego… que se exploda, quem mandou fazer o L?
Sicrano está doente, não está bem tem mais de 15 dias, também, o babaca ainda é apaixonado pelo Bolsonaro.
Cara, estamos naturalizando a tragédia. As duas últimas citações, fruto da idiotização de parte da população que adotou a polarização como meta de vida, ainda tem um contexto, mas basta olhar em volta…
Se tem um acidente de carro, a selfie com a vítima precede o chamado de socorro ou o pré atendimento.
A casa está pegando fogo e as pessoas só pensam que a foto vai viralizar nos stories…
Permitam-me, como qualquer engenheiro normal, pensar em um índice, de humanidade, por exemplo, acho que está em redução nas nossas vidas, a quantidade de solidariedade das pessoas está com o estoque em baixa, seria isto?
Talvez. A realidade é que não precisamos mais de ninguém pra viver. Basta um celular.
O mundo nas nossas mãos. É muito mais glamouroso ouvir fofoca das celebridades, espiar, pelos stories e reels, a vida de notáveis que saber da nova namorada do vizinho. Nossos limites foram expandidos a cada G que a tecnologia incorporou. Acho que no 7G, finalmente vou fazer amizade com um pessoal lá das luas de Saturno.
Deixamos o nosso bairro, somos maiores que a nossa vila simplesmente porque, na hora que desejo, posso olhar para o show da hora em New York.
Mas precisamos entender que o nosso alimento real são nossos afetos, nossos amigos e nossa família. Uma ligação online ou uma live jamais substituirão um abraço.
Se não temos mais a conversa na varanda, podemos manter o papo no boteco, a visita do domingo.
Jamais uma amizade virtual substitui o carinho das reais. O amigo virtual fica offline, mas é o amigo real que chora e ri conosco. É fundamental não perder isto de vista.
Papo de velho?
Pode até ser, mas acredito que tem muita gente, de todas as idades, com saudade do contato real, da risada e da cumplicidade.
A Era digital é irreversível, vamos aproveitar suas possibilidades, mas, a humanidade exige, que ninguém aposente sua sensibilidade junto com o celular anterior.
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