Opinião: “Flávio Dino não é comunista nem aqui, nem na China”
Para Lula, comunismo não é aquilo que dizem os livros, mas uma prática que possibilita ao governante agir como um ditador e, ao mesmo tempo, fazer crer ao povo que tudo que faz é para cuidar dos pobres. Mero populismo barato vestido com o fraque da ideologia.
É nisso que acreditam os governantes comunistas da América Latina e, se acrescermos à receita deste bolo uma implacável lógica capitalista, é o que acreditam também os comunistas chineses.
Dino não é comunista nem aqui, nem na China. É apenas mais um que, ao vestir a toga suprema, se amoldará ao espírito de corpo da Corte e passará a agir em nome dos interesses do STF de se sobrepor aos demais poderes da República, como tem acontecido nos últimos anos.
Importa menos criticarmos o que Dino é e mais o que ele – e todos os outros – se tornam ao ingressarem no STF. Mesmo assim, os críticos da Corte perdem seu tempo – e o nosso – a reclamar que os ministros são comunistas, capitalistas, evangélicos, ou que não são mulheres, negros e indígenas.
Alguns meses atrás, em artigo intitulado “A ideologia de Zanin não tem importância nenhuma”, escrevi que, se o STF se tornou um poder mais político que jurídico, seus ministros acabaram se tornando uma espécie de políticos do centrão. Transcrevo o trecho:
“Ministros do STF, mesmo quando agem politicamente, não o fazem em favor deste ou daquele partido, desta ou daquela ideologia política. Se fossem obrigados a ter algum partido, certamente seria um daqueles de centro, que se dão bem com todo e qualquer personagem que está exercendo na ocasião o poder”
Escrevi também que aos poucos a ideologia dos ministros acabava se ajustando à toga, para que governem sobre nossas cabeças e a despeito de nossas vontades.
É assim, e assim será, independentemente de serem evangélicos ou ateus, capitalistas ou comunistas, os ministros acabam se alinhando para que o poder arrancado do Executivo e do Legislativo, desde o advento do famigerado inquérito das fake news, continue a lhes dar a soberania total em nossa republiqueta mequetrefe.
Temos um STF que governa. É disso que deveriam se ocupar os críticos da Corte. Se os ministros são capitalistas ou comunistas de iphone, é algo que diz respeito mais a seu passado que a seu futuro, enquanto ministros do Supremo.
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