RÁDIO COLMEIA DE PORTO UNIÃO (SANTA CATARINA)
Memórias sobre a fundação da Radio Colmeia, para a Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), proferidas em 04 de agosto de 2021
Preliminarmente, respeitosas saudações às Confreiras e Confrades que, embora a distância – geográfica que ora nos separa – sou convicto que pela estima, pelos objetivos da Alvi e propósitos culturais que nos são comuns, virtualmente estamos todos irmanados também pelo abraço fraternal.
Rogo-lhes vênia para que, num só pensamento, roguemos a Deus que receba em Seu Reino as almas das vítimas da Pandemia Covid-19 e que conceda a cura para aqueles que dela ainda padecem.
Em virtude de minha limitada capacidade, percebo a dimensão da responsabilidade ao falar perante esta seleta e respeitabilíssima plateia de festejados valores culturais, composta que é por nossas Confreiras e Confrades que dão Alma e Vida para a Academia de Letras do Vale do Iguaçu – Alvi.
Por outra, se do esperado distante eu venha ficar, espero e confio no beneplácito de suas indulgências.
Faço, igualmente, oportuno antecipar meus agradecimentos pela deferência e confiança do Presidente Roberto Domit de Oliveira, ratificada, sei, pela distinguida plêiade de Acadêmicas e Acadêmicos que ora nos ouvem e assistem (por vídeo), bem como por aqueles que não puderam estar presentes.
Como registro preliminar informo que desde o dia 15 de janeiro do ano de 1964, resido em Curitiba, trazido que fui para servir ao Honrado e competente governo de Ney Aminthas de Barros Braga, para logo depois, participar da coordenação e eleição do Governador Paulo Cruz Pimentel. E aqui continuo.
Noticio, também, que:
Para a Instalação da Academia de Letras do Vale do Iguaçu – Alvi, a exemplo da Academia que havia sido instalada em Irati – onde compareci – fui também convidado para a instalação desta Academia, pelo Saudoso Amigo e então Presidente da Academia Paranaense de Letras, Doutor Túlio Vargas.
Premido por compromissos – na condição de Procurador Geral do Grande Oriente do Brasil – naquela ocasião, lembro-me, estava em Brasília, no exercício do cargo.
Confesso, igualmente, que alimenta a minh‘alma – ainda que faça meu coração disparar até um pouco mais além do habitual – poder participar, ainda que modestamente, desta honorável Academia de Letras – Alvi.
Da mesma forma, como registro de gratidão, declaro que a minha filiação à esta Academia aconteceu atendendo ao honroso convite formulado pelo então Presidente Professor e Acadêmico Joaquim Ribas, ao qual rendo minhas homenagens e agradecimentos pela confiança, as quais faço-as extensivas às Confreiras e Confrades que homologaram.
“A SURPRESA NUNCA CHEGA ANTES POR ESTAR PROIBIDA DE SE ANUNCIAR!”
Penso que o momento faz jus ao introito da evocação acima, haja vista que jamais imaginei que o então menino Roberto – filho do saudoso amigo, combativo, culto e eclético Advogado Doutor Josué de Oliveira – o qual, em horário nobre – às 12h – de segunda à sexta-feira dispunha na Rádio Colmeia de 5 (cinco) minutos – na condição de colaborador – para seus comentários do dia – sempre no âmbito do Direito.
Em breve parêntese congratulo-me com Acadêmicas e Acadêmicos na pessoa do Presidente Roberto Domit de Oliveira, pela feliz incorporação da Alvi ao Observatório da Cultura Paranaense, assim descortinando novos horizontes para que todos nós possamos interagir e dele participar com o veio cultural de cada um, entrelaçando-nos com o Universo Cultural do Paraná e alhures. Novas portas do Saber e do Conhecer foram escancaradas pelos méritos de todos vocês. Parabéns!
Por que fui radialista?
