Espaço Cultural: “Dança Cigana”

Ciganos, sempre soubemos, é povo nômade, que se desloca  pelo mundo, tem pouca escolaridade, não possui um idioma escrito e também um emprego. Esses motivos  contribuíram  para a sua discriminação na  sociedade.

dança cigana

Em nossa infância por aqui, quando a área urbana era menor, os acampamentos de ciganos ficavam bem próximos ao centro. Proximidade que fazia evitarmos passar por perto, tais as conversas que rolavam entre os adultos: “ciganos roubam crianças”… Com esse conceito, só era possível chegar ao acampamento  em companhia de alguém adulto, para comprar coisas por eles trazidas.

Lembro das donas de casa adquirindo tachos de cobre, usados em épocas de frutas para fazer chimia, um doce pastoso a saborear no pão.

Também lembro de moças, quando em grupo visitavam o acampamento a fim de ler a sorte ou comprar amuletos artesanais, usados contra os maus presságios.

Mesmo de longe sabíamos quão importante para os ciganos eram o casamento, o respeito para com os mais velhos, a cultura artística preservada através da música, dança e o canto.

As barracas iluminadas por lanternas, na fluidez da noite, davam ao  ambiente um romantismo imaginário, só visto nos filmes hollywoodianos. Filmes onde as czardas húngaras, ao som de violinos, animavam  as danças.

Hoje, passados anos, aqueles acampamentos de um povo originário das Índias, que chegou ao Brasil como degredado de Portugal, raramente é visto por aqui.

Muita coisa mudou. Basta consultar um celular para saber que já existe uma legislação para o povo cigano. Na família saem casamentos com pretendentes fora do grupo, muitas as que adquiriram propriedade e residem em casa própria.

Em fim aquele que se interessar pelo assunto tem oportunidade para saciar sua curiosidade e de muito aprender sobre esse povo tão antigo da humanidade.

Voltando a cultura artística, aqui o nosso mote, um trabalho admirável de criatividade e competência, vem sendo realizado nessas duas cidades por iniciativa da bailarina, professora e coreógrafa Scharlene Amaral, desde que veio de Florianópolis, nos idos de 2019.

Tendo cursado dança oriental, em casa de dança e cultura cigana, a professora direcionou seu interesse e aprofundou-o para as danças orientais e xamônicas.

Scharlene possui Certificado Internacional em Dança (CID) pela UNESCO desde 2021.

Foi premiada pelo Estado do Paraná em Cultura Tradicional Ciganas.

É representante da Federação Nacional dos Ciganos do Brasil (Fenadruci).

Criou o Templo do Ser, primeiro coletivo de terapeutas e artistas do Vale do Iguaçu.

Também criou o grupo Rosas Espiraladas, tecnicamente, formado por homens e mulheres que dançam em círculo.

( foto )

Em nossas cidades o grupo é integrado por mulheres, no início um número de 5, atualmente com 8 bailarinas que se apresentam em diferentes locais. Convites tem sido aceitos para apresentações, principalmente em festas de etnias e festivais, com danças ciganas.

Sempre muito aplaudido, o grupo já dançou além fronteiras e em nossas cidades apresentou danças ciganas com o olhar artístico cultural para diferentes países, entre os quais Brasil, Polônia, Espanha, Egito e Macedônia.

Em apresentações mais recentes estão as do Festival de Artes Ciganas a  convite da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, na Capital e do Instituto Grünewald no evento Frühlingsfest.

As Rosas Espiraladas não se apresentam em competições pois seu norte é mostrar a cultura cigana de forma artística, cultural e educativa. São danças que enriquecem as maneiras de expressão, valorizando gestos, olhares e favorecendo o bem estar e contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

Sem dúvida é também um acréscimo à cultura local, pois amplia o conhecimento das danças étnicas face os demais grupos que se apresentam e representam nossas cidades.

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