Vesti Meu Filho: Tânia Margaret Ruski dedica livro para seu filho Zeca

“Vejo você do nascer ao pôr-do-sol, no arco-íris, na noite enluarada, nas borboletas e nas gaivotas, no canto dos pássaros, na música, nas flores, nos sorrisos de felicidade; nos estouros do champanhe, nos fogos do réveillon, nas velas acesas… tudo isso e muito mais. Você foi detalhe num todo, muitas vezes difícil de ultrapassar, mas sempre participando com o melhor que podia nos brindar. Alegria nas dificuldades pelo seu jeito único de ser, com todas as limitações muito nos encantava; até recebeu o apelido de feliz!”.

Tânia Margaret Ruski é daquelas mães que protege o filho de peito aberto. Não existem barreiras, tampouco dor. Seu desejo mais profundo foi dar amor e mostrar ao mundo àquele que saiu do seu ventre.

Vesti Meu Filho Tânia Margaret Ruski dedica livro para seu filho Zeca

foto: arquivo pessoal

Natural de Porto União, a filha de Ruth e Benno Walter Malschitzky, é muito grata pela vida. Casada com o Hélio construíram uma família que lhes rende uma singela homenagem. Pais de duas filhas, a Maureen e a Patrícia, e de um menino, o Helinho (in memorian), também compartilham a doçura do viver com os seus cinco netos.

Tânia Margaret foi a escolhida para representar a infinidade de mães que oram pelo sorriso dos seus filhos. Se pudéssemos, não apenas neste dia 08 de maio, mas sim, no decorrer dos 365 dias do ano, lhes renderíamos homenagens.


Uma homenagem para Zeca

Em 2019, Tânia dedicou o livro “Vesti Meu Filho” em homenagem ao seu garoto chamado de Helinho, e carinhosamente apelidado de Zeca. Amparada por uma alta dose de dedicação e amor ela cuidou dele que foi diagnosticado com Paralisia Cerebral Severa. “Tânia Margaret, que ama flores e arte, coração-ternura, foi um anjo para o seu anjo, com a leveza e bondade dos anjos”, disse a amiga e professora Fahena Porto Horbatiuk, que participou da revisão do livro.

Vesti Meu Filho Tânia Margaret Ruski dedica livro para seu filho Zeca

A experiência materna de nia foi de 13.340 dias da amada existência de Zeca. “Foram dias intensos, nem sempre fáceis, mas pontuados de dedicação e amor para que ele pudesse ter qualidade de vida frente aos limites da paralisia cerebral. Confesso que foi uma experiência rica, com que pude exercitar a minha fé, sustentada num Deus em quem eu acredito. Pai e irmãs também demandaram muito afeto e coparticipação nos cuidados”, afirma.

De acordo com o também amigo de Tânia, o historiador Aluízio Witiuk, sua história merece ser contada, pela inspiração e coragem. Pedagoga, ela trabalhou com a Orientação Escolar e Alfabetização de crianças, jovens e adultos. Foi membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi) de União da Vitória. Em recente entrevista para Aluízio, durante o CBN Entrevista, disse que editou e lançou seu primeiro livro “Minha Janela” (crônicas de seu cotidiano) em 2011. Escreveu crônicas para os jornais O Comércio e Caiçara.


Paralisia Cerebral

A Paralisia Cerebral (PC), a deficiência mais comum na infância, é caracterizada por alterações neurológicas permanentes que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo, envolvendo o movimento e a postura do corpo. Essas alterações são secundárias a uma lesão do cérebro em desenvolvimento e podem ocorrer durante a gestação, no nascimento ou no período neonatal, causando limitações nas atividades cotidianas.

A PC foi diagnosticada quando Zeca tinha seis meses de idada. Foi então que a família deu início ao Tratamento Neuroevolutivo – Conceito Bobath na fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. “É uma abordagem de resolução de problemas que avalia e trata as deficiências e limitações funcionais de pacientes com disfunções neurológicas, primordialmente em crianças com Paralisia Cerebral e adultos, após Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) e Esclerose Múltipla (EM)”, explica a mãe.

O Bobath é um tratamento interdisciplinar totalmente dinâmico e funcional, baseado no desenvolvimento neuroevolutivo dos movimentos. Foi criado e desenvolvido no início dos anos 1940 pelo doutor Karel Bobath (Psiquiatra-Neurofisiologista) e Berta Busse Bobath (Fisioteapeuta). “Helinho foi também uma criança e um jovem saudável, pois teve uma alimentação de alta qualidade, tanto nas escolhas dos alimentos, quanto no seu preparo e na técnica da administração do alimento para uma criança com dificuldade de deglutição. Tenho certeza de que este livro vai ser de enorme valia para as famílias que têm uma criança com necessidades especiais, pois com a experiência que a Tânia foi acumulando no decorrer dos anos, ela passa dicas para aprimorar e facilitar o manuseio dessas crianças melhorando o seu bem-estar e a sua saúde”, acrescentou o pediatra da Clínica Infantil Santa Paula de Londrina (PR), José Carlos Schaefer.

O doutor José diz que o livro representa grande valor emocional. “Pois fui pediatra do Helinho desde o seu primeiro ano de vida, já apresentando as sequelas da paralisia cerebral. A dedicação de Tânia ao seu querido Helinho foi de 36 anos”, diz.

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Para cuidar de Zeca, Tânia conta que se utilizou do lema dos escoteiros nos seus esforços diários que diz Sempre Alerta. “As saudades serão eternas, não há um dia em que não me lembre do anjo que tivemos ao nosso lado por 36 anos. Quem conviveu sabe bem do que eu falo. Foi uma experiência de vida árdua, mas fantástica! Você voltou ao pai nas vésperas do Natal; devolvemos o nosso presente. Serei sempre grata por ter tido o maior e melhor presente de toda a minha vida […] poucos tem a oportunidade de ter um anjo ao seu lado por mais de 13.340 dias. Realmente, vesti meu filho!”


Serviço

A entrevista completa conduzida por Aluízio Witiuk você confere na página da CBN Vale do Iguaçu em www.vvale.com.br/cbnvaledoiguacu.

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