De uma entrevista ocasional passando por um programa infantil que estava sendo realizado ao ar-livre, ao lado da Rádio Caçanjurê de Caçador, seu proprietário Adelar Gattermann – de saudosa memória – por ter gostado da minha voz ao microfone, convidou-me para anunciar os Noticiários da Rádio e, logo, por mim foi criado o Departamento Esportivo – tendo sido o seu primeiro locutor.
Rádio Colmeia – Fundação – Os fatos
Como não possuo, além da minha memória de 97 anos completados no dia 28 de julho pretérito – e mais de 65 anos dos fatos – um histórico da Rádio Colmeia, tentarei aproximar-me, o máximo possível, sobre a sua fundação e o período dos três anos da minha gestão.
ELA FOI CONCEBIDA EM PATO BRANCO!
PARA NASCER EM PORTO UNIÃO-SC.
Convidado, fui a Pato Branco para assistir ao Clássico do futebol local: Palmeiras X Internacional – sendo que a distinção do Convite se prendeu ao fato de eu já ter jogado pelo Palmeiras e, no ano de 1952, quando da inauguração do Campo de Futebol do União da cidade de Francisco Beltrão ter assinalado o único Gol da Vitória Palmeirense. Naquela ocasião Orestes Pagliosa era o seu Presidente.
O Clássico, em Pato Branco estava sendo transmitido para a Rádio local – em cadeia com outras emissoras – pelo então Radialista Ivo Tomazoni – o qual mais tarde veio a ser líder quando da revolta dos colonos no sudoeste do Estado do Paraná e, logo, eleito Deputado Estadual com expressiva consagração pública.
No decorrer da partida – já no Segundo Tempo – Tomazoni pediu-me para substituí-lo por alguns minutos (mais ou menos 20 minutos), na transmissão da partida. Finda esta, fui abordado pelo Senhor Octavio RotillI que logo foi me dizendo: “gostei da sua voz e locução”. E mais: “Sou detentor de três concessões para instalar Rádios nos Estados de Santa Catarina e do Paraná. Pensei em Porto União! Aceitaria fazer uma Sociedade comigo?”
Um tanto assustado, disse-lhe: “logo mais haverá um jantar e durante o mesmo poderemos conversar?” Ele respondeu-me que pretendia regressar imediatamente para Foz do Iguaçu – aonde residia e era proprietário de Hotel – mas que permaneceria para falarmos. Durante o jantar, bastaram apenas alguns minutos para o entendimento preliminar: encontrar-nos-íamos em Porto União no início do mês de novembro de 1955, mais precisamente no dia 10, como de fato aconteceu.
Assim, no dia 15 de janeiro do ano de 1956 – conforme o ajustado – hospedei-me no Hotel Iguaçu – sendo seus proprietários Dirce e Laudio Duvoisin – a cujo casal serei eternamente grato pelo tratamento filiar que deles recebi durante aproximadamente 6 (seis) meses.
Mãos à obra
1) – Depois de alguns dias e contatos fui a Prefeitura Municipal de Porto União para falar com o Senhor Prefeito Municipal que recentemente havia assumido. Por uma funcionária fui informado que – em virtude do horário, isto é, lá pelas 13h30min, – poderia encontrá-lo tomando seu cafezinho no Bar do Izaltino, sito na Praça Hercílio Luz.
2) – Foi o que fiz e lá conheci o Doutor Lauro Muller Nogueira Soares que com a simplicidade, cordialidade, fidalguia e serenidade de um bom mineiro – predicados que lhes eram peculiares – depois de expostos os motivos da minha abordagem – por ele fui imediatamente confiado ao imortal Secretário do Prefeito – o conhecidíssimo Ministro Bubi Wainne, do qual obtive apoio imediato para a escolha da futura Sede – no Edifício Targa – no Centro de Porto União – próximo do então Banco Inco – cujo proprietário Wylli Oscar Targa residia em Ponta Grossa – extraordinário ser humano, que procurado, logo veio ao nosso encontro.
3) – Dele, loquei a parte térrea, o mezanino e o apartamento imediatamente superior, onde fixei residência.
