Aeromoça Melissa, lembra dela?
Realizada com a profissão que escolheu, ela nos contou sobre aviação e o retorno à União da Vitória
Apesar de ainda se julgar tímida, Melissa Raquel Gleich Savi é capaz de ficar durante horas falando sobre a sua experiência em uma das maiores companhias aéreas da América Latina, com entusiasmo e, aparentemente, sem se cansar. É uma história cheia de desafios e de conquistas. São 23 anos dedicados à aviação nacional e internacional. Ela é aeromoça – a nomenclatura empregada hoje é comissária de voo ou de bordo. Vale lembrar, que “aeromoça”, é utilizada popularmente apenas no Brasil e em Portugal.
Retornando…
Atualmente, Melissa divide moradia entre União da Vitória (PR) e São Paulo (SP).
“Retornei para a minha cidade natal, União da Vitória. Estou junto do marido Luiz Fernando e das filhas Luiza e Bruna”.
Ela é uniãovitoriense de nascença. De descendência alemã, Melissa sempre recebeu apoio dos pais, que ainda residem aqui. Ela morou por 13 anos em São Paulo, durante os estudos como Comissária de Bordo.
Melissa estudou nos colégios Cid Gonzaga e São José, em Porto União.
“Quando eu tinha 15 anos de idade, juntamente da minha mãe e irmã, participamos de uma excursão e viajamos de avião. Naquela ocasião, nós fomos para Natal, capital do estado de Rio Grande do Norte. Foi a primeira vez que eu entrei em um avião. Então, eu reparei naquelas moças lindas (as aeromoças), maquiadas, educadas e bem vestidas. Eu me encantei pela profissão. Porém, naquele dia, eu não lembrei de perguntar a elas como eu faria para atuar na profissão. Pensei em como seria legal viajar o Brasil e o mundo inteiro. Foi então que eu me encontrei com a minha futura profissão”, disse.
Sempre apoiada pela mãe, Sandra Wille Gleich, Melissa foi insistente e correu atrás do seu sonho.
“Na época, escrevi uma carta para a Revista Capricho solicitando dicas sobre como eu poderia participar de um curso de Comissária de Bordo. Eu não sabia, até então, por qual caminho seguir, e também não sabia por onde começar. Então, para a minha supressa, a redação da revista me enviou uma resposta, inclusive com o endereço de uma escola de aviação que ficava em São Paulo”, conta.
Com o endereço em mãos, Melissa pediu para uma tia, que morava em Curitiba (PR), para verificar sobre a existência dessa escola na capital do Estado.
“Ela procurou na lista telefônica e encontrou uma escola de aviação lá. Eu quase não tinha saído de União da Vitória, e não queria morar, de momento, em São Paulo. A tia Neuza encontrou a mesma escola, porém em Curitiba. Conversei com meus pais, pois na época o curso tinha um custo alto”.
No período, Melissa levou em torno de oito meses para o curso de preparação de Comissária de Bordo. Depois vieram as provas e o estudo de mais 12 disciplinas, divididas em quatro blocos.
“Aí, veio a prova da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A média era sete para poder ter uma carteira e enviar currículos às empresas aéreas”, explica.
Melissa, aos 18 anos de idade, enviou vários currículos.
“A empresa chamava o candidato e fazia uma seleção. Eu chegava até a seleção, mas não conseguia passar. E o pior, eu não sabia o porquê eu não passava”.
A maioria das seletivas aconteceu em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
“Foram várias tentativas. Da última vez, eu apenas acompanhei uma colega que foi chamada por uma empresa de aviação em São Paulo. Aí pensei, vou tentar também. Meu nome não estava na lista e, uma moça que me atendeu foi muito grosseira. Então eu chorei. Enquanto eu chorava apareceu um piloto de outra empresa de aviação. Eu expliquei a situação e ele me recomendou para outra seletiva. Cheguei lá, não errei o caminho da empresa, fiz a entrevista e estou até hoje. Fui insistente”, compartilha.
De acordo com ela, são várias etapas para se chegar nesta profissão.
“São entrevistas, psicólogos, dinâmicas de grupo. Muitas portas se fecharam, mas Deus foi muito bonzinho comigo. Eu lutei por aquilo que eu queria. Hoje trabalho na maior empresa de aviação da América Latina e fui crescendo com ela. Agradeço pelas oportunidades que a vida me deu”.
Sempre voando
Melissa, hoje aos 42 anos, não tem rotina na sua profissão. Já viajou o Brasil todo e conhece Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru), Bogotá (Colômbia), Assunção (Paraguai), Orlando, Miami, Nova York (EUA), Cancun (México), Frankfurt, Milão, Madri, Londres, Barcelona, Lisboa, Paris (Europa) e Joanesburgo (África do Sul).
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