Jovem do Vale do Iguaçu é premiado em festival internacional de cinema
Para muitos, filas de espera podem ser uma tortura. Para outros, uma dádiva. Ghassoub Domit Neto faz parte do segundo grupo. E foi com essa constatação, exposta de maneira bem humorada no curta “Existe antônimo para a palavra espera?”, que o jovem, morador do Vale do Iguaçu, conquistou dois prêmios no Festival Internacional de Cinema Escolar de Alvorada (Fecea).
A obra foi realizada como projeto integrador do tecnólogo em Produção Audiovisual do Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv). Unindo o útil ao agradável, Ghassoub utilizou o trabalho obrigatório da graduação para pôr em prática a ideia do curta, proposta que estava há muito engavetada. “Eu tinha uma outra ideia, que estava mais complicada de desenvolver. E essa ideia do Existe antônimo para a palavra espera? veio antes de entrar no curso. Eu tinha anotado e deixado para trás. Aí um dia eu simplesmente pensei: vou dar uma chance aqui. Comecei a escrever e saiu. Fui aperfeiçoando o texto até começar a gravar e foi isso”, explica.
No curta, Ghassoub monologa a respeito da sensação de alívio que sente na possibilidade de, no meio de uma rotina atarefada, ter a chance de desfrutar de alguns minutos de tranquilidade. “Eu não preciso nem me sentir culpado por não estar sendo produtivo porque fazer nada é parte do compromisso que eu estou cumprindo”, cita em determinada passagem da obra.
A percepção de Ghassoub sobre a espera surgiu justamente do sentimento de ter pouco tempo para si mesmo. Atrelado a isso, o jovem tinha em sua rotina a tarefa profissional de resolver problemas em bancos e cartórios, situações em que já chegou a perder – ou melhor, ganhar, como diz no curta – cerca de duas horas em filas. “Nesses dias quentes de verão eu pensava: tudo bem, eu vou ficar aqui relaxando, só no ar condicionado e na cadeira estofada”.
Para produzir a peça, Ghassoub contou com a ajuda da irmã para a operação da câmera. Ela também interpreta uma paciente na sala de espera de uma clínica. O pai e uma amiga do jovem também dão vida às personagens. Todos os takes foram gravados na casa do estudante.
Premiação
Ghassoub foi vencedor nas categorias “melhor filme pelo júri popular” e “curtíssimos”, essa última destinada para filmes com até três minutos de duração. Na primeira categoria, o vencedor foi escolhido a partir do número de curtidas do vídeo no canal de Youtube do festival, algo que surpreendeu o jovem. “Eu não achei que eu fosse ganhar na categoria do júri popular porque no canal do YouTube do festival eles não deixaram público o número dos likes e eu via que o meu não era o que tinha mais visualizações, sabe? Então eu pensei: quem tem mais visualizações deve, consequentemente, ter mais curtidas. Então eu achei muito legal, e acho que muitas das curtidas que eu recebi foram de pessoas daqui da cidade. Muita gente que veio trocar ideia, acho que isso foi o mais legal, ver que a galera daqui curtiu o meu trabalho”.
Na segunda categoria, “Existe antônimo para a palavra espera?” foi escolhido pelo júri técnico do festival, que contou com inscrições de vários países. “É outra sensação ganhar sendo escolhido pelo júri oficial do festival, ainda mais que alguns dos trabalhos concorrentes eram de fora do do Brasil”, relata. Mas a comemoração foi interrompida, ironicamente, pela pressa do dia a dia. “Foi muito louco, porque quando eu recebi a notícia que eu tinha ganho, eu estava apurado com o prazo para entregar o próximo trabalho”.
No momento, “Existe antônimo para a palavra espera?” não está disponível para o público, pois o indicado por organizadores de festivais é que o conteúdo mantenha certa exclusividade por, pelo menos, dois anos, para que seja exibido como uma novidade. Contudo, na quarta-feira, 18, o jovem recebeu a notícia de que foi selecionado, também, para o festival internacional de curtas Knotoy Fest, o que implica na possibilidade de que o filme seja exibido no youtube do festival em breve.
Futuro
Ghassoub relata que desde criança tem interesse pelo audiovisual. Na primeira graduação, acabou optando pelo direito, pois tinha a sensação de que talvez não possuísse repertório suficiente para seguir na área de cinema. Agora, com a realização do curta e reconhecimento, pretende dar chance ao sonho. O próximo projeto apresentado na faculdade é intitulado “Eu vou ser o cretino que eu sou”. Além desse projeto, já finalizado, o jovem tem mais ideias, e pretende executá-las também com a ajuda de colegas. “Ter ganho, ter participado desse festival, só ter sido selecionado, parece que é uma coisa que me diz que eu preciso realmente investir nisso. É muito legal. É tipo um retornar para o meu propósito”.
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