Julho Amarelo é mês de prevenção da Hepatite Viral

Julho é o mês de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. Simbolizado pela cor amarela, a campanha foi instituída pela Lei nº 13.802/2019 com a intenção de conscientizar a população a respeito dessa infecção que atinge o fígado. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2020 e 2023 foram registrados mais de 785 mil casos de hepatites virais no país. A preocupação é de que, por ser uma doença muitas vezes silenciosa, a hepatite possa causar sérias complicações à saúde, levando, em alguns casos, à necessidade de transplante do órgão afetado ou, ainda, em situações mais graves, à morte.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são a A, B e C. O vírus que causa a hepatite D também exige atenção, principalmente no nordeste do país. Já a hepatite do tipo E é mais comum em países da África e da Ásia.
As formas de transmissão são variadas.No casos das hepatites do tipo A e E, a infecção acontece pela via fecal-oral. A primeira tem ligação com o consumo de água imprópria, baixo nível de saneamento básico e de higiene pessoal, contato pessoal próximo, e contato sexual. Já a segunda também está presente em ambientes com estrutura sanitária frágil, podendo, também, ser contraída pela ingestão de carne mal cozida, transfusão de produtos sanguíneos infectados e transmissão da mãe para o feto. As hepatites B, C e D possuem as mesmas formas de transmissão, sendo elas: relações sexuais sem uso de preservativo, da mãe para o feto e compartilhamento de material de higiene pessoal.

As hepatites do tipo B e C têm a característica de poderem se tornar crônicas. Segundo Regina Célia Santos Valim, médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC), por terem sintomas brandos, podem passar despercebidas, vindo a ser descobertas quando a doença gera outras complicações, como cirrose ou câncer de fígado. “A melhor forma de prevenção e diagnóstico da hepatite B e da hepatite C é fazendo o exame. O exame das hepatites tanto B como C estão disponíveis nas unidades básicas de saúde e recomendamos que todas as pessoas procurem essas unidades para fazer o seu teste e saber o quanto antes se são portadoras dessas duas doenças, ou da B ou da C, e ser tratada adequadamente. Hepatite B e hepatite C têm tratamento e com uma alta taxa de eficiência. Hepatite C, em particular, ela tem cura, ou seja, a taxa de cura da hepatite C com o tratamento chega a mais de 95%. A hepatite B tem um tratamento que consegue fazer com que a pessoa tenha uma boa qualidade de vida e não evolua por um caso grave de cirrose ou câncer hepático. E tem mais. A hepatite B tem vacina e a vacina consegue proteger a pessoa de se infectar por esse vírus. Então vale a pena procurar um posto de saúde para ser testado e também para atualizar o seu calendário vacinal caso não tenha ainda feito a vacina da hepatite B”, alerta.

Regina também comenta sobre os sintomas da doença. Quando presentes, se manifestam pela febre, dor no corpo, dor abdominal, náusea, vômito, e até mesmo quadros de diarréia e icterícia, o famoso amarelão. “A pessoa fica com mucosas e a pele amarelada e isso chama a atenção. Então quando a pessoa tem uma doença aguda, ela vai procurar um atendimento médico. O problema são justamente os casos pouco sintomáticos e os casos assintomáticos. A hepatite pode ser uma doença de evolução silenciosa. Por isso procure uma unidade básica de saúde e faça o teste.


Função do fígado

O gastroenterologista Ricardo Monte Júnior explica que o fígado exerce várias funções no corpo, sendo a principal delas a filtragem de nutrientes que posteriormente são absorvidos pelo intestino. “O fígado acaba depurando a toxina, eventualmente bactérias. Ele tem essa ação depuradora. Tem uma ação também hormonal. Tem vários hormônios que são secretados pelo fígado. Tem uma função também de proteção imunológica, reserva de ferro, então existem múltiplas funções do fígado. É um órgão vital”.

No geral, os sintomas de que algo não vai bem com o órgão são a icterícia, ascite (acúmulo de líquido no abdômen), varizes na região abdominal, e até mesmo confusão mental. Contudo, todos esses indícios aparecem em casos de doenças em estágio avançado. “Existem também alguns sinais relacionados à parte hormonal. A ginecomastia, que é quando o homem começa a fazer peitinho, tipo uma mama mesmo. Uma rarefação de pelos. Começa com algumas lesões vasculares na pele. Isso também pode ser um sinal já de doença hepática”, completa Ricardo. Para a identificação de doenças relacionadas ao fígado, Ricardo indica que, normalmente, a investigação começa com exames laboratoriais por meio de coleta de sangue.

O fígado é um órgão conhecido pela capacidade de regeneração. Mas o fato não exime uma pessoa da necessidade de tomar cuidado. “O fígado se regenera até um certo ponto, porque se ficar batendo nele, agredindo, agredindo, agredindo, muitas vezes ele acaba fibrosando e perdendo a arquitetura normal. Daí evolui com cirrose. Então ele regenera até certo ponto. Se abusar muito pode chegar o momento em que ele vai regenerar de forma equivocada”, adverte Ricardo.

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