Bakri: “Aquele que quiser o meu apoio vai ter que assumir alguns compromissos”
Em entrevista aos jornalistas Rafael Peruzzo e Jaqueline Castaldon, o deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), Hussein Bakri, respondeu perguntas do público a respeito de obras, abordou a possível anexação do Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv) pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e também relatou qual será seu posicionamento durante as eleições municipais.
Confira a entrevista
Jornal O Comércio (JOC): Deputado Hussein Bakri, somos muito questionados a respeito das obras no acesso à Ponte do Arco. Existe previsão de quando os trabalhos serão retomados?
Hussein Bakri (HB): Deixa eu te falar. Eu sofri muito com essa obra. Porque, o que acontece? Eu estou aqui sempre para ser elogiado, para ser criticado. Eu sempre falo isso. Tem cara que pega voto aqui, se você pegar a lista, não fui só eu que fui votado. Tem um monte de gente, só que os caras não aparecem mais. Eu estou aqui sempre. A gente foi lá no primeiro momento, arrumou o recurso, e aí os caras foram fazer o projeto. Tiveram vários problemas ambientais. E aí, por um erro de engenharia, não foi previsto a questão dos fios, e parou a obra. E aí veio o segundo problema lá. Então, o que eu posso garantir para as pessoas? Foram aportados mais recursos para a segunda obra também. E digo (…) que é uma questão de tempo agora para soltar o edital. Estão previstos mais R$ 20 milhões para fazer outra parte. Porque são obras caras de engenharia. Mas eu diria que… Como é que eu vou estabelecer um prazo? Nós temos problemas, por exemplo, na licitação. Dá uma briga, alguém entra com o recurso. Outro problema que pode acontecer: o Tribunal de Contas achar um probleminha, vai lá e suspende. Como foi com alguns lotes que vocês acompanharam aqui do DER de recuperação de rodovias. Então, se tudo der certo, no máximo até o final do ano, os editais estarão prontos. E vai sair o edital da licitação para resolver os dois problemas. O mais importante de tudo, o dinheiro está previsto. O dinheiro está reservado. Agora, eu não posso garantir uma data porque são vários fatores externos.
JOC: Deputado, ainda falando na questão de obras essenciais esperadas pela população. Quais novidades o senhor tem em relação ao Instituto Água e Terra (IAT), órgão responsá- vel pelo estudo de projeto para mitigação dos problemas das cheias?
HB: Em primeiro lugar, quando a gente fala em cheia, o ser humano tem um defeito. Todos nós, eu me incluo. A gente se preocupa quando o problema está na hora. Depois que passa, a gente vai acalmando, vai acalmando, vem outros problemas. Isso não pode acontecer com a questão do Rio Iguaçu mais. Nós ficamos aí uns 10, 12 anos sem nada. E a gente foi arrefecendo naturalmente. Não pode acontecer e não vai acontecer. O que eu quero dizer com isso? Nós temos a situação do Rio Iguaçu e o governador (Ratinho Junior) nos autorizou a dizer que o governo do Estado vai contratar um projeto. O edital já está sendo elaborado. Nós imaginamos que, no máximo, em 30, 40 dias, o edital esteja pronto. Eu acho que vai investir só no projeto, entre R$ 3 a R$ 4 milhões. Por que é importante o projeto? O projeto vai dizer o que tem que fazer. Está entendendo? Nós temos um monte de gente que fala “alarga o rio, puxa, levanta, dá uma ré, vai para frente, vai para trás”. E, às vezes, são soluções que não vão resolver. Eu já vi gente técnica me dizer que algumas das soluções que foram propostas por leigos podem, inclusive, afetar o lençol freático aqui em União da Vitória. Outras soluções podem afetar para frente. Enfim, eu não sou técnico. Então, empresas especializadas vão participar desse processo todo. E esse estudo deve demorar aproximadamente um ano.
JOC: Deputado, falando um pouquinho da educação. Recentemente o Estado doou para o município de União da Vitória um terreno no bairro São Bernardo, onde será construída a nova sede da escola Hilda Melo. É uma escola bem moderna que vem por aí.
HB: Olha, eu era menino, ainda estudava no José de Anchieta. Naquela época não tinha separação da primeira, quarta série, ensino médio, enfim. Eu até ia com o [prefeito] Bachir para a aula. Nós brincávamos lá, éramos colegas. E a gente está vendo que existe um grande problema para resolver. E isso é um problema não só de espaço, mas um problema maior, até. Você tem ali três unidades funcionando no mesmo prédio. Você tem uma universidade. Você tem um colégio estadual e um colégio municipal. Realmente, não é aceitável. E aí, um determinado dia, o prefeito Bachir disse “nós precisamos tirar a escola municipal de lá. Eu estou com o recurso necessário para construir, só que eu preciso de um terreno”. Então veio pra nós a possibilidade, aí a ideia. É ali perto do Hospital APMI, ali do lado do Colégio Militar, o Lauro Müller. Ali nós temos a doação de um terreno de quase 4 mil metros. A avaliação que nós temos lá é de mais de 300 mil reais. Agora a prefeitura lançou o edital e vai fazer um grande colégio.
