Reflexões sobre o 7 de setembro
As manifestações do último 7 de setembro, a despeito de diversas projeções alarmistas e incendiárias transcorreram, antes de tudo e em sua maioria esmagadora sem nenhum incidente e em paz, como a democracia exige.
Grandes ou pequenas, são qualificáveis conforme o ponto de vista, mas sem dúvida alguma ocuparam lugar de destaque no que tange a reuniões populares em apoio a um político em específico, neste caso em particular, o atual presidente da república, o Sr. Jair Bolsonaro.
A política, os poderes, a justiça, as autoridades e tantas outras instituições sofrem de uma descrença profunda há tempos e vem sofrendo desgastes adicionais constantemente, muitas vezes potencializados pelas redes sociais, anonimamente, sob forma de discursos, textos, áudios e vídeos cujos autores são simplesmente desconhecidos, cuja história, relevância ou mesmo a autenticidade não podem ser devidamente comprovados. Mas isto parece não importar pois dão vazão e representam sentimentos poderosos reprimidos nos indivíduos.
Muita gente foi pra rua nos últimos anos procurando expurgar suas mais diversas insatisfações. Alguns, fanatismo e frustrações pessoais; outros muitos, seus rancores do cotidiano e que em tempos de pandemia, desemprego e inflação, só fazem crescer em qualquer um de nós.
O Brasil tem proporções gigantescas e uma população bastante heterogênea. De acordo com dados recentes, 25% dos brasileiros são jovens e têm entre 15 e 29 anos; 51% são pretos ou pardos. Boa parte do que é o povo brasileiro passou longe de estar representado ali, inclusive aqui no Vale do Iguaçu, por maior que a demonstração tenha efetivamente sido e como a reportagem principal deste edição pode atestar.
Segundo as pesquisas, o povo brasileiro é conservador. Também é religioso e se diz avesso à política. Mas o povo brasileiro também é democrata (pelo menos 75% dele). Mas que tipo de povo pede para ser subjugado e se orgulha de autorizar um governante a pôr fim à democracia? Exigir o fim das Instituições não é democrático!
E se para ter o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos fosse necessário a renúncia ou a destituição do atual? E quanto ao STF? Se todos os ministros fossem depostos e substituídos por novos e mesmo assim a linha de decisões tomadas fossem a mesma de hoje, trocariam os ministros até que as decisões fossem de agrado dos descontentes atuais?
Movimentos políticos de massa normalmente centrados em messianismo possuem semelhanças e diferenças. Salvo em algumas ditaduras mundo afora, nenhum candidato a tirano ou corrupto foi poupado ao menos da prisão.
Em democracias, amparadas por um Estado de Direito legítimo, pode-se muito, mas não tudo. Assim como Lula foi subjugado pela Lei e pela Ordem mesmo cercado por defensores, o que faz pensar que outro brasileiro qualquer, entre eles Bolsonaro, também não será?
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
Ou não?
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