“Vovó, porque a senhora não escreve essas histórias?”
Pedido da neta Nicole foi atendido.
Therezinha Leony Wolff lançou sua primeira obra de literatura infantil
A chuva havia dado uma trégua e a noite estava fria.
Mesmo assim, a pequena Sara Alfonso Correia compareceu no auditório da Secretaria Municipal de Educação de Porto União para acompanhar a cerimônia de lançamento de um livro. Entre os convidados adultos, lá estava a menininha, com os olhos arregalados para aprender. Ao findar a programação da noite, Sara correu para o lado da escritora com o exemplar de Contos da Bisa em mãos. Ela queria saber mais e mais sobre os personagens. Lisonjeada com a atitude da criança, Therezinha Leony Wolff estendeu os braços e a acolheu. Passaram juntas por alguns minutos ‘tagarelando’ sobre o livro recém-lançado, minutos antes de acontecerem os cumprimentos e autógrafos. Segundo a escritora, a presença de Sara cumpriu com o seu objetivo: despertar o gosto pela leitura infantil.
Contos da Bisa foi lançado na quinta-feira, 07, com a presença reduzida de público, atendendo as orientações sanitárias de combate a Covid-19. Dos vários escritos de Therezinha, esta é a sua primeira obra de literatura infantil.
“Certo dia a minha neta Nicole disse: vovó, porque a senhora não escreve essas histórias? E foi então, que durante a pandemia, por conta do isolamento social, eu decidi passar essas histórias para o papel. Eu sempre preservei as histórias que me contavam. São histórias que a minha mãe me contou quando vieram lá da Itália com a minha Nona. Elas sempre repassavam esses contos para toda a família. Foi então que na pandemia eu lembrei do que a Nicole havia me pedido. Não era uma ambição transformar o material em algo ilustrado, editado. Eu tinha pensado em algo doméstico, ou seja, deixar essas histórias no computador mesmo. Porém, a minha nora, que mora em Curitiba, se interessou pela obra; ela foi impressa e ilustrada na Capital”.
O livro foi lançado em setembro de maneira remota junto a Secretaria de Cultura e Educação de Curitiba.
“A obra dispõe de várias situações interessantes, entre elas, uma estória que eu inventei e que falo sobre a minha bisneta que nasceu e que mora na Suíça. Ela é filha da neta que me pediu que escrevesse um livro. É uma estória especial para ela chamada ‘A menina da Suiça’. Eu não conheço onde ela mora, mas pelas fotos que me mandam eu coloquei tudinho no livro. Foi uma ideia criativa e que deu certo”, diz a escritora.
Segundo Therezinha, a obra foi pensada especialmente para ser concebida pelas crianças – apesar de ter primeiramente encantado os adultos.
“São contos que atravessaram, oralmente, gerações e continentes para chegarem até nós neste livro, com uma linda ilustração, que perpetua os contos às próximas gerações”.
A ilustração do livro é de Verônica Fukuda. A obra está disponível nas principiais livrarias do Vale do Iguaçu e em Curitiba (PR).
“Na obra ficarão subentendidos valores como obediência, ética e responsabilidade. No livro os personagens contam com os nomes dos meus netos, bisnetos e da minha neta. Ah, também citei o nome dos cachorros da nossa família. Tudo para chamar a atenção das crianças”.
Therezinha nasceu um Porto União (SC) no dia 2 de junho de 1935. É professora, poetisa, historiadora, escritora e colunista de O Comércio. É membro fundadora da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), promoveu e coordenou inúmeros eventos culturais da região Sul do Paraná e Norte de Santa Catarina. Foi coordenadora da Casa Cultural Aníbal Khury (Castelinho) em Porto União.
PING PONG COM THEREZINHA LEONY
Literatura infantil?
É mágica; é fabulosa.
Qual o papel da literatura na formação da criança?
No meu tempo não tínhamos a facilidade de encontrar uma biblioteca, somente na escola que dispunha de uma armário com livros. Era incrível retirar um livro de lá e levar para casa. O poder de persuasão da leitura na infância é a nossa bagagem para a fase adulta.
Como despertar o gosto pela leitura?
A ilustração de um livro e a maneira como a narrativa é levada até a criança. Se tem um cachorro na história é bacana usar o recurso do som que o animal faz, como por exemplo au-au-au.
Clássicos estão ultrapassados?
Nunca. Eu inclusive finalizei a apresentação do meu livro com a poesia de Olavo Bilac, “o velho poeta”. Eu decorei na minha infância e guardo até os dias de hoje na memória. Olavo Bilac foi jornalista, poeta e representante máximo do Parnasianismo, escola literária surgida no Brasil no século XIX, década de 80.
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