4) – Para os serviços de Marcenaria, obtive apoio do competente profissional Antonio Schwirk (oficina na Rua 7 de Setembro)
5) – Com a permanente assessoria do Secretário Bubi Wainne, fomos ao Bairro dos Tocos (atual São Pedro) para ali localizar uma área (de preferência úmida) onde seria instalado – como de fato foi – o Transmissor da Rádio cuja origem de fabricação era da Bygton – empresa situada nos Estados e representada em São Paulo.
6) – Construída a casa para abrigar o transmissor, foi erguida a Torre fabricada em São José dos Pinhais – Paraná.
7) – A Rádio Colmeia – autorizada pelo então Ministério de Viação e Obras Públicas, com a supervisão concomitante pelo Ministério da Educação e Cultura – ambos sediados no Rio de Janeiro – Capital, foi levada ao Ar em Caráter Experimental – cumprindo o Protocolo da época que – se não me falha a memória foi entre os meses de abril e maio de 1956 – quando a pedido, recebíamos informações de sua audiência vindas do Uruguai, Argentina e de vários estados da Federação.
8) – Assim, no dia 06 de agosto de 1956, em apoteótica solenidade realizada no então Cine Luz – da Família Petry – em União da Vitória, totalmente lotado, a partir das 19 horas, a Rádio Colmeia era oficialmente inaugurada indo ao Ar com 1000 Watts na Antena.
Sei que citar nomes o risco de pecar é enorme, mas, embora a minha já bem avançada idade, não posso me furtar da obrigação de citar aqueles que lá estiveram e que ainda me vêm à memória.
Destarte, com antecipado pedido de perdão pelas omissões involuntárias, nominarei as possíveis:
- A) – Patrono – Dr. Lauro Muller Nogueira Soares
- B) – Paranifo – Wilkis Amazonas Correia
- C) – Rainha – a linda jovem Laura De Oliveira Castro eleita em concurso preliminarmente lançado pela Rádio – durante a sua fase experimental.
- D) – Era Prefeito Municipal de União da Vitória, o fidalgo Senhor Esmaldo Della Barba Kuerten e Juiz de Direito o Dr. Antonio Firakoski.
- E) – Reitero: era Prefeito Municipal de Porto União, o Dr. Lauro Muller Nogueira Soares;
- F) – Comandantes do 5º BE, sediado em Porto União-SC, o Tenente-Coronel Clóvis Alexandrino Nogueira, até 19 de abril de 1956, o Tenente-Coronel Gerson de Sá Tavares (que depois atingiu o Generalato), este de 19 de abril de 1956 a 15 de dezembro de 1958;
- G) – Presidente da Câmara Municipal de Porto União Olimpio Ortiga
- H) – Juízes de Direito de Porto União: Dr. David Amaral Camargo (até maio de 1956), substituído pelo Dr. Newton Varella (também piloto-aviador)
- I) – Médicos, lembro-me de: Dr. João Augusto Barbosa, Dr. José Jorge, Dr. Alvir Riesemberg, Dr. Albino Silva, Dr. Eli Souza, Dr. Jaime Bertazzo, Dr. Fauzi Farah e Dra. Salime F
- J) –Cartorários em Porto União: Rolf Koerner e João Olinger; Nenê Costa e a Escrivã do Crime: Ida Testi
- K) – Presidente da Câmara Municipal de União da Vitória: Francisco Aquiles Saporitti
- L) – Tabelião: o eterno Compadre Vaninho – Ivanové Gaspari- amigo de todas as horas e Padrinho de uma multidão de afilhados.
OBS: – Na minha eleição para Vereador em 1959, muitas visitas por ele foram agendadas e cumpridas.
Programações e solenidades de inauguração
Na condição de Diretor e Gerente da Rádio, depois de anunciada a Programação e agradecimentos aos Patrocinadores daquele momento, concedi a palavra para o Senhor Octávio Rotilli que, na condição de Presidente da Rede Colmeia de Rádios-Difusão, foi breve na sua manifestação de alegria pelo momento, dizendo também do comprometimento da Colmeia com a sociedade local.
