O adeus a Orley Maltauro, o Capitão Peito de Aço

O Vale do Iguaçu perdeu uma das maiores vozes da comunicação local. Orley do Rocio Maltauro, popularmente conhecido como “Capitão”, faleceu na manhã de terça-feira, 29, aos 71 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ícone das transmissões esportivas, Orley deixa uma lacuna que não poderá ser preenchida.

Orley trabalhou durante anos na Rádio União ao lado do irmão, Airton, apresentando o programa No Giro do Esporte. Também chegou a ocupar a posição de diretor esportivo de O Comércio. Foi coordenador do Departamento Municipal de Esportes (DME) de Porto União no início dos anos 2000, durante mandato de Eliseu Mibach. Apresentou a Festa do Esporte, premiação que homenageava os melhores do ano, chegando até mesmo a vencer em 1997 como Dirigente do Ano. Posteriormente o troféu de melhor equipe esportiva foi nomeado em sua homenagem.

O adeus a Orley Maltauro, o Capitão Peito de Aço

Foto: Gisele Ovitski

Segundo relato de O Comércio, Orley foi o responsável pela criação do programa R. C. Esportiva, da Rádio Colméia, em 1971. Outra curiosidade apontada pela publicação é que o comunicador transmitiu mais de mil partidas de futebol. A Rádio Colméia, aliás, foi a última casa de Orley, que apresentava o tradicional programa Brique Braque e o Top Esporte.

Em 2017, durante vídeo em homenagem à Rádio União, Orley relatou que começou sua carreira no rádio por influência do irmão,

Airton, como sonoplasta, no final de 1965. Foi nessa posição que, logo em seu primeiro ano de atuação, foi premiado como sonoplasta do ano. Na oportunidade, Orley também comentou sobre o que, em sua opinião, era essencial para um bom locutor. “O bom locutor, ele além de tudo (…) se ele não tiver improviso ele não decola. Por que há momentos em que precisamos desse improviso, precisamos saber falar, precisamos nos comunicar e talvez isso que nos fez ter uma sintonia perfeita com o ouvinte”.


Capitão Peito de Aço

Comunicar era um dom de Orley. E foi durante o auge da rádio local, em meio a transmissões de jogos do Iguaçu, que Orley recebeu o apelido que o seguiu pelo resto da vida. O título de Capitão Peito de Aço Orley do R. Maltauro foi concedido pelo então radialista Waldir Zanetti. “Pela Rádio União tinha o J. Marcondes e pela Colméia quem fazia a transmissão era o Orley Maltauro. O pessoal da Rádio União deu a alcunha para o J. Marcondes de Comandante Garganta de Ouro J. Marcondes nas chamadas de futebol e nos anúncios do futebol e a gente lá na rádio tivemos a ideia de batizar o Orley de Capitão Peito de Aço Orley do R. Maltauro porque a concorrência era grande e realmente os dois aí vão deixar muitas saudades, tanto J. Marcondes quanto agora o meu grande amigo Orley Maltauro”, explica Waldir.

O adeus a Orley Maltauro, o Capitão Peito de Aço

Amigo de longa data, Waldir exalta as qualidades de Orley. “Uma saudade muito grande do meu amigo Orley Maltauro. E é com tristeza que eu vejo essa lacuna sendo aberta no rádio local pois o Orley, além de ótimo em tudo que ele fazia no rádio, era um excelente amigo, uma excelente pessoa, amigo de todo mundo. Saudades, Orley. Fique com Deus”.


Despedidas à um grande amigo

A morte de Orley Maltauro foi sentida pela população, em especial por amigos que, neste momento, eternizam palavras em homenagem a um dos grandes nomes da radiodifusão do Vale do Iguaçu.

“Orley do Rocio Maltauro tinha na veia o dom para a radiofonia. Foi realmente um marco na radiofonia local, alegrando por muitos anos os aficionados pelo esporte, especialmente o futebol, com suas transmissões vibrantes e marcantes. Era apaixonado pelo futebol e por rádio, fez destas duas paixões uma razão alegre de viver. Deixa uma marca na radiofonia, também, em seus alegres programas de músicas e Brique Braque que lhe davam muito prazer em realizar. Tive a felicidade de trabalhar com ele, por mais de uma década, na Rádio Difusora União, em programas esportivos, principalmente nas transmissões de jogos de futebol amador no sul do Paraná e norte de Santa Catarina. Era um profissional correto e responsável, que realizava o seu trabalho com amor e dedicação. Era um amigo fiel e apegado, inclusive nas ‘peladas’ de futebol, que ele também gostava. Sou muito grato por ter tido a felicidade de desfrutar de sua amizade e trabalhar com ele nos programas esportivos. Que Deus receba a sua alma para o descanso eterno. Que estejas junto com Deus, nosso sempre lembrado ‘Capitão’ Orley! Deixastes uma saudade muito grande em tua família, teus amigos e na sociedade de Porto União da Vitória”, comenta o advogado Valdir Gehlen.

