Grupo Escoteiro Iguaçu na luta pela preservação histórica
Um prédio que mudou de estado sem sair do lugar. Essa é uma parte da história da sede do Grupo Escoteiro Iguaçu. Inaugurado em 1913 pelo governo do Paraná para abrigar o Grupo Escolar Serapião, o imóvel trocou de endereço em razão da divisão de estados após o fim da Guerra do Contestado. Em 1917, o local, que antes pertencia a União da Vitória, passou a ter Porto União como domicílio.
Para manter essa relíquia da história do Vale do Iguaçu em pé, o Grupo Escoteiro Iguaçu tem realizado campanhas para arrecadação de verba para obras no prédio de quase 112 anos. O montante necessário para realizar todos os reparos está na casa dos R$ 400 mil, meta que ainda não foi alcançada. Contudo, de forma emergencial, a diretoria optou por utilizar os valores recebidos até o momento e dar início ao conserto do telhado do imóvel, que sofre com infiltrações e infestação de cupins, colocando todo o restante do patrimônio em risco.
“Nosso prédio é um marco histórico para a nossa comunidade, para os dois municípios, tanto para União da Vitória quanto para Porto União”, comenta Celso Castilho, Presidente de Honra do Grupo Escoteiro Iguaçu. Segundo ele, tendo em vista o aspecto histórico e relevância do imóvel, a diretoria tomou para si o desafio de fazer as obras necessárias. Uma vez que o telhado esteja em boas condições novamente, o restante dos reparos serão feitos conforme as possibilidades financeiras, pois as demais avarias não colocam em risco a estrutura do imóvel.
Após avaliações de engenheiros voluntários no grupo, e também de engenheiros da Ugv – Centro Universitário, que realizaram o projeto arquitetônico do telhado, optou-se por substituir a estrutura de madeira por uma de ferro zincado, visando maior durabilidade. A parte estética, entretanto, será mantida. O reparo do telhado deve ter início ainda neste mês.
“A diretoria do Grupo tem responsabilidade diante do significado do prédio, que é histórico, pois a construção teve início em 1911, e em 1913 foi inaugurado como a primeira escola pública do Paraná. Então ele tem esse grande valor. E também mescla muito com a história do Grupo, que também vai completar daqui um tempo 100 anos. Estamos rumo ao centenário do Grupo. Com essa responsabilidade, com essa mescla histórica tanto do Grupo como do prédio, nós vamos continuar com essa responsabilidade. Seria muito mais fácil a gente colocar à venda esse imóvel, que é do Grupo Escoteiro, mas isso passa longe do que a diretoria está pensando”, relata Celso.
Símbolo do Grupo Escoteiro Iguaçu
O prédio, que desde o final dos anos 70 abriga o Grupo Escoteiro Iguaçu, também já serviu de endereço para o colégio Balduíno Cardoso e para o fórum da comarca de Porto União. Não por acaso, a história do imóvel é um reflexo do Grupo, o mais antigo em atividade no estado de Santa Catarina. Celso considera o prédio um símbolo. “Ele é nosso carro-chefe. O prédio também representa o Grupo e o Grupo representa o prédio. Estamos entrelaçados nessa história”.
Com a arrecadação oriunda de jantares, bingos e doações por meio de Vakinha e Pix, Celso vê a colaboração da população para com o Grupo Escoteiro e também com a preservação da história do Vale do Iguaçu. Para ele, essa é uma demonstração do aval da sociedade, que reconhece a importância do Grupo na formação de pessoas autodidatas, independentes, bem desenvolvidas e úteis para a comunidade. “Estamos fazendo uma política pública, quem deveria fazer isso seria os órgãos governamentais, esse pessoal onde tem dinheiro. Fazemos as coisas sem dinheiro praticamente. Nós, adultos, somos todos voluntários. Temos a motivação de permanecer, de continuar, de incentivar nossas crianças pelo resultado que vemos nelas. Esse é o nosso pagamento”.
Preservação da história
Manter prédios em bom estado é uma maneira de preservar viva a história. Para Therezinha Wolff, a destruição de imóveis antigos é motivo de tristeza. “Nós estamos perdendo dia a dia os prédios mais antigos daqui, e é uma pena porque não é só um prédio. O prédio tem uma alma e tem uma história. Todas as pessoas que passaram por ali vão deixando alguma coisa no caminho. Por exemplo, onde eu moro hoje, era o primeiro cartório da cidade. Bento Correia ficou ali muitos anos trabalhando como cartorário. São coisas assim que contam a vida das pessoas e também a importância que elas tiveram na comunidade. Onde eu moro, as filhas do seu Bentinho Correia, Diva e Dalva, uma delas era professora de música e ela dava aula de piano. Veja quanta história tem uma casa”.
Deseja contribuir?
Todos os eventos de arrecadação realizados pelo Grupo Escoteiro Iguaçu são divulgados no Instagram @geiguacu43. O grupo também aceita contribuições por meio da chave PIX 4923144@vakinha.com.br.
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