Reassumindo a Direção das Solenidades, concedi a palavra para o Paraninfo Wilkis Amazonas Correia, que foi breve. Logo a fala do Patrono e Prefeito Municipal de Porto União, o Médico Dr. Lauro Muller Nogueira Soares. Sui-generis foi o seu discurso, isto é: com enorme dificuldade para a leitura (estávamos localizados no Palco, com a Tela Cinematográfica aos fundos), de imediato ocorreu-me buscar uma lanterna, supondo tratar-se de um problema de visão, inclusive pela falta de claridade. Sai em disparada e ao deixar o Palco – no chegar na Plateia – o popular Bioquímico e Farmacêutico Willy Yung segurando no meu braço, perguntou-me: “aonde vais?” Exclamei: “Vou procurar uma lanterna!”. “Nada disso!”, disse-me ele. “Voltemos para o Palco!” Qual não foi a minha surpresa, o Wyllinho advertiu-me: “Sou o único perito capaz de ler o que ele escreve!”. Daí o fato hilariante: O Willinho postado logo atrás do Orador – Dr. Lauro – soletrava e o Patrono repetia ao Microfone – momento deveras histórico e que deu um charme especial ao momento que era, e como foi, de festa!
Para a festividade, valendo-me de amizades constituídas em programa de Manoel Barcellos da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com a ajuda do cantor Nuno Roland – que esteve presente – contratei o Trio Irakitan – sucesso absoluto, também Internacional, na época.
Com a Potência de 1.000 Watts na Antena, período e que dominávamos a radiofonia local e na circunvizinhança, resultando, assim, na aquisição da Rádio União de União da Vitória, a qual na época pertencia a Família Machuca, de Ponta Grossa. Fui também seu Diretor – já no ano de 1957/58.
Ano de 1958 – mês de junho, Brasil Campeão do Mundo na Suécia! Na véspera já estávamos em Curitiba, hospedados no Hotel Roma, com uma caravana de 60 pessoas entre Jovens e seus familiares, pois na noite que antecedeu a conquista, a Rádio Colmeia já havia iniciado suas homenagens à B2 – que aniversariava, cujas apresentações continuariam no Domingo imediato, pela manhã, das 9h até as 12h.
Nossos artistas amadores
Foram protagonistas da belíssima apresentação da Rádio Colmeia nas homenagens à B2, com perdão de possíveis omissões, nossos Artistas:
Iracy Pereira e Raul Quadros – respectivamente Princesa e Príncipe do Rádio Paranaense, eleitos em concurso do qual participamos no Paraná, sob a coordenação, em Curitiba, de Ervin Bonkoski, cujas coroações foram realizadas no Clube Thalia, sito a Rua Comendador Araújo, em Curitiba.
Também participaram do Show: Esmeralda Nastari (a nossa cognominada Libertad Lamarck), Onadir de Mattos, Urânia Barbosa, Orlandi Dreveck – 3 anos e meio de idade – declamadora sensacional e de improviso; Irmãos Versetti, Fernando Montanari na Sanfona e Acácio Wotroba no Bandolim.
Sem exageros: fomos aplaudidos pela plateia em pé, pois nossos jovens amadores – mais a beleza jovem – eram fantásticos para a época e, quiçá, até para os dias atuais.
Quando deixamos a Rádio, então localizada na Rua Barão do Rio Branco, o Brasil já perdia de 1×0 para a Suécia. Mas, nem bem chegávamos ao Hotel Roma, o Brasil empatou com gol de Vavá. No Hotel, festejamos o sucesso dos nossos artistas e comemoramos a Primeira conquista do Brasil em Copa do Mundo, no Estádio Rassunda, em Estocolmo – na Suécia.
Um registro
A Seleção Campeã do Mundo em 29 de junho de 1958, esteve assim escalada: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Nilton Santos, Zito, Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo – 2 gols de Vavá; 2 de Pelé; e 1 de Zagalo.
Obs.: O 5º gol foi de Pelé.
Técnico: Vicente Feolla.