“É triste perder um amigo, mas seria mais não ter te conhecido. Obrigada por tudo meu amigo Orley ‘Capitão’”, expressa o amigo de longa data, Carlos Agustini.

O comunicador Brittes A. Brittes também relembra sua parceria com Orley durante as transmissões dos jogos do Iguaçu. “Viajei com ele durante três anos cobrindo o Iguaçu, encontrava com ele no Alex todos os sábado antes da Pandemia. Um grande cara, um brilhante profissional. Nunca ouvi dele qualquer maldade em relação aos colegas”.

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O jornalista Ricardo Silveira, apaixonado por futebol assim como Orley, relata que o Capitão foi uma inspiração e referência para comunicadores locais. “Voz vibrante, profissional como poucos. Não tive o privilégio de trabalhar com ele, mas, desde 2008 quando iniciei minha caminhada na imprensa esportiva foi uma de minhas inspirações. Sempre muito simpático comigo, quando nos encontrávamos falava ‘Estou te acompanhando, parabéns pelo trabalho’. Que honra e responsabilidade. Orley inspirou e oportunizou inúmeros colegas para a carreira no rádio. Suas narrações dos jogos do Iguaçu e esporte amador ficam para a história. Enquanto diretor esportivo do Sesi e departamento de esportes de Porto União, inúmeras competições se eternizaram. Seu legado é imenso e a saudade também será”.

A também jornalista, Gisele Ovitski, que trabalhou com Orley na Rádio Colméia, atribui ao comunicador seu aprendizado como locutora. “Sei que na verdade nunca conseguirei resumir em palavras o que significou na minha vida. Foi a primeira pessoa que me colocou em frente à locução; tudo o que aprendi e transmito hoje foi ensinado por ele. Me deu a honra de por muitos anos dar vida a sua personagem radiofônica mais icônica, a Marroca. Com ela eu dividi ao seu lado a bancada do programa ‘brique braque’, e que honra. Que honra! Te escutava ainda nova e pude trabalhar com você. Pude dividir grandes papos sobre a vida, trabalho, Vasco e Flamengo e ouvir grandes histórias do Orley meninão. Sou TÃO grata por ter passado tudo isso, tão grata por ter acreditado e apostado suas fichas em mim. Seu legado repleto de amor e dedicação jamais será esquecido. Tu deixou vários alunos aqui; assim como uma legião de ouvintes que tenho certeza que também te agradecem por deixar suas tardes mais felizes”.

O adeus a Orley Maltauro, o Capitão Peito de Aço

Gisele e Orley durante um dia de trabalho. Foto: Gisele Ovitski

O jornalista e amigo de Orley, Ivo Dolinski, destaca a importância de amizades verdadeiras. Também dá a Orley o título de lenda. “E como escreveu o Jair Silva em seu livro: você é o ícone, a lenda de um segmento marcante na vida de todos nós, como radialista competente, um profissional honrado e respeitado por milhares de ouvintes nas rádios locais que atuou. Mas o que mais chamava a minha – a nossa atenção – era o teu extraordinário e diferenciado estilo de narrar jogos de futebol. Seu estilo emocionante e apaixonante de narrar uma partida do Iguaçu chamava mais atenção que o próprio jogo. Estivemos juntos no rádio, mas você me superava, porque além de notável narrador esportivo, principalmente nos anos de glória da Associação Atlética Iguaçu, desenvolvia com eficiência atividades no jornalismo, inclusive no jornalismo escrito, como responsável pelo departamento esportivo do jornal ‘O Comércio’. Lembro, às vezes até com emoção, do teu inesquecível pai Airton Maltauro, um dos mais honrados políticos e ser humano que conheci nesses mais de 55 anos como ‘operário’ do jornalismo radiofônico e escrito de nossa região. E você herdou dele, tudo de bom que ele tinha, na alma e no coração”.

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Em nota, a prefeitura de União da Vitória lamentou a morte de Orley, e destacou que o profissional fez história na radiodifusão local. “A Prefeitura de União da Vitória manifesta seu mais profundo pesar pelo falecimento de Orley Maltauro, ocorrido no dia 29. O radialista Orley Maltauro, fez história na radiodifusão regional e marcou época nas transmissões esportivas de nosso município. Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares e amigos, ratificando nosso voto de pesar pela grande perda e agradecimentos à dedicação e trabalho prestado ao Município”.

 

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