Estação Ferroviária União: nosso maior patrimônio histórico!
O projeto da Estação Ferroviária União foi construído para resgatar a história da Guerra do Contestado.
Conflito entre governos, políticos, uma empresa multinacional e fazendeiros contra sertanejos, “caboclos posseiros” que deveriam ser expulsos da terra valorizada com a chegada da ferrovia.
Em 1916 os Estados assinam um Acordo de Limites dividindo o quadro urbano da antiga União da Vitória pela linha dos trilhos da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande.
A construção da estação em arco e no estilo Art Déco foi idealizada para “sarar as feridas da guerra”.
Tem as bases da grande estrutura construída uma no Paraná, outra em Santa Catarina. Busca a “união” das cidades divididas. O projeto foi concebido por João W. Ficinski Dunin.
É uma das estações mais belas e singulares do interior do Brasil. Possui um túnel para pedestres ligando as duas cidades (atualmente desativado). A construção foi concluída durante o Governo Vargas, em 1941.
Relembrando
Em matéria publicada em edição anterior do Jornal O Comércio, lembramos do memorável ato inauguratório do projeto de revitalização da Estação União, executado na primeira gestão do prefeito Hussein Bakri, com o apoio do Governo do Estado, concretizando a revitalização daquele que podemos, com a mais absoluta certeza, denominar como o nosso mais importante patrimônio histórico, principalmente porque simboliza a união de uma então Porto União da Vitória, que até o ano de 1916, vivia como única. Ainda na atualidade, apesar da definição dos limites dois dois estados, com Paraná e Santa Catarina obedecendo regramentos legais diferentes, mas que não afetam a nossa vida de catarinenses e paranaenses.
No projeto de revitalização, exclusivamente no lado paranaense, com o tombamento para o patrimônio municipal e estadual já definido, mudanças foram feitas, todas com a finalidade da preservação e sobretudo de melhoria e aproveitamento para a utilização de ações especificamente relacionadas à utilização de eventos culturais e eventualmente beneficentes, ficando inclusive um espaço para sediar a Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), criada especialmente para defender tudo o que se relaciona à nossa história.
Passados, contudo, perto de duas décadas, o lado paranaense da Estação União (exatamente como aconteceu com o Cine Teatro Luz, revitalizado no mesmo período e que acabou sendo transferido para o Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv) para novas reformas), está precisando de atenções especiais por parte do Poder Público Municipal.
O lado catarinense da Estação União
Apesar de tombado para o patrimônio histórico pelo Governo do Estado de Santa Catarina na década de 90 do século passado, juntamente o Castelinho, o lado catarinense da Estação Ferroviária União continua com sua situação indefinida.
Com a extinção da Rede Ferroviária Federal S/A, a estação ferroviária (lado de Porto União) é agora de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e fiscalizado, por ser patrimônio histórico, pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (Iphan).
O processo de transferência (ou compra) pela Prefeitura junto ao DNIT, segundo informações, está em tramitação.
Enquanto isso, a parte principal da Estação está sendo (minha opinião) indevidamente utilizada pela Câmara Municipal.
Templo da nossa história
A ferrovia, que foi tão importante para a estruturação do desenvolvimento econômico e social, terminou seu ciclo, como em todo o país – passando em algumas regiões para o turismo ferroviário – a Estação Ferroviária União, construída para simbolizar a união de uma região que até 1916 integrava o Paraná, como me disse um jornalista/escritor paulista (ele foi derrotado pela perversa Covid-19) que vinha com frequência para conhecer todos os detalhes históricos da ferrovia e do conflito do Contestado, sobre a Estação, disse: “Essa estação deve ser transformada num templo de uma das mais ricas histórias do Brasil”.
Mesmo considerando os graves problemas que Porto União e de União da Vitória, notadamente em consequência da pandemia, como todos os 295 de Santa Catarina, os 399 do Paraná e os 5700 municípios do país enfrentam sérios problemas estruturais, com ênfase na necessidade da geração de renda e emprego, é fundamental que atenções especiais sejam ignoradas na preservação de nossos monumentos históricos, porque um povo que ignora sua memória, suas raízes, sua própria história, é um povo sem futuro.
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