A Colmeia depois da Copa do Mundo
Pelas ondas curtas de 49 metros da PRB/2 – Rádio Clube Paranaense em Curitiba – em Cadeia com esta – a Rádio Colmeia transmitiu 2 amistosos da Seleção Campeão do Mundo diretamente do Estádio do Maracanã, para a apresentação da Seleção Campeã aos brasileiros. Estádio Superlotado em ambas as ocasiões. Brasil e Argentina (em agosto), vitória do Brasil e Brasil e Portugal (em outubro), vitória do Brasil.
Locutor João Darcy. Comentarista Mano Bastos – Superintendente da B/2. Repórter de Vestiário e Campo: Ervin Bonkoski. Fotógrafo: Miguel Novakoski.
Localizado na Marquise do Estádio Maracanã, ao proclamar: Radio Colmeia de Porto União, fomos interpelados pelo Locutor da Rádio Inconfidência de Minas Gerais: “onde fica essa cidade de Porto União?”. Seguiram-se as informações pertinentes e com detalhes. Orgulho para nossa gente de Porto União, e para os nossos patrocinadores.
Permitam-me que registre, numa homenagem especial à Ervin Bonkoski. Jovem, o conheci em Curitiba, através do Sargento Holanda, do Exército – 5º BE – na época nosso Diretor Artístico. Ervin – nascido em União da Vitória – filho de pai ferroviário e sua mãe de prendas domésticas – era funcionário da Caixa Econômica Federal e estudante de Direito na Universidade Federal do Paraná. Radialista, Deputado Estadual e Deputado Federal – estive com ele em todas suas conquistas. Foi um vencedor. Permito-me dizer que os seus primeiros passos na radiofonia foram orientados por mim. Saudosas homenagens ao meu afilhado de casamento.
Atividades outras
Adquirimos um Transmissor Portátil – próprio para transmissões externas, por exemplo:
– Missas dominicais da Catedral (diariamente, às 18h, a Ave-Maria sob a coordenação do Frei Libório – nosso Diretor Espiritual);
– Transmissões diretamente dos Clubes Sociais:
- a) Apolo (do qual fui Diretor Social – gestão Read Curi);
- b) Baile das Debutantes com a Orquestra Cassino de Sevilha – Clube Concórdia;
- c) Torneios de Boliche no Clube Operário;
- d) Baile de Debutantes no Clube Aliança;
- e) Inauguração do Moinho da Família Massignan – com a presença do então Senador Souza Naves;
- f) Partidas de futebol – dos Estádios: Antiocho Pereira, São Bernardo e do Ferroviário;
- g) Recebemos, também, a visita do então Senador Fontana – dono do Frigorífico S Foi entrevistado deixando sua mensagem de otimismo;
- h) Solenidades Cívicas e Militares.
Fato hilariante
Durante transmissão do Clássico local: Ferroviário X Juventus – no Campo do Ferroviário, solicitei ao meu auxiliar (o estava preparando para transmissões futuras – cujo nome permito-me não citar por respeito também a sua ausência) que me substituísse por alguns minutos. Foi nessa ocasião que descobri que ele era Ferroviário Roxo!
De volta a Cabine, de uma falta acontecida no meio do campo atingindo o Craque do Ferroviário chamado Faísca, este provocou a ira do Locutor que assim se expressara: “Minha Nossa Senhora! Deram uma sarrafada no Faísca deixando-o estatelado no gramado se contorcendo de dor! Isso é um crime! E foi por aí a fora…”
No ouvido, o adverti que acalmasse sua ira porque a família do Faísca provavelmente estaria ouvindo aquela transmissão. Logo em seguida o Faísca levanta-se e, com umas batidinhas, no gramado, com o pé atingido, sai lépido correndo.
De pronto meu substituto brada:
“Senhoras e Senhores ouvintes, Faísca volta a jogar! Felizmente não houve gravidez no lance!”. Reassumi o microfone imediatamente!