Paralelo a isso, nós temos ainda, as tratativas em relação a Unespar e a Uniuv, que estão andando bem. Está na mesa do governador agora. O governador vai para os Estados Unidos, tem uma missão estadual e, na volta dele, vai sentar comigo e com o secretário Aldo [Bona] pra definirmos essa questão. Nós temos um problema que nós temos que enfrentar e nós não podemos mentir pra população. O Estado do Paraná é o Estado que mais investe em ensino superior. O ensino superior não é atribuição do Estado, é atribuição federal. E o Estado se preocupa em aumentar ainda mais as despesas, porque como é que aconteceria aqui em União da Vitória, se de fato acontecer, aliás, de a Unespar absorver a Uniuv? Os cursos que hoje são cobrados serão gratuitos. Gratuitos, mas alguém vai pagar a conta. E a estimativa é de cerca de R$ 20 milhões se tiver, no mínimo, cinco cursos. Se você fizer conta, em três anos dá R$ 60 milhões. Mas falei pro governador que é importante para o desenvolvimento. Falei que nós estamos saindo de um processo complexo de enchente e que o ensino superior é um vetor de desenvolvimento, é um gerador de emprego e renda. Quantas pessoas viriam morar pra cá? Quantos professores seriam incorporados? Nós teremos um investimento significativo que vai fortalecer a economia da cidade também e vai oferecer a condição dos alunos de estudar de graça. Nós sabemos que uma boa parcela não pode pagar. Veja o curso de Direito que veio pra Unespar. Eles teriam ali a Odontologia, pelo que eu soube, teria sistema de informática, talvez alguma das engenharias e alguns outros cursos que eles iam fazer. Mas acho que é uma grande oportunidade para as pessoas poderem fazer [uma faculdade]. Eu estou muito otimista. Estou rezando para que chegue a volta do governador para a gente sentar e conversar e definir essa questão da Unespar.
JOC: Deputado, o senhor hoje é uma liderança notável aqui em União da Vitória e na região da Amsulpar. Na Assembleia Legislativa do Estado, o senhor é o líder do governo. Foi um dos deputados mais votados do Paraná e este ano nós temos eleições municipais. De que forma o senhor vai trabalhar nos bastidores? Como vai funcionar o trabalho do Hussein Bakri nesse sentido?
HB: Em primeiro lugar, eu quero dizer que eu tenho hoje 53 prefeitos que me indicaram como seu representante. Imagina a trabalheira que é. Eu tenho alguns municípios que eu não tenho prefeito, mas tenho o grupo que vai disputar, e, evidentemente, que vou ter que me desdobrar. Segunda, terça e quarta em Curitiba, quarta-feira, estrada, e vou participar das eleições. E digo mais, vou levar comigo nesses municípios aquele que eu considero o maior cabo eleitoral do Estado, talvez do país, que é o governador Ratinho Junior. Ele está muito entusiasmado para participar das eleições municipais, emprestar o seu apoio. A grande maioria das cidades e quase a totalidade dos meus candidatos são do PSD. Agora eu, se for pensar mais regionalmente, tenho alguns ajustes para fazer aqui, algumas conversas para fazer. Mas o mais importante é o seguinte: eu não quero discutir nomes, nada ainda, porque está muito cedo. União da Vitória, especificamente, tem algumas opções para serem observadas, definidas. Mas o mais importante é que eu não abro mão do meu modelo de governar. Aquele que quiser o meu apoio vai ter que assumir alguns compromissos comigo, mas não quero nada para mim. Não quero o cargo para colocar ninguém. Não preciso disso. Eu quero compromissos de governança. Aquele que quiser ter o meu apoio vai ter que ter um compromisso de fazer uma prefeitura enxuta, com poucos cargos, que sobre recursos para investimentos. Aquele que quiser ter o meu apoio vai ter que assumir um compromisso de fazer o meu modelo que eu fiz quando era prefeito lá atrás. Não que eu seja melhor que ninguém. Mas [vai ter que] fazer um Prefeito com o Povo, por exemplo, em que as pessoas no sábado podiam conversar com a administração. Um modelo em que nós tenhamos recursos garantidos para chegar em todos os bairros, e assegurar per capita para cada bairro X. [Dizer] “olha, cada bairro vai ter isso e vocês vão escolher a obra que vocês acharem importante”. Esse foi o meu modelo, e o modelo que deu certo. (…) Não é para mim isso. É bom até para o gestor, e eu vou dar todo apoio. Vou estar lá em Curitiba trazendo recursos para essas pessoas. Agora, eu vou participar da eleição, vou ajudar na campanha, vou fazer de tudo para que essas pessoas possam ganhar, porque acho que humildemente, atravesso um momento importante, do ponto de vista político, que eu posso ajudar. Eu tenho condições de ajudar. E digo mais: o Estado do Paraná, escreva o que eu estou falando, vai viver os dois últimos anos [do governo Ratinho Junior] em uma situação financeira boa. Estou falando em termos de recursos para investimento nos municípios, para obras importantes de pavimentação, obras de infraestrutura do dia a dia. O Estado vai ter essa condição.
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