“Pandemia acelerou transformação digital no sistema bancário”

Renato Scalabrin, Superintendente de Rede da Caixa Econômica Federal, também pontua sobre perspectivas do cenário econômico


O Superintendente de Rede da Caixa Econômica Federal, Renato Scalabrin, foi entrevistado pela CBN Vale do Iguaçu. Na entrevista, ele pontuou sobre as iniciativas para expansão da atuação do banco pelo País, a explosão na transformação digital do setor e perspectivas do cenário econômico brasileiro por conta da pandemia da Covid-19.

No dia 12 de janeiro de 1861, Dom Pedro II assinou o Decreto nº 2.723, que fundou a Caixa Econômica da Corte. Desde então, a Caixa caminha lado a lado com a trajetória do País, como mudanças de regimes políticos, processos de urbanização e industrialização. Com sua experiência acumulada, inaugurou, em 1931, operações de empréstimo por consignação para pessoas físicas; três anos depois, por determinação do governo federal, assumiu a exclusividade dos empréstimos sob penhor, o que extinguiu as casas de prego operadas por particulares.

No dia 1º de junho do mesmo ano, foi assinada a primeira hipoteca para a aquisição de imóveis da Caixa do Rio de Janeiro. Tempos depois, em 1990, iniciou ações para centralizar todas as contas vinculadas do FGTS, que, à época, eram administradas por mais de 70 instituições bancárias.

De acordo com o Superintendente de Rede, em 2020, com a pandemia, foi enfrentada uma das maiores catástrofes da história mundial. A Covid-19 trouxe muita dor, sofrimento e perdas irreparáveis. A economia do País também foi gravemente afetada e foi o momento de se arregaçar as mangas, rever os negócios, estudar estratégias e entender o que poderia ser feito.


Confira a entrevista:

Jornal O Comércio (JOC): A Caixa Econômica se reinventou e a tecnologia foi fundamental para que muitos gargalos fossem eliminados?
Renato Scalabrin (RS): Com certeza. O sistema financeiro da Caixa se reinventou com a pandemia trazendo, em um primeiro momento, um olhar redobrado aos cuidados com a saúde dos cliente e dos seu empregados. A caixa tem buscado seguir a risca todas as orientações de decretos e das secretarias de saúde, como distanciamento social, uso de máscaras, álcool gel e implantação do home office. É fato que a pandemia acelerou a transformação digital no sistema bancário. Nós já vinhamos aderindo a digitalização, mas em um processo mais lento. A Caixa foi um exemplo a ser citado no pagamento do auxílio emergencial, criação do Caixa Tem e o volume de atendimentos e pagamentos. Nós temos hoje a maioria dos benefícios e dos clientes utilizando a poupança social digital. Isso traz segurança e facilita. O sistema bancário e financeiro buscando apresentar melhores alternativas e opções aos clientes.

JOC: O auxílio emergencial foi o serviço mais buscado na Caixa Econômica durante a pandemia?
RS: Foi o serviço mais procurado e nós quebramos alguns paradigmas porque dos programas de assistência, o Emergencial é um exemplo, temos pessoas de menor renda e com pouco acesso a tecnologia, e que muitas vezes nunca tiveram a utilização de um aplicativo ou conta digital – que até então era para alta renda. E nós fomos gradativamente criando esse comportamento e virando cultura, com isso acontece a redução das pessoas indo até a Caixa.

JOC: Os senhores imaginavam uma operação tão grande na história da Caixa, assim como foi com o Auxílio Emergencial?
RS: A Caixa e Governo Federal sempre buscam movimentos onde o banco público precisa nesses momentos ser protagonista, como os anteriores Fundo de Garantia, liberação do Saque Aniversário, então foi um período muito intenso com vários programas sendo pagos ao mesmo tempo, o que nos levou a criar uma dinâmica e qualidade de atendimento buscando divulgação de calendários, enfim, foi um aprendizado durante todo esse ciclo.

JOC: O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) também foi buscado no período?
RS: Foi. A Caixa liberou até antes desse ciclo que estamos liberando agora do Pronampe, em torno de R$ 15,6 bilhões. Então foi um recurso muito expressivo e pulverizado (recebíveis). Ano passado tivemos várias liberações e agora retomamos novamente. O Pronampe, ele traz condições que foram pensadas para esse momento da pandemia, onde você tem impactos em todas as relações, redução de faturamento e proteção das micro-empresas e emprego, o Pronampe foi o grande produto, em parceria com a Caixa Econômica e Governo Federal.

JOC: De que maneira a comunidade pode buscar o Pronampe?
RS: Tivemos em julho uma nova liberação de R$ 6,3 bilhões de recursos para o Pronampe. O programa foi criado para oferecer empréstimos com juros mais baixos para pequenos negócios afetados pela crise do coronavírus. Para contratar o financiamento pela Caixa, o empreendedor deve ir pessoalmente a uma agência do banco e entregar a comunicação da Receita Federal recebida em 2021, onde constam dados de faturamento de 2019 e 2020 da empresa. Esse documento é necessário para validação das informações obrigatórias de enquadramento no programa, segundo a Caixa.

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