A audiência que dominava
Em virtude da sua Potência de longo alcance, o Sucesso da Rádio Colmeia – também em virtude de sua programação Artística-Cultural, Social, Comercial, Esportiva, Religiosa e Institucional – ultrapassou fronteiras com elogios vindo inclusive da Argentina, do Uruguai e de vários Estados da Federação, por consultas que fazíamos.
Apenas como registro – longe do vitupério do elogio próprio – certa feita fui convidado pelo então Deputado Federal Haroldo (único nome que lembro) dono de Rádio e Canoinhas e em Florianópolis, para assumir na Capital Barriga Verde a Direção de suas Empresas de Comunicação. Agradeci. Preferi a Colmeia e permaneci em Porto União, cidade que também amo.
Ser lembrado pela história
Justiça seja feita (Fiat Justitia Pereat Mundus)
O Sucesso da Rádio Colmeia foi construído através do esforço e dedicação de várias vidas!
Nada fiz sozinho! Consegui Auxiliares a altura do compromisso que tínhamos perante as Sociedades locais, e alhures.
Nossas atividades não permitiam debates polêmicos e nem críticas desavisadas.
Nossa conduta era de bem informar, divertir, promover a cultura e divulgar – com responsabilidade – Atividades Sociais, Culturais, Esportivas, Religiosas, Políticas, Comerciais, Empresariais e dos feitos de ambas as Câmaras de Vereadores, das respectivas Prefeituras Municipais e dos demais Poderes Constituídos, tudo a bem da verdade e da informação sem sensacionalismo.
E foi nesse diapasão que conseguimos a indispensável credibilidade que nos credenciou até contratar renomados artistas brasileiros, tais como:
I – Nuno Roland, Carminha Mascarenhas, Trio Irakitan, Trio Nagô, Trigêmeos Vocalistas, Alberto Alberto (Mexicano), Zequinha e Quinzinho – irmãos e anões – que abrilhantaram uma festa alusiva a Páscoa, realizada na Praça Hercílio Luz, a noite no ano de 1958;
II – O apoio financeiro para as transmissões diretamente do Maracanã;
III – Brindes para o programa Cultural de Auditório, aos Domingos pela manhã;
IV – Do idealismo o apoio de Empresários, Comerciantes Locais e da Imprensa escrita: Jornal O Comércio – de Ari Millis e Caiçara da família Augusto.
Reitero! Sei que vou pecar por omissão, porém involuntária – pois já se passaram 65 anos – por isto já antecipo meu pedido de clemência – lembrando que o pecado seria imperdoável se omitidos aqueles de quem ainda lembro e que compartilharam conosco de todas as atividades então programadas.
Na linha de frente, lembro-me:
Locutores:
– Cesar da Silva – Esportes; Balduino Festa; Borges da Silva; Locutor Silva etc.
– João Darcy – Noticiários, Transmissões Esportivas de Campo e Sociais;
– Frei Libório – Ave Maria (às 18h) e Missas aos Domingos;
– Sonoplasta: Antero Hilgert e outros;
– Técnico Assistente: Osvaldo (possuía Oficina especializada);
– Diretor Artístico – Sargento Holanda do 5ºBE;
Secretárias e Bibliotecárias:
– Ana Maria Schroeder, estudante, Assistente da Diretoria;
– Cecília Skoski – Secretária;
– Vanda Skoski – Auxiliar da Secretaria e Bibliotecária;
– Gilmir Wotroba –Colaboradora – administração geral;
– Sanfona o Jovem Fernando Montanari – programas de auditório e festividades diversas;
– No Bandolim Acácio Wotroba – ainda garoto/prodígio;
– No Violino Ernesto Bieberbach;
– No Piano Tereza Bieberbach;
– Ernesto Breyer – com suas Alunas e Alunos Mirins – apresentações na Sanfona – auditório aos Domingos;
Peço perdão para aqueles por ventura não citados, e que tiveram preponderantes participações para o bom desenvolvimento radiofônico, de então.
