OPINIÃO: “Curitiba vale ingresso para 2026”
A questão não é apenas matemática, quase 20% do eleitorado, o fato é que Curitiba é o centro do universo político do Paraná, onde brilha, soberano, apenas um sol, que nasce e se põe no Iguaçu. Diferente do céu candango onde ainda persistem dois sóis, um de cada lado, embora, atualmente, de grandezas diferentes.
Como cantava Cássia Eller “quando o segundo sol chegar para realinhar as órbitas dos planetas”, será apenas a eleição de prefeito na Capital que pode permitir o surgimento deste novo astro que pode ter luz própria e ter efeito duradouro, diferente do cometa Dallagnol ou do meteoro Moro.
Talvez as urnas não causem um “assombro exemplar”, mas ainda assim será suficiente para ajustar as órbitas dos planetas políticos e, como você sabe, na astronomia eleitoral, quando mais próximo do sol, maior o brilho e a temperatura. Pois que assim se estabeleçam as relações e as lições que as urnas curitibanas despejaram na cena política.
Se você recuar dois anos, a consagração de Deltan, a vitória de Moro, a força petista importada, mas inquestionável, poderiam colocar estes três nomes, Gleisi com o treze, na linha de frente da disputa, gerando bastante dificuldades para o governador unir seu time para enfrentar os ungidos das urnas, todavia o tempo correu a seu favor e, ainda que Gleisi siga como alternativa, os demais dependem de liberações judiciais improváveis. Logo, falta apenas sobreviver nesta eleição para Ratinho nomear o seu sucessor.
Todavia, Curitiba pode permitir um segundo sol na constelação paranaense, com brilho suficiente para armar o seu jogo para 2026 e confrontar ou compor com a situação, impondo um nome que permita ao governador olhar para o Planalto Central.
Não se pode desprezar a ressureição de Moro que, se liberto das amarras judiciais, assume o papel de vítima de uma grande armação e recupera seu brilho com muita intensidade. Eventual liberação de Deltan pode produzir o mesmo efeito.
Se focados apenas no desenho político, apenas Curitiba pode tirar o controle total das mãos do governador. Rafael Greca, por exemplo, elegendo Eduardo Pimentel, nome certo nas próximas cenas políticas, ainda que divida o pódio com Ratinho, sai completamente revigorado para 2026, especialmente se a saúde e o fôlego sustentarem a ambição pelo Iguaçu. Observe que a leitura coloca em evidência e refaz o xadrez para qualquer vencedor que tenha também a capacidade de alinhar siglas distintas em seu projeto, tudo porque o fundo eleitoral e o palanque eletrônico, itens fundamentais na campanha tradicional, dependem deste arranjo partidário.
Por conta desta prioridade, muitas cidades importantes terão seus contendores alterados por imposição da legenda. No balcão de negócios, praças menores terão nomes podados para compensar apoios na Capital. Apoio de partidos fortes, sem candidatos naturais, como PT e PL, podem ser confrontados por legendas com nome em Curitiba, Beto Richa do PSDB e Luciano Ducci do PSB, para citar exemplos, cujas siglas, alheio a vontade local, poderão ser direcionadas aos palanques designados por imposição curitibana.
Arranjos da democracia tupiniquim, onde ouso descortinar apenas os arranjos eleitorais porque a censura de nossas páginas exige decoro para falar do fluxo de caixa do Fundão Eleitoral.
Voltar para matérias