Como dever, e fazendo justiça, antes de finalizar, renovo meu pedido de perdão por possíveis omissões – para como gesto de pura gratidão – nominar muitos daqueles que nos ajudaram contribuindo como: profissional, cultural, colaborador e até financeiramente tornando possível construí a radiofonia local pela Rádio Colmeia – a maior do Sul do Paraná – e do Norte do Estado de Sana Catarina.
Consegui lembrar de:
– Domingos Forte;
– Carlos Ewaldo Unterstel – Empresário/Comerciante;
– Romeu Wengerkiewicz – Agência Volkswagem;
– Casa Ferro – Kroetz;
– Agência Ford – Bieberbach;
– Agência Chevrolet – Metzler;
– Moinhos Massignan – Família Massignan – Severino (Vereador) e Guerino Massignan;
– Loja Flor da Vitória;
– Casa do Bronze;
– Casa Estrela;
– Rui Jacobs;
– Empório Domit;
– Café Ds Oito;
– Bebidas Manfroni;
– Posto Boherer – Armindo e Ernesto Boherer;
– Foto Íris;
– Mercearia Negendnk;
– Casas Pernambucanas;
– Casas Penetra;
– Comércio de Fumos Ulrich;
– Moyses Farha – Farmácia;
– Posto Herbert Carlson;
– Madeireira Bernardo Stam;
– Madeireira Domingos Forte
– Banco Inco – Gerente Madureira;
– Banco do Brasil – Gerente Read Curi;
– Farmácia Santa Therezinha;
– Empório Domit;
– Distribuidora da Família Codagnoni;
– Café Coimbra (O Senadinho);
– Transportes Kowaliski;
– Luz Hotel;
– Hotel Internacional;
– Posto da Telefônica – entre o Banco Inco e a Rádio Colmeia.
Concluindo: (sem o intuito de me exaltar, mas para que saibam que vale a pena sonhar e construir o bem)
Desejo, apenas, que estas informações que resumidamente faço, sirvam de estímulo.
Como penso: “sempre quis fazer o melhor, jamais com o intuito de superar outrens, mas o de ser o melhor de mim mesmo!”
O quanto as ações da Rádio Colmeia projetaram Porto União, tanto no cenário radiofônico, quanto cultural, se não, vejamos:
– De Santa Catarina – Porto União, conseguiu eleger, no Paraná a Primeira e o Primeiro Príncipes do Rádio Paranaense!
– As duas transmissões diretamente do Maracanã – Brasil Campeão do Mundo – para a Rádio Clube Paranaense – PRB2.
– Para uma enorme Cadeia de Rádios no Paraná, porém sob a liderança da Rádio Colmeia;
– No aspecto Cultural a apresentação dos melhores Artistas da radiofonia brasileira, na época;
– A então Porto União de 1956 – projetava sua gente e sua história para um considerável pedaço do Brasil.
A saga de sempre fazer o melhor imperava entre todos nós da Rádio Colmeia. Tive o prazer e a honra de liderar uma plêiade de idealistas como eu.
Atingi, creio, o máximo do todo que pude vasculhar na minha memória. Mas, como tenho dito: “para nada, o pouco já é bastante!”
Com meus agradecimentos pela oportunidade e tolerância dos meus festejados Confrades e Confreiras da ALVI, com suas permissões, proclamo:
“O saber e o conhecer têm a dimensão do universo!”
“Na busca da felicidade faz do teu coração o altar; da tua consciência o oratório; e, do amor, a prece!”
“Por que ir ao topo da montanha para ficar mais próximo do céu, se a prece leva-nos até ele?”
De Curitiba, 4 de agosto de 2021.
Obrigado.
Acadêmico João Darcy Ruggeri
Economista e Advogado. Cidadão Honorário de Curitiba, União da Vitória e do Estado do Paraná. Condecorado pelo Exército Brasileiro, pela Força Aérea Brasileira e pela Polícia Militar do Paraná. Pertence a várias Instituições Culturais do Paraná e de Brasília. Troféu Imprensa do Paraná e Medalha Fernando Amaro. Foi Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil – Paraná e Procurador Geral em nível nacional. Escritor com mais de 11 mil provérbios filosóficos já editados.
Voltar para matérias